As pessoas crescem junto com Betim
Em ano atípico, acometido pela mais grave crise sanitária do século, Betim alcança posto de relevância no cenário nacional
Sara Lira
A comerciante Jeane Rodrigues Pinto, de 39 anos, está ampliando seu negócio, no bairro Jardim das Alterosas, onde também mora. A pizzaria, que antes era só delivery, em breve vai passar a ter atendimento presencial, com restaurante de dia e pizzaria à noite. O crescimento, segundo ela, só está sendo possível por conta da construção da avenida sanitária Vasco Santiago, inaugurada pela prefeitura no início de dezembro. “Foi um sonho para nós, moradores da região. Éramos isolados aqui. Quando a linha de trem passava, as crianças tinham que esperar para ir pra escola”, lembra Jeane. “Agora que a acessibilidade melhorou, eu me animei a aumentar a pizzaria. Moro no Alterosas há 33 anos e nunca vi uma obra dessa magnitude por aqui”, afirma.
A via possui 800 m de extensão e liga os bairros Dom Bosco e Jardim das Alterosas, reduzindo em cerca de 2 km o percurso que antes os moradores precisavam realizar para chegar às vias de acesso à região central da cidade. Uma trincheira também foi feita. Além da construção da avenida e da canalização do rio, foram executados 200 m de drenagem, rede de esgoto e pavimentação asfáltica. A via ainda receberá 45 postes de aço com rede subterrânea. Esses e os 20 já existentes terão luminárias de led, totalizando 65 novos pontos de iluminação do tipo.
A Vasco Santiago foi uma das cinco avenidas sanitárias planejadas pela atual gestão. As outras, que também foram executadas ou estão em fase de construção, são: Miosótis, na região do Alterosas; Independência, no Imbiruçu; avenida do córrego Goiabinha, no Citrolândia; e Cordiline, no Cruzeiro do Sul.
A presidente da Empresa de Construções, Obras, Serviços, Projetos, Transportes e Trânsito de Betim (Ecos), Marinésia Makatsuru, conta que, historicamente, Betim teve um crescimento rápido em curto espaço de tempo, de forma desordenada. Por isso, a gestão atual focou o planejamento urbano para suprir a carência de obras e intervenções há décadas esperadas. “Nossa gestão teve que pensar diferente para unir todos os serviços e propiciar mais celeridade à tomada de decisões. Nosso grande diferencial foi ter sabedoria na aplicação dos recursos em pilares como saúde, educação e grandes obras de infraestrutura”, salienta.
Foram aproximadamente R$ 200 milhões investidos em cerca de 230 obras nesse período. Parte dos recursos vem do próprio município, após um grande ajuste de contas internas efetuado, e outra, de contrapartidas ou parcerias com a iniciativa privada e ainda do governo federal.
VIADUTOS E ELEVADOS
Betim também ganhou novos elevados. Um dos principais foi a extensão do viaduto Jacintão, inaugurado em outubro, demanda histórica, de mais de quatro décadas. São 69 m de comprimento e 19 de largura, além de uma pista de rolamento em mão dupla e duas faixas de pedestres. A estrutura liga as avenidas das Américas e Teotônio Parreiras Coelho, no bairro Jardim da Cidade. A primeira também recebeu pavimentação, sinalização e 1.600 m de nova rede de esgoto.
Já na região do Duque de Caxias, o viaduto Mater Dei Betim-Contagem foi duplicado, em parceria com o hospital. Localizada na Via Expressa, a estrutura, de 52 m, recebeu uma pista complementar de 7 m de largura. Já em frente ao Hospital Unimed, na avenida Marco Túlio Isaac, uma ponte foi erguida.
Um dos destaques do plano de obras da prefeitura é a Via das Indústrias, ainda em execução, que irá contar com aproximadamente 20 km de vias, três viadutos e seis trincheiras, interligando bairros e, principalmente, a BR-381 à Via Expressa.
“Todas essas intervenções estão diretamente ligadas à mobilidade, que trazem melhorias das condições de vida às pessoas e atraem investimentos para a cidade”, destaca a presidente da Ecos.
Outro feito importante da atual gestão municipal diz respeito à construção de aproximadamente 23 contenções de encostas, que protegem a cidade contra enchentes, além da canalização de córregos, novas obras de drenagem e pavimentação asfáltica em diversas regiões de Betim.
SAÚDE
O plano audacioso de obras impetrado por esta administração atingiu todos os setores. Na saúde, por exemplo, o município recebeu dez novas Unidades Básicas de Saúde (UBSs): Cachoeira, Nova Baden, Novo Amazonas, Jardim Teresópolis, Laranjeiras, Parque do Cedro (Icaivera), Paulo Camilo, Trincheira (São Jorge), Vila Recreio e Vianópolis. Outras nove estão em construção, e três serão iniciadas no próximo mandato.
A estrutura das unidades é padronizada: seis consultórios multifuncionais, dois consultórios ginecológicos, salas de cuidados básicos, de nebulização, para agentes de saúde e de reuniões. Todas também têm setor para atendimento odontológico, salas de vacina, de curativos e de coleta e uma farmácia com armazenamento de medicamentos, além de abrigo de acesso à recepção geral e setores administrativos e de limpeza.
Os novos postos de saúde substituem antigos, que funcionavam em imóveis alugados e inadequados para o atendimento da população.
A professora Cristiani Aparecida Amaral, de 53 anos, mora no bairro Santa Inês há mais de 40. Sua UBS de referência é a do Cachoeira. Para ela, a nova estrutura garante muito mais conforto do que a antiga, quando o posto funcionava em uma casa. “É bem mais espaçosa, com mais salas. Ficou muito melhor tanto para nós, usuários, quanto para os trabalhadores”, ressalta. Profissionais a quem ela não economiza elogios. “O enfermeiro Roberto, a gerente Paula e tantos outros são excelentes. A UBS tem uma equipe humanizada, que atende com cuidado os pacientes. E isso melhorou muito na atual gestão”, pontua.
O secretário de Saúde de Betim, Guilherme Carvalho, destaca a abertura da Unidade de Pronto-Atendimento Norte (UPA Norte). Construído em 2012, o espaço nunca havia funcionado. Após passar por adequações, a UPA foi inaugurada em junho do ano passado, com capacidade para realizar cerca de 13.500 atendimentos mensais. A operacionalização da unidade é feita pelo Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus, vencedor da licitação. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o novo modelo de gestão gera economia para os cofres públicos.
Outra UPA nova será instalada no Alterosas. O prédio está em construção e terá capacidade para realizar mais de 9.000 atendimentos por mês.
Mas um dos principais equipamentos na área da saúde que a cidade recebeu recentemente foi o Centro Materno-Infantil, construído ao lado do Hospital Regional de Betim. Cerca de R$ 29,7 milhões foram investidos no prédio, que ofertará 170 leitos e tem capacidade para realizar até 10 mil partos por ano.
A inauguração do espaço foi adiantada por conta da pandemia do coronavírus. Como o prédio já estava pronto, ele passou a ser utilizado como Centro de Cuidados Intensivos para Covid-19 (Cecovid), para tratar pacientes graves com a doença.
“Conseguimos abrir leitos no tempo adequado e fomos aumentando a oferta de acordo com o crescimento da curva de casos. Assim, conseguimos passar pelo pico sem deixar que leitos faltassem não só para Betim, como para toda a região”, afirma Carvalho. Quando a pandemia passar, o local será devidamente desinfectado para ser utilizado como maternidade.
Além dessa estrutura, a prefeitura implantou um hospital de campanha no Clube da Fiat, com capacidade para atingir até 120 leitos, para o tratamento de pacientes infectados pelo coronavírus menos graves.
EDUCAÇÃO
Suprir a demanda de vagas na educação infantil também foi uma das preocupações da atual gestão. Assim, há quatro anos, quase 20 creches estão em implantação na cidade, das quais cinco já foram entregues e 13 seguem com obras. A maior parte delas fruto de recursos de contrapartidas, de acordo com a presidente da Ecos, Marinésia Makatsuru. “Muitas dessas creches vão substituir antigas, que funcionavam em casas sem estrutura”, explica. Cada uma terá capacidade de atender em torno de 400 a 500 crianças com idades entre 4 meses
e 5 anos em tempo integral.
Outras escolas municipais e Centros de Educação Infantil ainda passaram por reformas estruturais ou obras de manutenção e melhorias, como, por exemplo, cobertura de quadras.
LAZER E CULTURA
Quem passa pelas praças Milton Campos e do Encontro, ambas na região Central, vê uma grande cascata em cada um delas, que embelezam a cidade e atraem turistas. A gestora de projetos Lourdes Leite, de 44 anos, visitou recentemente a Milton Campos com a filha mais nova, Giovana, de 5, e elogiou a revitalização. Para ela, a praça ganhou um charme especial com a cascata, tornando-se um espaço para espairecer e passear com a família, além de atrair turistas.
“A revitalização ficou incrível, uma ótima alternativa para o turismo de nossa cidade. Isso atrairá mais o olhar da população para o patrimônio histórico e turístico de nossa cidade. Isso propicia um maior acesso de todos aos bens culturais de Betim”, destaca.
A iniciativa faz parte de uma série de revitalizações em 35 praças e espaços públicos utilizados como lazer na cidade. Para citar alguns exemplos: o Parque Batismal, no Sítio Poções, foi reformado; e as praças Clemente Pereira Louzada, conhecida como praça das Flores, no Jardim Teresópolis, e Vila Recreio, no bairro homônimo, foram revitalizadas.
Essas e outras praças receberam ainda iluminação em led. As lâmpadas desse material são mais econômicas e mais eficazes do que as antigas, de vapor de sódio. No total, mais de 10 mil lâmpadas foram instaladas também nos principais corredores do município. “Um dos pilares dessa gestão é resgatar e fazer novos espaços destinados ao cidadão para cultura e lazer”, afirma Marinésia.
Falando em cultura, a praça Milton Campos, cartão-postal de Betim, será transformada em um polo cultural em breve. Em frente, a Casa da Cultura Josephina Bento foi completamente revitalizada. Ao lado, estão em estágio avançado as obras do Teatro Municipal de Betim. O prédio começou a ser construído em 2012, mas estava paralisado desde então. Por isso, o projeto precisou ser readequado.
O espaço terá capacidade para 695 pessoas, além de adaptação para pessoas com mobilidade reduzida ou cadeirantes. A área do palco com coxia será de 3.355 m², e haverá dois camarins. Segundo a Ecos, a construção conta com materiais modernos e características contemporâneas. Foi criado ainda um novo espaço na área externa, que será uma praça coberta para uso geral. O teatro deve ser entregue à população no início de 2021.
E, do outro lado da praça Milton Campos, perto da cascata, está sendo construída uma capela. Fora, serão instaladas três esculturas em bronze, remetendo aos bandeirantes que descobriram Betim.
Reinserção social
Outra obra de grande magnitude que Betim inaugurará em breve é a unidade da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac). A metodologia oferece ao detento uma forma mais humanizada de cumprir a pena, visando à reinserção dele na sociedade. O prédio está na fase final de construção, em um terreno de 3.500 m², no Distrito Industrial Bandeirinhas, fora da área urbana. A inauguração do espaço, construído pela prefeitura, está marcada para 4 de fevereiro próximo.
A Apac terá capacidade para receber até 200 pessoas privadas de liberdade. O custeio da manutenção será feito pelo governo de Minas, que se comprometeu a repassar, por dois anos, mais de R$ 5 milhões ao município para esse fim. O termo de colaboração foi publicado no “Diário Oficial” do dia 12 de dezembro.
O projeto, elaborado pela Fundação Medioli, observou todas as normas carcerárias e obteve aprovação da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC).
O prédio vai contar com duas quadras esportivas, sendo uma para o regime semiaberto e outra para o fechado, além de uma padaria industrial para uso interno e externo. O projeto é inovador ao disponibilizar painéis solares para aquecimento da água e lâmpadas de LED em pátio de 4.000 m2.
Ainda estão previstas uma horta e um pomar com diferentes variedades de frutas, como pitanga, manga e banana. “Os produtos hortifrúti deverão dar sustentabilidade ao conjunto de recuperação dos apenados”, afirmou o prefeito Vittorio Medioli em reportagem publicada no jornal O Tempo.
Medioli, idealizador do projeto de ressocialização no município, considera que a Apac, além de ter um custo inferior ao do sistema prisional, é um projeto que humaniza o sistema prisional, que se volta para a recuperação do recluso. "Hoje, ao entrarem em uma prisão convencional, os condenados se aprimoram no crime. A Apac quebra esse ciclo perverso, mostrando aos detentos outros aspectos da vida”, conclui.