A mais nova global é de Betim!
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Criado em 10 de Agosto de 2015
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Fotos: Augusto Martins
Após revelar ao Brasil a dançarina Camila Lobo e os cantores Danilo Reis e Rafael, para citar os artistas mais recentes, a cidade está mesmo ficando conhecida por exportar talentos; a mais nova celebridade betinense é a professora de dança de salão Francielle Pimenta, que, no último domingo de julho, juntamente com outras duas dançarinas, venceu o concurso “Bailarina do Faustão”, organizado pelo programa dominical da Rede Globo
Daniele Marzano
COMO SE NÃO BASTASSE DANÇAR tudo aquilo a que muitos certamente assistiram em alguns domingos ao longo dos últimos dois meses, pela telinha da Globo, no programa “Domingão do Faustão”, ela ainda é professora de inglês e, pelo menos até entrar para a rotina de ensaios exigida pela competição global, desempenhava uma outra função, ainda mais nobre: a de apoio pedagógico para alunos com deficiência. Moradora do bairro Santa Cruz, na região do PTB, em Betim, município da região metropolitana de Belo Horizonte, a garota alegre, de apenas 22 anos, conquistou o país com seu ritmo contagiante e sua doçura encantadora. Antes de
se mudar para São Paulo, onde, a partir deste mês, passará a morar, ela abriu as portas de sua casa para, ao lado da família e de amigos queridos, contar um pouco de sua trajetória rumo a uma carreira de sucesso que ela inicia.
Mesmo depois de ter vencido 10 mil candidatas em todo o Brasil e cerca de 300 de Minas Gerais, a morena diz não estar acreditando ainda no resultado. “A ficha não caiu. Eu me inscrevi porque muitos amigos e familiares insistiram comigo, mas, sinceramente, fiz sem nenhuma expectativa de ganhar porque sabia que teria milhares de excelentes concorrentes”, declara. Mas se Francielle tivesse se agarrado a um histórico recente de sucesso que carrega – o grupo de dança da academia em que trabalhava, chamada Contato do Corpo, classificou-se em segundo lugar num concurso de dança exibido pelo SBT em 2014 –, talvez sua confiança na vitória tivesse
aparecido. Mas a modéstia da moça é tanta que ela prefere chamar toda essa competência que corre no sangue e, sobre os palcos, transforma-se em magia de “sorte”.
“Sim, acho que tive um pouco de sorte. Na terceira fase, em que ficaram apenas 12 garotas, ensaiamos 18 músicas de vários ritmos. Num sorteio, algumas tiveram o direito de escolher os ritmos que dançariam no programa e com quem duelariam. Além de ter podido escolher, eu ainda desafiei a garota que por mais tempo ensaiou na semana, simplesmente por curiosidade. Queria ver o que ela tinha
para mostrar depois de tanto treino. Podia ter perdido, mas soube, por outras meninas, que justamente o samba, ritmo que eu escolhi, era o que ela menos sabia. E, para finalizar, como parceiro de dança, me trouxeram o ator Marcello Melo, que é craque no samba e já ganhou o ‘Dança dos Famosos’”, conta a competente, sim, e não sortuda dançarina, afinal, para enfrentar 10 mil candidatas, não basta ter apenas sorte – é preciso muito jogo de cintura, literalmente.
CAMPANHA PARA A VITÓRIA
Enquanto Francielle, ainda que despretensiosamente, conhecia sua própria força vencendo, em São Paulo, cada fase, por aqui, a família dela provou que, mais uma vez, a competência de Fran, como é chamada em casa, está no DNA. Isso porque os pais da morena, José Maria e Ronilda, com a ajuda de parentes e amigos, não perderam tempo ao longo desses dois meses de concurso e pediram voto por
todos os cantos de Betim. “Com o apoio de muitas pessoas, imprimimos cerca de 50 mil panfletos e 4.000 cartazes e saímos por todos os centros comerciais da cidade pedindo aos proprietários para colarmos em suas lojas, a fim que seus clientes pudessem ver a Fran ali estampada e votar nela no domingo seguinte. Além disso, com o auxílio do vereador Antônio Carlos, fizemos campanha também com carro de som. A cada fase da competição, a gente mandava fazer mais material e voltava aos mesmos lugares”, conta o pai, que é de
Justiça e se dividiu, nesse período, entre o trabalho oficial e a mobilização pela vitória de Francielle. “Parecia mais uma campanha
política. Só parávamos mesmo para dormir”, brinca José Maria.
A mãe, Ronilda de Souza, que é dona de casa, também fez sua parte. “Durante todos os dias de votação, eu acordava às 5h30 para ficar no computador votando e só me deitava perto da meia-noite. A gente parava para comer e tomar banho praticamente”, relata dona Ronilda, para quem “tudo valeu a pena”, afinal, desde “o jardim de infância, Fran gostava muito de dançar”. “Ela sempre foi muito sapeca. Nós percebemos esse gosto dela pela dança e incentivamos: a colocamos no balé ainda criança”, orgulha-se. E, para
agradecer tanta ajuda de vizinhos, parentes e colegas, os pais, na companhia da própria Francielle, assim que a dançarina chegou de São Paulo, fizeram questão de retonar à maior parte dos lugares em que estiveram durante a campanha. “Somos muito gratos a todos. Infelizmente, não há tempo hábil de irmos com a Fran a todos os locais, pois ela já começa os ensaios no início de agosto, mas aproveitamos esta reportagem para agradecer aos que contribuíram para essa vitória. Que essas pessoas se sintam cumprimentadas”,
salienta o pai.
A rotina dos pais de Francielle foi a mesma da de outros integrantes da família, como a da prima de José Maria, Valdirene da Conceição, e até mesmo da filhinha dela, a Isabeli, de apenas 7 anos, que é apaixonada por Fran, como ela mesmo diz ao ser questionada sobre o que acha da prima que, agora, ficou famosa. “Eu amo a Francielle”, declara. “Foi tão bonitinho ver a Isabeli fazer campanha na escola dela, pedindo aos amiguinhos para votarem na Fran. Até num consultório médico a que fomos antes da final do concurso, ela, espertamente, aproveitou a oportunidade: pediu ao doutor que nos atendeu para votar na prima querida”, conta Valdirene.
Além da união da família de Francielle, destaca-se a fé que todos possuem. “Sempre colocamos Deus em primeiro lugar e fazemos nossa parte”, enfatiza Valdirene, que faz questão de ressaltar a solidariedade e a educação com que a família de Fran foi recebida em todos os lugares. “Deixávamos os cartazes nas lojas e, quando voltávamos para colar outros, com as novas informações, tudo estava intacto, mesmo aqueles que ficaram pregados em postes ou virados para a rua nas portas do comércio. Isso nos impressionou bastante”, conta Valdirene.
No dia da final, em 26 de julho, conforme contam os pais de Fran, foram organizadas verdadeiras centrais de votação em casas de parentes e amigos. “Utilizamos para votarmos o máximo de vezes no tempo permitido”, relata a mãe de Fran.
A presença da família na vida de Francielle é tão importante que, para a dançarina, a maior dificuldade enfrentada nos dias de competição foi ficar longe de seus entes mais próximos. “Encarar a pressão que um concurso desse porte nos oferece longe das pessoas que mais te apoiam é muito difícil. Se você comete um errinho, não tem volta”, diz.
SINTONIA COM O PAR E O RITMO
Francielle conta que a sintonia que teve com o parceiro de dança, Marcello Melo, foi preponderante para a vitória. “Acho que ninguém percebeu, mas, durante nossa apresentação, eu bati no nariz dele, coitado, mas ele, felizmente, soube despistar bem. Sorte minha de novo”, brinca a dançarina. De acordo com ela, todas as finalistas ensaiaram várias horas por semana com coreógrafos da emissora e os parceiros. “A gente podia sugerir os passos, e o coreógrafo os aprimorava. Os parceiros também auxiliavam na criação da coreografia. Marcello me ajudou muito criando passos para a parte final da nossa dança”, revela a morena. As concorrentes madrinhas – bailarinas que até então faziam parte do corpo de balé do programa. A madrinha do grupo a que pertencia Francielle era Luiza Módolo. As outras quatro profissionais são Carol Nakamura, Ivonete Liberato, Mirella Santos e Carla Prata.
E, por falar em sintonia, questionada sobre a convivência com as outras participantes e se tiveram contato com as bailarinas do Faustão e com o próprio apresentador, Fran afirma que isso “foi muito tranquilo”. “Não tive nenhum problema. Ao contrário, fiz amizades que, tenho certeza, vou levar para sempre, como a que fiz com Carolina, de Brasília. “Já nos falamos depois da final, e ela quer vir a Betim para conhecer minha família. Vamos combinar de nos encontrar”. Sobre as bailarinas do programa, Francielle revela que foram simpáticas e receberam as participantes do concurso de maneira positiva. Com relação ao contato mantido com o apresentador, Faustão, Fran conta que esteve com ele apenas uma vez, quando ficou entre as 12 finalistas. “Ele é uma pessoa bacana. Deu umas dicas importantes de comportamento, considerando que quem vencesse o concurso teria os holofotes da mídia sobre si a partir de então”.
O FUTURO
Embora Francielle ainda não esteja acreditando na vitória, a dançarina encara o novo emprego com firmeza e realismo. “Vejo esse trabalho como uma ‘chave’, que pode me abrir outras portas. Mas, até lá, vou estudar muito e me aperfeiçoar em São Paulo”, revela Fran, que já planeja fazer um curso de teatro e buscar aprender novos ritmos e passos de dança.
Fran ainda não sabe como será sua rotina de trabalho na emissora, mas já foi informada de que ela e as outras duas vencedoras do programa, Lorena Improta, de Salvador (BA), e Brennda Martins, de Alvorada (RS), terão um ritmo mais puxado de ensaios neste início, visto que precisam aprender todas as coreografias executadas no programa, cerca de 70, segundo informação fornecida a ela pela produção.
BELEZA NATURAL
Acredite quem quiser, mas o corpão de Francielle Pimenta não foi adquirido depois de muita malhação e sacrifícios na hora de comer – ou de não comer. Talvez aqui a palavra “sorte” seja a mais apropriada para se usar, já que a moça declara nunca ter frequentado mais do que três meses de academia na vida. “Regime ou dieta então, só para engordar”, confessa. Entretanto, a dançarina sabe que, daqui pra frente, o sistema será diferente. “Agora, com certeza, vou precisar me cuidar mais”.