Um futuro que depende de todos nós

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Criado em 24 de Julho de 2012 Capa
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A responsabilidade pela preservação dos recursos do planeta não é apenas das autoridades, mas de toda a   sociedade. Resta saber se estamos dispostos a abrir mão do nosso tempo e do nosso dinheiro para evitar uma catástrofe ambiental. E você? Está fazendo a sua parte?

A necessidade de se fazer algo urgente para a preservação dos recursos naturais do planeta, a fim de que, no futuro, as atividades econômicas e a própria existência dos seres humanos não fiquem comprometidas, é conhecida por todos nós. Resta saber, agora, se, mesmo com tecnologia suficiente para evitar uma catástrofe ambiental, estamos dispostos a pagar essa conta.

O fim da Rio+20, apelidada por muitos ambientalistas de “Rio Menos 20”, sinalizou que não. Organizações Não Governamentais (ONGs) de todo o mundo presentes ao encontro classificaram como “fracasso colossal” o documento final proposto pela Rio+20. Segundo afirmou Kumi Naidoo, do Greenpeace Internacional, o texto é “abstrato e não corresponde à realidade”. “O que vemos aqui não é o mundo que queremos, é um mundo que as corporações poluidoras e aqueles que destroem o meio ambiente dominam”, ressaltou o ambientalista. 
 
O texto final, segundo as ONGs, revive problemas da conferência Rio 92, que, na época, mostrava uma extensa lista de promessas para avançar a uma “economia verde”. Dentre elas estavam a diminuição da degradação do meio ambiente, o combate à pobreza e a redução das desigualdades sociais. Assim como o da Rio 92, o documento da Rio+20 não mostra de onde sairão os recursos para realizar tais mudanças.
 
Diante do fiasco da conferência, é preciso que a sociedade civil faça a sua parte, cobrando das autoridades locais ações efetivas e investimentos na busca de uma economia mais verde, que garanta aos seres humanos a certeza de um amanhã. 
   
      Destino correto
 
Por isso, algumas alternativas de menor impacto ambiental, além de darem retorno financeiro imediato, são soluções simples para a administração do problema da destinação dos resíduos gerados diariamente nas cidades. É o caso da coleta seletiva de lixo.
 
Para se ter uma ideia, na região metropolitana de Belo Horizonte e nas cidades do entorno, a destinação inadequada dos resíduos sólidos urbanos ainda é uma realidade em cerca de 60% dos municípios.
 
Em 28 deles, o lixo é despejado de forma incorreta em aterros sem controle sanitário ou em lixões, o que contamina os lençóis freáticos e o solo.
 
Por meio da coleta seletiva, é possível diminuir a quantidade de lixo enviada para aterros sanitários, desenvolver as indústrias de reciclagem, diminuir a extração de recursos naturais, reduzir o consumo de energia e a poluição, além de contribuir para a limpeza da cidade e a geração de empregos.
 
Em Betim, desde 2003, a prefeitura, através da Secretaria de Meio Ambiente, implantou o programa Coleta Seletiva Secos e Úmidos, que, além de tornar o município mais limpo e organizado, ajuda a construir a conscientização ambiental dos moradores, de empresários, comerciantes e geradores de resíduos. Todos os meses, Betim produz cerca de 250 toneladas de lixo. O objetivo da coleta seletiva é diminuir o volume de resíduos, aumentar a vida útil dos aterros sanitários e possibilitar o uso racional dos materiais por meio da reciclagem. 
 
A destinação do lixo na cidade também gera renda para algumas famílias de Betim, já que os resíduos secos são destinados aos catadores de papel, que fazem sua triagem e venda por meio da Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Materiais Reaproveitáveis de Betim (Ascapel). Por dia, 120 toneladas de materiais diversos são coletadas e enviadas para a associação. De acordo com o coordenador da Ascapel, Ronaldo Vieira, hoje, 34 pessoas trabalham no local. “Dois caminhões da prefeitura realizam a coleta de lixo porta a porta e em indústrias da cidade. Quando os resíduos chegam aqui, os catadores separam os papéis, os plásticos e o papelão, dentre outros, e, depois, prensam o material, que é vendido nas indústrias. O dinheiro adquirido é dividido entre as famílias que trabalham na associação”, explica.
 
Para Ronaldo, a coleta seletiva na cidade é ínfima. “Recebemos menos de 2% do que é produzido em Betim. Acredito que falta mais conscientização da população. As pessoas precisam saber da importância de separar o lixo. Com isso, o meio ambiente, os catadores, a prefeitura e a população saem ganhando. Para se ter uma ideia, só metade do lixo é reaproveitada em cada caminhão que realiza a coleta seletiva. O índice de rejeitos (material que não pode ser reaproveitado, como papel higiênico e fraldas descartáveis) é enorme. Precisamos da adesão da comunidade para realizar corretamente a separação dos lixos seco e úmido”, salienta. 
 
Já em Igarapé, 25 toneladas de lixo domiciliar são coletadas por dia. “Além de uma equipe com três caminhões realizando a coleta durante a semana, contamos também com os ecopontos, locais de entrega voluntaria do lixo, e as unidades de recebimento de pequenos volumes, que coletam entulho da construção civil, restos de poda e capina, além de móveis e eletrodomésticos. A coleta é feita em parceria com a Associação dos Catadores Parceiros do Meio Ambiente de Igarapé (Apaig). Ela oferece, em média, 15 postos de trabalho, com renda mensal de cerce de R$ 600”, explicou o secretário de Meio Ambiente da cidade, Cléber Lúcio da Silva.
 
     São Joaquim de Bicas
 
O município vizinho São Joaquim de Bicas também realiza a coleta seletiva. De acordo com a secretária de Meio Ambiente da cidade, Sandra Cristina de Almeida Fioravante, atualmente, a coleta é realizada na área Central, mas já existem projetos para ampliá-la para outros bairros. “A orientação à população é feita com educação ambiental porta a porta e nas escolas. Temos ainda a presença de mascotes. Elas acompanham e convidam a comunidade a separar o lixo de forma correta”. 
 
De acordo com Sandra, o projeto pioneiro voltado para o meio ambiente na cidade é a Usina de Triagem e Compostagem de Lixo, considerada a maior iniciativa mantida por uma prefeitura no Estado. Inaugurada em 2001, ela seleciona uma média diária de 14,5 toneladas de lixo, sendo cinco de resíduo seco, quatro de lixo úmido e 5,5 de rejeitos. “Recentemente, após um intercâmbio com uma equipe japonesa, que visitou nossa unidade de tratamento e identificou, no nosso modelo, semelhanças com o japonês, surgiu a proposta para que dois funcionários nossos fossem ao Japão participar de um curso por 15 dias. O intercâmbio foi uma oportunidade única de trazer modelos de eficiência no cuidado com o lixo e de divulgar São Joaquim de Bicas para o mundo”, declara. 
 
E as ações em Betim e Bicas não param por aí. Dentro da usina de triagem de Bicas, por exemplo, funciona ainda um viveiro de mudas, com cerca de 10 mil espécies, que são oferecidas à população e usadas para arborização urbana do município. “Iniciaremos, em breve, o Plano de Arborização Urbana. A equipe de educação ambiental cadastrou moradores, e nossa equipe externa fará o plantio de mudas apropriadas nos passeios”. 
 
    Fim das sacolas plásticas 
 
Outra forma simples de ajudar a preservar o meio ambiente é extinguindo as úteis, mas nada ecológicas sacolinhas plásticas. Nos estabelecimento de Betim, elas estão com os dias contados. Uma lei aprovada em 2009 prevê a substituição delas por embalagens biodegradáveis. A aplicação ainda é facultativa, mas, a partir do ano que vem, será obrigatória. Para a estudante de engenharia ambiental Amanda Santana Carvalho, iniciativas para deixar o mundo mais limpo, e a natureza, saudável deveriam partir de todos os consumidores, sem precisar esperar por leis. “Depois que me informei sobre a destinação das sacolas plásticas e o impacto que elas causam no meio ambiente, desde a poluição visual até a morte de animais, ando com minha ecobag na bolsa. É tão bom saber que ela foi baratinha e pode ajudar muito. As pessoas acham que colocam o lixo nas sacolas, levam para a lixeira de rua e, de lá, como em um passe de mágica, elas desaparecem. infelizmente, é preciso criar leis para que o brasileiro pense no meio ambiente”.
 
    Aterros sanitários
 
Outras iniciativas oferecem um retorno mais a longo prazo. Um exemplo são os aterros sanitários, que, por definição da Associação Brasileiras de Normas Técnicas (ABNT), empregam o método de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo sem causar danos ou riscos à saúde pública. Através da canalização do gás metano e da queima dele em geradores especiais, é possível não só beneficiar o meio ambiente como também obter um retorno financeiro com a venda de energia elétrica.
 
Betim foi o primeiro município de Minas Gerais a ter um aterro licenciado,em 1996. “O aterro utiliza os princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos num menor volume permitido,cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou em intervalos menores se necessário. Os gases gerados pela disposição nos aterros são queimados no local”, explica o secretário adjunto de Meio Ambiente de Betim, Jomar Carvalho Amaral.
 
Funcionário da Divisão de Desenvolvimento e Educação Ambiental de Betim, Alan Jackson Cabral complementa que um novo aterro está sendo projetado. “Enquanto isso, os resíduos têm sido dispostos no aterro da empresa Essencis. Um consórcio de cooperação mútua foi firmado entre os municípios de Betim, Brumadinho, Ibirité, Igarapé, Itatiaiuçu, Juatuba, Mário Campos, Mateus Leme, Sarzedo e São Joaquim de Bicas para a utilização do novo aterro. A projeção é que sejam coletadas 425 toneladas de resíduos por dia no local”, afirma. 
 
    Esgoto tratado
 
Para tentar amenizar os impactos da poluição do rio Betim, desde 2001 o município conta com as Estações de Tratamento e Esgoto (ETEs). A maior de Betim, construída em parceria com a Copasa, já está funcionando. A unidade recebe o esgoto das casas das regiões Central, Norte, Alterosas, Imbiruçu e Teresópolis e trata os resíduos antes de devolver a água ao rio Betim.
 
“Isso representa o tratamento do esgoto domiciliar do equivalente a 80% da população. A ETE poderá receber até 500 litros de esgoto por segundo e terá capacidade de eliminar as impurezas da água antes que ela seja despejada no rio Betim. Cerca de 2,7 quilômetros de interceptores estão sendo implantados às margens do rio, ao longo da avenida Edmeia Matos Lazzarotti, para levar o esgoto até a ETE Central. Com isso, o esgoto deixa de ser jogado nos cursos d’água, o que favorece a preservação do meio ambiente, com a expansão da região nas condições adequadas de saneamento, a redução da disseminação de doenças e o resgate da vida aos córregos e aos rios, além do fim do mau cheiro”, explicou o secretário de Meio Ambiente, Jomar Amaral.
 
Já a ETE Bandeirinhas tem capacidade para tratar o esgoto de, aproximadamente, 4.000 mil pessoas da região.

 




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