Resgate da fauna silvestre
Bem Viver
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Criado em 20 de Setembro de 2013
Bom Exemplo
Mantenedor de Fauna Bem Viver abriga mais de 170 animais silvestres e é o mais novo lar de um filhote de onça-pintada
Ana Flávia Belloni
Lobo-guará, onça-parda e arara-piranga são alguns dos ilustres moradores do Mantenedor de Fauna Bem Viver. Dirigido pelo veterinário Felipe Coutinho Batista Esteves, o sítio abriga, atualmente, mais de 170 animais da fauna silvestre, muitos deles vítimas da crueldade do ser humano.
Cerca de 166 aves e quatro mamíferos habitam os viveiros e os recintos construídos com recursos do próprio Esteves, no sítio da sua família, localizado no bairro Charneca, em Betim. O espaço é disponibilizado por ele para a recuperação da fauna silvestre.
Os animais encaminhados ao sítio pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), pelo Centro de Triagem de Animas Silvestres (Cetas), ou pelo Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) chegam mutilados, estressados ou, simplesmente, sem a capacidade de conviver com a mesma espécie e, dessa forma, serem reintegrados à natureza.
É no Bem Viver que eles recebem alimentação adequada, carinho e, principalmente, muito respeito. Com um cardápio cuidadosamente elaborado pelo próprio veterinário, as aves têm as suas necessidades atendidas, inclusive, as que demandam um cuidado específico, como aquelas que sofrem de obesidade. Já os mamíferos recebem uma alimentação suplementada.
O veterinário Felipe Coutinho Batista Esteves é quem cuida do Mantenedor de Fauna Bem Viver
Morador ilustre
No dia 15 de agosto, o sítio recebeu seu mais novo morador: um filhote de onça-pintada que perdeu a mãe e não sobreviveria sem a intervenção desses protetores. Carinhosamente batizado de “Adonis”, ele já era aguardado havia dois meses, quando o veterinário concluiu a construção do recinto e entrou em contato com o Ibama, a fim de disponibilizar o local para recebê-lo.
Agora, já devidamente instalada, a onça-pintada, que veio de Manaus, no Estado do Amazonas, e tem apenas 4 meses, está se adaptando à nova casa e recebendo alimentação adequada. Segundo Esteves, o animal consome, em média, 1 kg de carne de boi ou de frango por dia.
A ideia de criar um local para abrigar animais silvestres vítimas de contrabando, maus-tratos e tratamento inadequado é antiga e foi colocada em prática em 2007, quando o veterinário deu início ao projeto e posterior construção dos viveiros e dos recintos, mediante a aprovação do Ibama, em 2010. “Sou um admirador da fauna brasileira desde os 13 anos, quando visitava viveiros com frequência. O meu principal propósito sempre foi o de abrigar animais que não têm destinação, ou seja, aqueles que têm algum tipo de deficiência, ou mutilação, muitas vezes, recusados por outros cuidadores”, salienta Esteves.
O veterinário sempre busca uma rotatividade de espécies e melhor aproveitamento do tempo em que os animais permanecem no sítio. Por isso, procura incluir as aves em projetos de soltura, assim que são consideradas aptas a retornar à natureza, além de disponibilizar os animais para o desenvolvimento de pesquisas com objetivos conservacionistas.
Ajuda
O projeto desenvolvido por Esteves é uma iniciativa particular, e os gastos com os animais e a manutenção do espaço são custeados por ele. Com o objetivo de obter patrocínio, o veterinário está na fase de criação de uma organização não governamental (ONG), mas, enquanto esse novo projeto não é concluído, os interessados podem colaborar se inscrevendo no programa “Adote um Animal”, pelo site www.mantenedorbemviver.com.br.
A quantia investida pelos “padrinhos” será revertida para a manutenção das instalações e para a qualidade de vida do seu “afilhado”. É importante ressaltar que o colaborador poderá agendar visitas para conhecer o animal apadrinhado e acompanhar a rotina do local.
Fotos: Deivisson Fernandes
Incentivo à pesquisa
Todos os animais do Mantenedor de Fauna Bem Viver são disponibilizados para estudos com objetivos conservacionistas, por isso, a visita de estudantes envolvidos em pesquisas na área é frequente. Esse é o caso de Mirella Lauria D’Elia, Elisa Codeiro Praes e Luisa Orsine Marques, alunas de graduação do curso de veterinária, e Paula Cristina Senra Lima, estudante de graduação do curso de biologia.
Coordenadas pelos professores Pedro Lithg e Danielle Ferreira de Magalhaes Soares, as alunas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolvem, em parceria com o Bem Viver, o projeto “Situação Sanitária de Canídeos e Felídeos Brasileiros Provenientes das Cinco Regiões do Brasil”. A pesquisa consiste no estudo da saúde e das condições físicas que os animais têm adquirido no meio externo, assim como o impacto causado pelo homem à natureza e o que essa postura ocasiona aos animais. “Pelo fato de os mamíferos recebidos pelo sítio possuírem um histórico de vida na natureza, é possível usá-los para as pesquisas, sem que seja necessário sedar e colher material de animais em seu hábitat”, explica Mirella.
Denuncie
Maus-tratos contra animais e comércio ilegal de espécies da fauna silvestre é crime. Para denunciar, basta entrar em contato com a Polícia Militar de Meio Ambiente de Betim, pelo telefone (31) 3532.1748