A arte de interpretar
Com 21 anos de carreira, o ator e diretor Fernando Veríssimo é um dos artistas mais respeitados nas artes cênicas de Minas Gerais
José Augusto
Quando criança, Fernando Veríssimo sonhava em trabalhar na televisão. Era algo que o fascinava. Certa vez, uma professora o levou ao teatro para ver um espetáculo. Naquele momento ele pensou: “Vou trabalhar nos palcos”. Dito e feito. Hoje, com 21 anos de carreira, o artista, que mora em Betim desde os 5 anos, é um dos atores e diretores de teatro mais respeitados do Estado. Ele começou a atuar no início da década de 1990. “Depois que eu conheci o teatro, comecei a fazer cursos e estreei nos palcos com a peça ‘As Aparências Não Enganam’, em 1992”, recorda.
Desde então, Veríssimo não parou mais. Já são mais de 30 espetáculos como ator e 10 como diretor, sendo a maioria interpretações em comédias. “É um gênero com o qual me identifiquei bastante e que me tornou conhecido na classe artística”, afirma.
Com toda essa bagagem, ele já foi indicado sete vezes ao prêmio do Sindicato dos Produtores de Artes Cênicas de Minas Gerais (Sinparc/MG) e, em 2008, foi eleito o melhor ator coadjuvante pela atuação na peça “Anatomia Humana Segundo Vico e Campanella”, em que viveu o personagem Vico.
O espetáculo é um drama. Narra a história de dois filósofos, com conceitos diferentes de vida, e que, de repente, encontram na biblioteca um homem desmemoriado. Cada filósofo tenta convencer esse homem a seguir a sua filosofia. “Foi um momento muito importante, porque, apesar de eu atuar muito em comédia, meu primeiro prêmio veio a partir de um trabalho mais dramático”, pondera.
E, com toda essa experiência, Veríssimo tem muitos casos curiosos para contar. “Já vivi dois personagens em uma peça. Então, tinha de trocar de figurino rapidamente para voltar ao palco. Uma vez, saí de cena, fui para o camarim mudar de roupa e deveria retornar interpretando um galo, mas, na correria, esqueci-me de colocar a crista. Foi ridículo. Quando percebi, o público todo estava rindo”, lembra.
Prêmio
Apesar de ter a comédia “na veia”, o artista já demostrava, antes de receber o prêmio, a versatilidade de seu talento. Em 1997, atuou em “Blue Jeans”, um drama que abordava no enredo a prostituição masculina. O espetáculo rendeu-lhe a indicação ao prêmio de ator revelação do Sinparc/MG. “Foi um trabalho que gerou muita polêmica. Algumas senhoras mais conservadoras queriam retirar os cartazes das ruas e da porta do teatro por causa da temática. Mas foi um momento especial, porque, ali, as pessoas conheceram outra faceta da minha atuação, fora da comédia.”
Antes de atuar, explica Veríssimo, há todo um processo de construção e troca de ideias para que o espetáculo saia de maneira perfeita. “Eu sou muito intuitivo. Interpretar é dar vida a um ser humano. Por isso, precisa-se encontrar o jeito certo de falar, de vestir e até mesmo de movimentar o corpo e achar o tom ideal de voz. Pode acontecer de a gente criar o personagem e, na hora de colocar em prática, mudar alguma coisa. É preciso levar em conta uma série de fatores”, salienta.
Ele explica que, quando dirige uma peça, se preocupa, primeiramente, com o trabalho do ator. “Não adianta ter um cenário perfeito, iluminação excepcional e o ator não conseguir passar história da peça para o público.”
Projetos
Entre os projetos dos quais o Veríssimo participou, um ocorreu, em 2003, na Transbetim – órgão responsável pelo trânsito de Betim. No local, Veríssimo dirigiu o projeto Circuito Itinerante de Educação para o Trânsito (Ceat). Ele trabalhava com atores que se apresentavam nas ruas e nas escolas da cidade. O objetivo era buscar melhorias no trânsito do município.
Ele também conseguiu realizar um sonho de infância, ao participar, em 2010, de cinco capítulos da novela “Tititi”, da TV Globo. Na primeira fase do folhetim, filmado em Belo Horizonte, ele atuou ao lado de alguns dos principais personagens, como Marcela (Ísis Valverde) e Julinho (André Arteche). “Foi um momento especial viver o cabeleireiro Raí. Aprendi muito e convivi com pessoas excepcionais, além de realizar um grande sonho, que era trabalhar na televisão”, confessa.
Apesar de ser bastante conhecido, o artista não se apresentou muito em Betim. “Falta um espaço específico, além de incentivo. Aqui, nós temos muita gente talentosa que, talvez, a população nem conheça direito. E não é por falta de público, porque as pessoas vão à capital ver os espetáculos. Espero que, com a construção do Teatro Municipal, isso possa mudar um pouco”, disse.
Algumas em que atuou
Lá... A Vida É uma Comédia
Alfredo Virou a Mão
O Rei Careca
As Mona Lisas
Camila Baker
Santinhas do Pau Oco
Anatomia Humana Segundo Vivo e Campanella
Blue Jeans