Adrenalina nas alturas

Prática do parapente proporciona liberdade e aventura aos amantes dos esportes radicais

 

Pollyanna Lima

SENTIR A BRISA DO VENTO, estar próximo às nuvens, voar como os pássaros. Vivenciar esses prazeres pode ser um sonho na vida de muitas pessoas, em especial, dos mais aventureiros. A prática do parapente, ou paraglider, em inglês, é uma boa opção para quem gosta de curtir a adrenalina dos esportes radicais, sem, no entanto, gastar muito para isso.

 

O equipamento de parapente, apesar de ter a aparência de um paraquedas, diferencia-se dessa modalidade esportiva em muitos aspectos. A forma de voar, conhecida como voo livre, é uma delas. No paraquedismo, por exemplo, o paraquedas abre logo após o salto do avião. Já no parapente, o equipamento é previamente aberto, o que permite ao praticante fazer saltos de cima de montanhas. Enquanto o paraquedista se limita a diminuir os riscos de uma queda violenta, o parapentista é capaz de produzir um voo mais dinâmico, em que o piloto pode controlar sua direção e, em circunstâncias favoráveis às correntes de vento, consegue manter-se no ar por períodos longos. O parapente também é mais fácil e prático de se utilizar, o que torna o seu custo mais acessível. Além disso, é um esporte seguro, desde que seja encarado com responsabilidade e que o praticante tenha total conhecimento sobre como manusear o equipamento.

 

 

Instrutor de parapente, Guilherme de Oliveira Peixoto, 32, iniciou a prática em 2005, por influência de primos que voavam no interior de Minas Gerais. “Desde que comecei a praticar o esporte, minha intenção era ser instrutor. Esse sonho se consolidou em 2011, quando consegui preencher os requisitos para ensinar outras pessoas a voar”, conta Peixoto, que trabalha na escola de parapente Base da Nuvem, em Belo Horizonte.

 

Segundo ele, o paraglider é indicado para pessoas de qualquer idade, sempre respeitando as limitações físicas e de saúde de cada um. “O parapente relaxa e, ao mesmo tempo, eleva a adrenalina, sendo o piloto quem decide a forma que pretende voar: apreciando a paisagem ou fazendo acrobacias. A prática também faz bem para alma.radicaisÉ um esporte de aventura e de contemplação, que nos coloca o tempo todo em sintonia com a natureza”, afirma o instrutor.

 

 

O parapente não exige grande esforço físico do praticante, já que, após uma ligeira corrida, ele se sustenta no ar. “Conheço, inclusive, deficientes físicos que o praticam. Para uma primeira experiência, basta agendar um voo duplo instrucional. A pessoa passará por um treinamento rápido e realizará um voo acompanhado do instrutor. Depois, se houver interesse, poderá continuar os treinamentos e realizar o curso de piloto, que tem duração de um ano, em média, e é medido por desempenho nos treinos e resultados das provas teóricas, não sendo necessário cumprir uma determinada carga horária de horas/voo”, explica.

 

A estudante e estagiária de psicologia Thailine Moreira, 22, possui habilitação como piloto de parapente e sempre que pode reserva uma hora do seu dia para voar. “A sensação é inexplicável, pois nos dá uma liberdade muito grande. Por ser um esporte que nos deixa em contato direto com a natureza, o parapente ajuda a relaxar, fugir do estresse da cidade. Quando estamos lá em cima, naquele silêncio, ficamos em paz, nos sentimos parte da natureza, e nossos problemas, que ficam lá em baixo, tornam-se muito pequenos”, confidencia.

 

Apesar de voar há apenas um ano e meio, Thailine sempre se interessou pela prática. Hoje, mesmo podendo voar sozinha, ela quer alçar voos maiores. “Pretendo continuar progredindo e alcançar o nível três, que permite que eu voe guiando outra pessoa. Não quero ser instrutora, nem trabalhar com isso, mas, após aumentar os níveis da minha habilitação, poderei voar com meus amigos e familiares”, explica a estudante.

 

 

CERTIFICAÇÃO

Para garantir a segurança de pilotos e iniciantes, as escolas e os profissionais precisam estar habilitados para exercer a atividade. E essa habilitação é fornecida pela Associação Brasileira de Voo Livre (ABVL), que coordena clubes locais e federações estaduais criadas para fiscalizar escolas e instrutores.

 

Segundo o presidente da ABVL, Francisco Santos, cada clube tem seu regimento interno, que determina como serão feitas as inspeções dos equipamentos e as fiscalizações das rampas utilizadas para o salto, exigindo-se, sempre, que a habilitação do instrutor seja renovada a cada dois anos. “Existe uma hierarquia entre as instituições. A ABVL fiscaliza as federações estaduais e essas fiscalizam os clubes locais. Desse modo, conseguimos manter a seriedade que o esporte exige”, salienta.