Amor sem fronteira de tempo

Casais com grandes diferenças de idades mostram que é possível ter uma boa convivência e fazer o relacionamento dar certo

Criado em 21 de Dezembro de 2016 Comportamento
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Iêva Tatiana

 

Com as atenções voltadas para o atual presidente do Brasil, Michel Temer (PMDB), e a nova primeira-dama do país, Marcela Temer, a diferença de idades em um relacionamento voltou a ser uma questão em evidência. No Palácio do Planalto, atualmente, a distância entre as datas de nascimento do casal presidencial ultrapassa quatro décadas (são exatos 43 anos). Em diversas ocasiões, no entanto, Marcela já afirmou que esse hiato nunca foi um problema na vida conjugal e que ela e o marido têm uma rotina “normal”.

A corretora imobiliária Emanoely Vaz Fernandes, 28, também não vê imbróglio algum em relacionar-se com um homem mais velho. Ao contrário, acredita que seja até mais interessante em função da maturidade e da estabilidade adquiridas com o passar do tempo. Neste mês, ela subiu ao altar com o companheiro (com quem já se casou no civil), Ed Charles Porto, 15 anos mais velho.  “Nunca enfrentei dificuldades por conta da idade. Pode até ser que, no futuro, eu venha a ter, mas não acredito nisso. Minhas desavenças com meu marido ocorrem por causa de temperamento, porque nós dois somos geniosos, não por eu ser mais nova do que ele”, avalia.

Segundo Emanoely, que já se relacionou com homens mais velhos antes, eles demonstram saber melhor o que querem e aonde pretendem chegar, o que facilita a relação. “Tenho muita fé e estou muito certa do que estou fazendo em questão de convivência com uma pessoa com grande diferença de idade. Como ele nunca se casou antes, acredito que esse seja o momento dele”, diz a corretora.

 

Experiência

A supervisora de operações Adriene dos Reis Martins, 36, está casada há dez anos com o motorista rodoviário Mauro Lúcio dos Santos Ribeiro, 51. No começo, assim como Emanoely, ela também não se incomodava com o fato de ser 15 anos mais jovem do que o marido. Depois de um tempo, porém, a diferença revelou-se mais evidente em determinadas situações. “Quando o desemprego bateu à porta, e ele, já com idade mais elevada, deixou-se abater emocionalmente, por exemplo, e em momentos de alterações de humor causadas pelas diferenças de adaptação a certas coisas. Mas não foi nada impossível de contornar com conversas ou até mesmo certa discussãozinha, coisas normais de casais que se amam”, afirma Adriene.

Já Mauro Lúcio garante que não se preocupou em ser mais velho nem no começo nem na atual fase do relacionamento com a esposa. Ele admite, no entanto, que a diferença de idade se manifesta mais facilmente quando pessoas de gerações distintas estão reunidas. “Quando encontro os amigos dela e os meus, sinto a diferença de ideias e de construção cultural”, entrega. A conclusão de Adriene, porém, afasta qualquer possibilidade de rompimento por causa das datas de nascimento destoantes. “A meu ver, essa diferença vem como um complemento, em que um motiva o outro, agrega conhecimento e traz sua realidade para a vida do parceiro”.

 

Preconceito

Mas, como não existem regras quando o assunto é relacionamento, nem sempre as grandes diferenças de idades existentes entre um casal são bem-aceitas. A publicitária Cecília*, 27, ainda não conseguiu apresentar o namorado, 21 anos mais velho, para a família, que é resistente nesse aspecto.

Junto há quatro meses, o casal precisou aprender a lidar com os olhares curiosos das pessoas, e a publicitária, a responder perguntas do tipo “você gosta mesmo dele?” e “o que você viu nele?”. “Mas, na verdade, nem ligo. O que importa é o que sinto, e, com meu namorado, percebi que o amor não tem idade, aparência ou condição social. Ele simplesmente acontece quando tem que acontecer. Antes mesmo de a gente se dar conta, ele já está presente entre as conversas e as brincadeiras”, garante Cecília.

De acordo com ela, embora o preconceito seja um desafio constante a ser enfrentado, a sabedoria encontrada no parceiro, a maturidade dele e a maneira como ele a trata são algumas das vantagens de estar com uma pessoa mais velha. “Homens jovens dão muita importância ao que pouco importa e pouca importância ao que realmente faz a diferença”, argumenta. Com aqueles que desaprovam o namoro, Cecília é categórica. “A gente finge que não vê e continua vivendo à nossa maneira. O importante é sermos felizes. O preconceito das pessoas faz pouca diferença quando a gente sabe o quer”, crava.

No caso da relações-públicas Lisye Saliba e do personal trainer Leandro Basílio, a diferença de idade é de 16 anos, e é ela a mais velha da relação. Aos 43 anos, Lisye revela que sempre se envolveu com homens mais novos, mas as semelhanças da história atual com relacionamentos anteriores param por aí. Com Basílio, de 27, ela conta que se redescobriu e passou a ter um comportamento que até então rejeitava. “Nunca acreditei muito no amor e sempre tive medo de convenções. Não tinha vontade de me casar, usar um vestido de noiva nem gostava de chamar a outra pessoa por apelidos. Hoje, não é que eu tenha desejo de fazer todas essas coisas, mas fiquei mais carinhosa, e as coisas que faço são feitas com muito prazer. Mas acho que isso não tem a ver com a idade e, sim, com ele”, derrete-se.

Embora não veja as idades como um problema, o casal busca respeitar limites e ceder sempre que necessário. O ponto de equilíbrio encontrado pelos dois parece ser o diferencial do namoro. “O que eu percebo de diferente entre a gente é que ele tem um pique muito maior do que o meu, e eu tento me policiar para não interferir no processo de vida dele. Eu sou mais sossegada, gosto de ficar em casa, mas incentivo o Leandro a sair com os amigos. Não gosto de privá-lo das coisas que são da idade dele”, afirma Lisye.

Para o personal, que já admirava a namorada antes mesmo de conhecê-la, quando a via passar na rua, a relação dos dois tem sido edificante. “Pelo fato de ela trabalhar com comunicação, ela me estimula a ler, a assistir filmes, a ter mais cultura. Eu não acredito que eu seja o responsável pela mudança dela. Foi ela que mudou minha vida”, garante Basílio.

No entanto, ele admite que, às vezes, o fato de ser mais novo faz com ele se sinta desconfortável. “Sinto que, vez ou outra, deixo a desejar pela maturidade, mas não fico com medo nem receio por causa da confiança que ela me passa. Ela quer sempre o meu melhor, e nós queremos ficar cada vez mais juntos”, declara-se.

*A publicitária pediu para não ter o nome verdadeiro divulgado




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