Novos passos, novos caminhos, um novo Brasil
POR Lucas Fortunato Carneiro*
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Criado em 20 de Setembro de 2013
Comportamento
E o que mais agride a reflexão é imaginar que muita gente ainda dizia: “Fiquemos tranquilos, isso não vai acontecer aqui, afinal, somos o país do carnaval, do futebol e das mulatas que sambam”. Não esperávamos, mas aconteceu. Como diz verso de Drummond que virou bordão: “E agora, José?”.
O DESEJO ARDENTE POR MUDANÇAS atingiu o coração do povo brasileiro nos últimos tempos. Mas o que será que despertou este “gigante” que dormia em berço esplendido? Foi o barulho da corrupção, ou o espinho na carne chamado pobreza? Complexa e profunda é a reflexão, porque nos atinge frontalmente e nos remete a um questionamento existencial. Não pense você, meu (minha) querido(a) leitor(a), que essa pergunta não passa pela sua mente, pois ouso afirmar que, sim, ela passa: “Qual o meu lugar neste mundo?”, ou melhor, “Qual o meu lugar nesta primavera?”.
Creio que a palavra-chave para a nossa reflexão seja a “vigilância”. Não podemos refletir seriamente se não vigiarmos (sempre no sentido de estar atento), constantemente, com olhos e ouvidos bem abertos e coração pronto para acolher o novo e tudo o que pode ser oferecido a nós, enquanto sociedade.
Como espectadores sem ação, assistimos os países do Oriente se digladiarem nas ruas. Mas qual a causa? Será uma utopia ou simples jogo político para, mais uma vez, o poder ser tomado por pessoas ainda mais sedentas de poder e de privilégios? E o que mais agride a reflexão é imaginar que muita gente ainda dizia: “Fiquemos tranquilos, isso não vai acontecer aqui, afinal, somos o país do carnaval, do futebol e das mulatas que sambam”.
Não esperávamos, mas aconteceu. Como diz verso de Drummond que virou bordão: “E agora, José?”. Idosos e crianças, jovens e adultos, todos na rua gritando, clamando por um país possível e mais justo, onde a transparência seja a palavra de ordem e o orgulho de liderar a pátria amada seja ação necessária e cotidiana.
Esperar é algo que não gostamos. Achamos monótono e enfadonho, afinal, quem não se aborrece em uma fila de banco ou na sala de espera de um consultório médico? No caso do Brasil e de tantos outros países, o esperar passou a ser combustível para os protestos. De tanto esperar, o povo se cansou e saiu do seu lugar na arquibancada, onde apenas recebia pão e circo .
Seria injustiça de minha parte englobar todos os brasileiros neste sentimento, pois se sabe que muitos não concordam e acham tudo isso uma “barbárie”, aliás, algumas mídias fazem questão de enfatizar esses manifestos como “gestos brutais e bárbaros”. Onde está o nosso tesouro e o nosso coração? Pergunto a você, leitor(a). Não sei qual será a sua resposta, mas busque sempre vigiar e meditar sobre essa pergunta, que é tão valiosa nos tempos de primavera em que vivemos.
Devemos valorizar este momento, buscar entender os motivos por que tanta gente tenha organizado uma mobilização tão grande e com tamanha força. E não precisa ser cientista político ou filósofo para pensar sobre esses assuntos. Basta ser humano o suficiente para poder perceber que o sofrimento não pode ser o nosso meio de transporte, a nossa forma de saúde, a nossa forma de governo e, muito menos, a nossa forma de viver.
Mortos, feridos, injustiças das quais jamais tomaremos conhecimento estão acontecendo por aí. E nós, o que podemos fazer? Creio que mudar o mundo só será possível se o meu sonho for possível, se ele for necessário, para que eu possa acordar, todos os dias, e dizer para minha própria consciência: “Sou capaz e vou mudar o que é meu”. Sonhar, todos nós podemos. Realizar esses sonhos, só aqueles que acreditam, de coração, conseguem.
Não podemos ter medo de nossa consciência, seja ela qual for. A libertação de todos os medos não é uma ideia, não é uma técnica, mas é uma pessoa, você. Mude, nem que seja seu quarto, sua casa, sua mesa de trabalho; e tenha certeza de que você vai conseguir enxergar coisas que desconhecia. A partir daí, você vai poder respirar fundo e gritar: “ Vem pra rua”.
*Educador, graduado em filosofia pela PUC-Minas, graduando em teologia e Pós-graduando em psicopedagogia pela Fumec - [email protected]