Lição de amor ao próximo
Bons exemplos estão em todo lugar. E um deles pode ser encontrado bem pertinho, no bairro Citrolândia, em Betim. É o caso do administrador regional Antônio Anísio Izidoro, 54. Ele idealizou e hoje é coordenador do Projeto Assistencial Construindo o Amanhã (Pacoa), ação social que atende pessoas carentes, principalmente crianças, adolescentes e idosos da região.
Criado em 1986, o Construindo o Amanhã conta com o auxílio de 32 voluntários, que atuam nas mais diversas áreas. “Desde 1976, quando vim para Betim, trabalho em campanhas sociais e humanitárias. Posso citar como exemplo as do agasalho e de Natal. Comecei inspirado pelo padre João, famoso em Contagem, minha cidade natal, por seus projetos sociais ligados à Igreja Católica. Além disso, tenho o Betinho (Herbert de Souza) como inspirador. Ajudei por 15 anos a campanha do Brasil Sem Miséria, coordenando a doação e a entrega de cestas básicas aqui na região. Durante esse período, fui desenvolvendo o Construindo o Amanhã com o apoio da Igreja Católica, dos maçons e das associações espíritas”, conta Izidoro, como é mais conhecido no Citrolândia.
Tudo começou com um trabalho humanitário, baseado, principalmente, na arrecadação de alimentos para doações. Izidoro também oferecia serviços como o atendimento de geriatras a pacientes idosos. Ao longo do tempo, o filho dele, Daniel, começou a ajudá-lo. “Ele trouxe uma vertente mais social ao projeto, com trabalhos que incluíam a preparação de jovens para o mercado de trabalho, aulas de reforço, entre outros”, explica.
Contudo, apesar de tanta dedicação e solidariedade, Izidoro diz que já pensou em largar tudo. Isso porque, em 2003, Daniel sofreu um acidente de carro próximo a Curvelo e morreu. “Ele era uma pessoa muito especial, com uma visão incrível. Queria ajudar a tirar as crianças das ruas. Logo que recebi a notícia da morte dele, meu mundo desmoronou. Nada fazia mais sentido para mim. Pensei seriamente em largar tudo. Mas, depois eu parei, pensei e vi que meu filho gostaria que eu continuasse com esse legado. Não podia ficar a vida toda lamentando a morte dele. Agora, estou na luta”, declara.
Tragédia
Em 2008, com as fortes chuvas que atingiram o município, a sede do projeto teve sua estrutura abalada e acabou tendo de ser demolida. Na época, a entidade atendia cerca de 300 pessoas. “A casa onde funcionava o projeto era muito antiga e, depois das danificações causadas pelas chuvas, o responsável por ela pediu a sua demolição. Ele esperava conseguir dinheiro para reconstruí-la, mas não aconteceu. Pouco tempo depois, ele morreu. Desde então, estou na batalha para conseguir retomar a obra”, afirma.
Desde essa época, até a volta de Izidoro à regional – local onde ele atuou entre 2001 e 2008 –, a entidade funcionou apenas coletando os mais variados donativos para a população da região do Citrolândia, como cestas básicas e cadeiras de rodas. A grande maioria era realizada com a ajuda de grandes empresas privadas.
Uma das beneficiadas é a dona de casa Iliene Fernandes, 30. Para ela, receber as cestas básicas é muito importante e fundamental para a manutenção de sua casa. “Não tenho nenhum rendimento para sobreviver. A única ajuda que tenho para criar meus quatro filhos é o benefício do Bolsa Família (do Governo Federal) e essas cestas básicas.”
Nova sede
Para manter o projeto enquanto a nova sede, que está sendo construída na Colônia Santa Izabel, no Citrolândia, não fica pronta, Izidoro continua realizando um projeto social em um terreno anexo à regional. “Atuei aqui nos oito anos da gestão anterior do atual prefeito. Agora, graças a Deus, ele me trouxe de volta. Estamos fazendo essa estrutura bem simples na regional, com previsão de entrega de até 45 dias. Vamos realizar no local atividades com idosos, aferição de pressão, aulas comunitárias, entre outras. Depois que eu sair, o próximo administrador pode fazer melhorias no espaço”, pondera.
Hoje, Izidoro diz que a nova sede precisa da doação de materiais de construção. “Já procurei tudo quanto é auxílio. Até mandei e-mail para o ‘Programa do Gugu’, da Record, mas não obtive êxito. Precisamos de ajuda para mantermos esse trabalho social, que é fundamental para as pessoas aqui do Citrolândia. Meu objetivo é ampliá-lo, para serem realizadas aqui ações mais voltadas para questões artísticas e culturais.”
Serviço
Para quem quiser ajudar, o telefone de
contato de Izidoro é o (31) 3530-6344.