O retorno de um clássico
Ícone de uma geração, a mais nova versão do Fusca, da montadora Volkswagen, deixou para trás as linhas redondas e a delicadeza do New Beetle e ganhou a simpatia dos brasileiros em seu estilo mais esportivo
Leonan Martins
Quando eu era criança, certa vez, minha mãe me disse: “Filho, quando você crescer, vou te dar um Fusca de presente”. Acho que agora, com meus 32 anos, chegou a hora de cobrá-la dessa promessa. É que o pequeno, mas imponente Fusca, aquele mesmo, eternizado pela dupla Atílio Versutti e Jeca Mineira, na canção “Fuscão Preto”, e conhecido mundialmente pelo filme norte-americano “Se Meu Fusca Falasse”, de 1998, está de volta. Só que, desta vez, a terceira geração do clássico ganhou nova roupagem.
Desde a sua criação, na Alemanha, em 1938, à sua vinda para o Brasil, em 1959, nunca se ouviu falar de um carro com tamanha influência automotiva, cultural e comportamental. Quem nunca teve um tio ou um avô apaixonado por ele ou, na adolescência, aguardou ansioso completar seus 18 anos para poder dirigir um? De tão amado pelos brasileiros, em 1993, o carro voltou a ser fabricado no país, após decreto do ex-presidente Itamar Franco.
No setor automobilístico, a influência é ainda maior. Poucas pessoas sabem, mas o protótipo do antigo Fusca foi projetado pela Porsche, dando origem ao nome da montadora Volkswagen, que, em alemão, significa carro popular. Se você reparar bem, a estética de muitos automóveis, até hoje, tem a mesma forma arredondada inspirada no Fusca.
Para elaborar essa nova roupagem, os designers da Volkswagen precisavam partir de um ícone que, em termos de suas formas exclusivas, só é comparável, entre os carros alemães, ao Porsche 911. Eles queriam desenvolver um melhor perfil do Fusca original, do que haviam feito com o New Beetle, em 1998.
Foi pensando nisso que foi criado, em Wolfsburg, cidade onde está instalada a sede da Volkswagen no mundo, o design final do novo Fusca – um carro atual, mas que, ao mesmo tempo, faz referência ao antigo modelo. “O Novo Fusca se caracteriza, agora, por uma esportividade limpa, autoconfiante e dominadora. O carro não apenas tem um perfil mais baixo, também é substancialmente mais largo. O capô dianteiro é mais longo e o para-brisa foi mais para trás. Tudo isso cria um novo dinamismo”, explica o chefe de design da marca Volkswagen, Klaus Bischoff.
Enquanto o modelo New Beetle era definido por três semicírculos – dianteiro, traseiro e um teto arredondado sobre o centro –, o novo Fusca libertou-se dessa geometria. O perfil do teto é claramente mais baixo e pode ser considerado uma continuação do conceito Ragster, que é mais ousado, dinâmico e robusto.
O novo carro tem proporções totalmente novas, com 1.808 mm de largura (mais 84 mm), 1.486 mm de altura (12 mm menor) e 4.278 mm de comprimento (mais 152 mm). O aumento no comprimento permitiu que o teto fosse mais estendido, o para-brisa fosse deslocado para trás e a seção dianteira pudesse seguir o contorno do Fusca original. Outro ponto-chave é a coluna C, que aumentou as bitolas e a distância entre-eixos do carro. Tudo isso dá ao novo Fusca uma aparência de força e tensão muscular.
Todas as típicas características do antigo estilo do Fusca foram preservadas, como os para-lamas salientes, o design limpo das lanternas traseiras, a forma do capô, as soleiras laterais e das portas e, mais do que nunca, sua capacidade de receber rodas grandes (até 18 polegadas).
O veículo também oferece ótima funcionalidade. As duas portas abrem amplamente e não são muito longas, facilitando a entrada e saída do carro, mesmo em estacionamentos apertados. Naturalmente, o Fusca é o único Volkswagen atual com faróis redondos.
Novidades
Um item novo é o defletor traseiro, que se integra harmoniosamente ao design. Ele ajuda o modelo da Volkswagen, que atinge 223 km/h, a manter contato com a estrada.
Faróis bixenônio opcionais estão disponíveis pela primeira vez. Lâmpadas de descarga sem mercúrio, com 25 Watts, foram usadas no módulo projetor. A opção por faróis bixenônio inclui luzes diurnas, cada uma com 15 LEDs, posicionadas ao longo da borda externa do farol.
Outro diferencial são os arcos das portas, ou melhor, a ausência deles. No novo modelo, os vidros das portas se conectam diretamente ao teto do veículo, dando uma aparência mais limpa ao visual.
Onde o Fusca original tinha o motor, agora, fica a tampa do porta-malas. Ele se ergue juntamente com o vidro traseiro quando aberta. À direita e à esquerda da tampa traseira ficam as lanternas. Como em todos os modelos da Volkswagen, elas têm um visual noturno inconfundível, em forma de “C”. E, assim como no Fusca e no New Beetle, suas formas básicas se integram ao design dos para-lamas salientes. As lanternas têm tom vermelho escuro, exceto por duas pequenas áreas brancas, do indicador de direção e luz de ré.
No Fusca, as rodas de liga-leve “Spin” têm 17 polegadas e cinco raios diferenciados. Essa roda é exclusiva do Fusca, que ainda pode ser equipado com as rodas Twister.
O controle de estabilização eletrônica (ESC) do Novo Fusca é de série, assim como um eficiente conjunto de airbags frontais e laterais, que protege os passageiros.
Preço
O carro está bem mais salgado que as versões anteriores, sendo comercializado no Brasil por R$ 77.600 (R$ 92.980 com todos os itens opcionais) e, na versão com câmbio automático, por R$ 82.990 (R$ 105 mil com todos os itens opcionais)