Um gaúcho de coração mineiro

ENTREVISTA l AMBRÓSIO FRANCISCO VIGANÓ

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Criado em 13 de Fevereiro de 2015 Conversa Refinada

Fotos: Hilário José

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Proprietário do Grupo Viganó, o empresário Ambrósio Francisco Viganó saiu de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, nos anos de 1970 para tentar a vida no Sudeste do Brasil, e foi em Betim que ele deu o pontapé na sua trajetória de sucesso em Minas Gerais, construída com muito trabalho e dedicação nas últimas décadas. Avesso a entrevistas, ele abriu exceção para a reportagem da Mais e contou, com muito bom humor, um pouco sobre sua história de vida

Luna Normand

REVISTA MAIS - Seu nome é Ambrósio, mas o senhor é mais conhecido como Pitty. De onde vem o apelido?

AMBRÓSIO VIGANÓ - Minha mãe me cha­mava de Piccolo, que é “pequeno” em ita­liano. Por isso, ficou Pitty.

Qual a sua idade?

Eu não faço anos faz muito tempo. Já fiz muito, mas parei nos 51, número da boa e velha cachaça (risos).

O senhor é empresário. Tem alguma for­mação?

Tenho o segundo grau completo. A vida me ensinou muito, mas não tenho formação superior.

Conte-nos um pouco sobre o início de sua trajetória profissional.

Fui jornaleiro, engraxate, servente de pedreiro, camelô, vendi bilhetes de lo­teria. Em 1964, comprei uma banca de revista. Em 1969, eu tinha sete bancas. Na época, eu namorava uma menina muita rica de Caxias do Sul, e, sempre que os pais dela iam comprar revista na banca, eu pensava: ‘nunca que o pai dela vai me deixar casar com ela’. Foi aí que eu decidi ir embora de lá e buscar novos horizontes.

Como entrou para o ramo de churrasca­rias?

Meu irmão tinha uma churrascaria em Guarulhos (SP). Como estava dando cer­to, resolvi ficar alguns meses lá acompa­nhando o funcionamento do negócio. Foi quando apareceu um corretor, que me levou a Três Rios (RJ), e acabei compran­do uma churrascaria na cidade. No início, servi muito churrasco. Até hoje, às vezes, eu faço isso.

Qual a sua relação com Betim?

Cheguei a Betim em 1970 e abri a churrascaria Gauchão, em frente à Fiat. Ela funcionou de 1970 a 1974. Em 75, comprei o Carretão, em Contagem. Be­tim foi onde me consolidei. Digo que não escolhi Betim, foi o vento que me levou para a cidade, de onde guardo ótimas lembranças.

Onde mora atualmente?

Em Belo Horizonte.

Como foi sua juventude? Há alguma his­tória inesquecível dessa fase?

Gostava muito de uma bagunça. Tenho várias histórias inesquecíveis da minha ju­ventude, mas elas são proibidas de contar, porque o povo pode não entender (risos).

Na época em que morou em Betim, o se­nhor gostava de disputar corrida na ave­nida Amazonas, na região Central, sem roupa. Isso é verdade?

Sim, mas isso já faz 40 anos. Quase me prenderam porque a polícia me parou, e eu estava sem documentos. Não tinha bolso para guardar (risos).

Qual seu estado civil?

Solteiro, mas doido para casar nova­mente e ter mais filhos (risos).

O senhor tem quantos filhos?

Tenho sete filhos. Marcos (34 anos), Alessandra (34), Natália (29), Luca (28), Maria Luiza (25), Jéssica (25) e Gabriela (24). Três meninas de um casamento, e os outros, fora do casamento.O senhor conheceu o seu sétimo filho, o Marcos, recentemen­te.

Como foi saber que tinha mais um filho, o único homem?

Foi maravilhoso. A minha filha que mora em Betim, a Ales­sandra, estudou com ele e sempre me dizia que tinha um me­nino na sala dela que era muito parecido comigo e que podia ser meu filho. Eu falava que não, porque, se fosse, já teriam me cobrado pensão. Então, achava que era coisa da cabeça dela. Mas, um dia, ele me procurou para fazer DNA, eu topei, e deu certo. A nossa relação hoje é excelente.

Algum deles está seguindo os passos do pai?

O Marcos tem jeito para os negócios. Tenho outra filha que tem esse lado empreendedor também; ela acabou de se for­mar e está indo para os Estados Unidos se especializar.

Qual a importância da família na sua vida?

Ela é tudo para mim. Tenho uma família grande, com a qual tenho uma ótima relação. Somos todos muito unidos.

O que o senhor gosta de fazer para se divertir?

Já fui muito baladeiro, mas a idade vai chegando… Hoje, gosto muito de ir para minha fazenda, andar a cavalo, além de viajar, sobretudo para os Estados Unidos, em Aspen, para esquiar. Fui há pouco para a Europa. Gosto de namorar muito também (risos).

Qual a sua religião?

Católico. Todos os domingos, vou à igreja. Deus é tudo para mim.

E seu maior medo?

Morrer. Na verdade, o medo é de ficar doente, porque a gen­te sabe que vai morrer. Mas espero que seja sem sofrimento.

Qual a sua maior saudade?

Do meu pai, da minha mãe e dos meus três irmãos que já fa­leceram. Éramos sete irmãos, quatro homens e três mulheres. Sou o caçula dos homens.

Quando o senhor olha para trás e vê tudo o que construiu até hoje, o que lhe vem à mente?

Muita luta. Olha, foi tudo uma luta. Passei por muitas difi­culdades, foi muito trabalhoso, mas gratificante. Não me arre­pendo de nada, pois tenho mais do que pedi.

Algum sonho ainda para realizar?

Casar e ter mais filhos (risos).

Gosta de criança?

Demais da conta. O Marquinhos, meu filho, tem um meni­no de 2 anos, o Davi. É bom demais. Tenho muita paciência com criança.

E os planos para o futuro?

Amar e amar muito. 




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