A sociedade do medo...

POR Lucas Fortunato Carneiro*

0
Criado em 26 de Março de 2014 Comportamento
A- A A+
“Vamos pensar em nossas posturas diante da realidade tão violenta, tão massacrante e cruel, uma realidade que nos agride física e psicologicamente. Será que devemos agir com a mesma intensidade, levando a sério o ditado ‘olho por olho, dente por dente’? O que estamos assistindo nos últimos tempos em nosso país comprova que é dessa forma que a sociedade vem agindo.”
 
Vou começar este artigo citando Clarice Lispector: “ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas…”. O motivo para essa citação são os espantos causados por nossa realidade nua e crua, que nos circunda e nos faz pensar sempre de novo em mundos possíveis. Vivenciei algumas tristes situações nos últimos dias que me levaram a refletir: estamos vivendo sob o comando do medo?
 
Todos nós somos movidos por alguma motivação. Seja ela qual for, cada um tem a sua. Mas a questão não é verificar ou discutir quais motivações são reais ou não, verdadeiras ou não. O que penso é que somos, de alguma forma, movidos pelo medo. Trata-se de um sentimento que naturalmente existe por questões de sobrevivência e instinto, mas, nos tempos atuais, tem conquistado um espaço muito grande em nossas vidas, em nossas condutas, em nossas consciências, pois temos medo de viver, de sair de casa, de perder o emprego, de perder a namorada ou o namorado, de perder os direitos, etc.
 
O que pode nos garantir algo? Será que não confiamos mais em nossas próprias capacidades de sobrevivência, em nossos dons, em nossa inteligência, em nossa nobre razão, ou melhor, não conseguimos ter mais esperança? Sentimentalismos à parte, ter esperança é sempre interessante, faz bem à saúde e nos faz vislumbrar sempre novos horizontes. A esperança é nos dada para que possamos aproveitá-la, tirar o máximo de cada momento, seja ele bom ou ruim, de cada oportunidade, de cada ação. Faz-se necessário aprofundar o sentido de nossa existência, para que seja uma verdadeira “abertura” para uma vida com esperança, ungida pelo sentido verdadeiro do amor.
 
Aquilo que na vida tem sentido, mesmo sendo qualquer coisa de mínimo, prima sempre por algo grandioso. Por isso, não espere o amanhã para começar a viver melhor e sem medo! Não estou promovendo apologia à irresponsabilidade, pois sempre devemos zelar por nossa segurança e daqueles que conosco convivem, desde que ela não nos aprisione e não nos torne seres egoístas e mesquinhos. Vamos pensar em nossas posturas diante da realidade tão violenta, tão massacrante e cruel, uma realidade que nos agride física e psicologicamente. Será que devemos agir com a mesma intensidade, levando a sério o ditado “olho por olho, dente por dente”? O que estamos assistindo nos últimos tempos em nosso país comprova que é dessa forma que a sociedade vem agindo, com violência, desrespeito, petulância em todos os níveis, mas, principalmente, com um falso moralismo que prega a luta incessante da sociedade de bem contra a do mal. E, digo mais, vivendo a ilusória sensação de que a sociedade do bem tem direito de vitória sobre a do mal.
 
Portanto, comece, hoje e agora, faça o que está ao seu alcance para dar um novo rumo a sua vida e a do seu próximo. Sonhe, ria, faça, compartilhe e encontre alegria e prazer em participar da extraordinária experiência da vida, uma vida sincera e não distante da realidade, mas consciente de que a esperança sempre faz bem ao nosso coração.
 
*Educador, graduado em filosofia pela PUC-Minas, graduando em teologia e Pós-graduando em psicopedagogia pela Fumec - [email protected]

 




AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Mais. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Mais poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.