A arte como terapia

Conheça o trabalho da artista plástica de Betim Luciana Vogel, que desenvolve pintura e mandalas. Seu maior objetivo? Fazer da arte um recurso de transformação

Criado em 15 de Março de 2017 Cultura
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Amor pela arte e desejo de fazer dela um instrumento de mudança na vida das pessoas. Assim se pode caracterizar a carreira da artista plástica Luciana Vogel, de 55 anos. Natural de Petrópolis, no Rio de Janeiro, mas moradora de Betim há 32 anos, ela já expôs suas pinturas até fora do país e, atualmente, trabalha na produção de mandalas mexicanas, feitas com linha ou lã.

O amor pela arte sempre existiu, mas os primeiros passos na carreira ocorreram há cerca de 20 anos, quando Luciana se formou em artes plásticas pela Escola Guignard, na Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Lá, ela desenvolveu a pintura acrílica sobre tela, com a qual já lidava, e, pouco tempo depois, passou a expor suas obras. A primeira exposição que realizou foi em Betim, na Casa da Cultura Josephina Bento. “Foi uma boa experiência. O artista tem que mostrar seu trabalho e não deixar guardado”, comenta.

Anos mais tarde, os quadros produzidos por ela foram expostos em Petrópolis, no Rio de Janeiro, e em Belo Horizonte. O ponto alto foi quando Vogel teve a oportunidade de expor em galerias de Nova York, nos Estados Unidos, e de Florença, na Itália. “Enviei algumas fotos de meu trabalho para esses locais. Eles gostaram e me convidaram para expor”, conta. A que mais a marcou Vogel foi na cidade italiana. “A Itália é o berço da arte, e poder mostrar lá o que eu faço foi uma grande realização”, diz.

Vogel carrega como inspirações uma lista de artistas, como os do período renascentista, que marcaram e ainda marcam gerações. Na atualidade, ela cita a artista plástica carioca Beatriz Milhazes. “Ela tem um trabalho muito lindo”, resume.

 Arteterapia

Luciana também é psicóloga por formação e, por meio da psicologia, vê a arte sob a perspectiva da transformação. Ela já desenvolveu trabalhos voluntários de pintura e de oficinas de mandalas em Centros de Atendimento Psicossocial Álcool e Outras Drogas (Caps-AD) para dependentes químicos, além de atividades artísticas para idosos e crianças. “Foi um trabalho que me marcou muito. Lembro que os idosos, por exemplo, me cobravam quando eu faltava ou me atrasava”, recorda-se.

Para ela, a arte pode funcionar com uma terapia e gerar efeitos positivos. Um dos exemplos que a artista cita é o da psiquiatra Nise da Silveira, que usou a pintura para tratar problemas graves de saúde mental e expôs os quadros de seus pacientes. “A arte é uma forma de a pessoa externar o que se sente. Por meio da arte, ela libera o que está preso, mesmo sem querer. Talvez por palavras, por exemplo, essa pessoa não conseguiria se expressar”, salienta.

Atualmente, Vogel faz o curso de constelação familiar, terapia desenvolvida pelo alemão Bert Hellinger que objetiva trabalhar as dificuldades existentes nos sistemas familiares. No futuro, Luciana pretende atuar em alguma Organização Não Governamental (ONG), ministrando oficinas artísticas e repassando o conhecimento adquirido ao longo das últimas duas décadas. Para isso, a artista afirma serem necessários um maior investimento por parte do poder público e o entendimento dos governantes de que a arte pode trazer impactos positivos para a sociedade em longo prazo. “É meu maior sonho contribuir com a vida das pessoas e mostrar para elas uma alternativa de terapia, que não seja somente a dos consultórios. Expor meus quadros e meu trabalho é ótimo, mas, com o tempo, isso fica vazio. Quero deixar um legado e ajudar a transformar vidas”, destaca.




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