A arte na pré-história
POR Domingos de Souza Nogueira Neto*
Quando o homem era todo medo e fúria, há aproximadamente entre 100.000 e 6.000 mil anos atrás, a natureza era ameaçadora, com seus fenômenos climáticos e animais poderosos. Quando a garantia de perpetuação da linhagem se dava pela tomada das mulheres pelos machos mais fortes do bando, assim como a melhor parte da comida, a linguagem oral era incipiente, e a tradição dos hábitos da cultura se baseava na repetição de práticas do bando, não havia linguagem escrita. Os homens viviam em cavernas, ou formas geológicas assemelhadas, coletando ou caçando seus alimentos, e se mudavam quando a região se tornava pobre.
A urgência da necessidade da expressão, não só do registro de fatos do cotidiano, mas dos temores, desejos e métodos primitivos criou os modelos iniciais da arte. Pinturas rupestres em cavernas, com cenas de caça, celebrações ao nascimento e morte.
Fotos: reprodução internet
Os desenhos tinham tons básicos avermelhados, a partir do amarelo, castanho, preto, vermelho e branco, e eram feitos a partir da fricção e mistura de elementos vegetais e minerais, assim como pelo sopro de partículas sólidas através de canudos.
Existem teses importantes no sentido de que a representação de figuras de caça, rituais religiosos e circunstâncias da tribo, no sentido de que o simbólico (expresso em imagens) influiria na realidade, para enfraquecer a caça, atrair as graças da divindade, boas colheitas, etc..
As mais antigas pinturas rupestres conhecidas são as localizadas em Grotte Chauvet, na França. Os pigmentos usados nessas pinturas foram extraídos de óxidos minerais, ossos carbonizados, carvão vegetal e, possivelmente, sangue dos animais abatidos. No Brasil estão catalogados cerca de 800 sítios históricos com pinturas rupestres. Dentre os mais importantes podem-se destacar a região do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, de Lagoa Santa e Peruaçu, em Minas Gerais, da Pedra Pintada, no Pará e em Santa Catarina.
A trajetória da arte, assim iniciada, se tornou para mim o grande símbolo da aventura humana no mundo, a grande expressão da força desejante do homem, porque partindo da realidade, e de alguma magia, passou a expressar por séculos que viriam: a hiper realidade, a realidade, o figurativo, a surrealidade, o abstrato, o simbólico, o romântico, o clássico, o barroco, o rococó, o absurdo, o impressionismo, o expressionismo, o conceitual! tudo do que o homem sabe sobre si mesmo, mas - o principal - daquilo de que de si não sabe. A arte fala sobre o nosso silêncio.