Um dos primeiros curiosos casos tratados pela Acam foi o das aparições em prédios antigos da Ufop. O surgimento constante de assombrações levou os vigias da universidade a pedirem demissão ou transferência para outros pontos, provocando alta rotatividade de funcionários e muita preocupação em todos que circulavam pelas instalações. “Foi feito, então, um estudo, coordenado pelo professor Milton Brigoline, e acabamos resgatando a normalidade nos prédios. Hoje, praticamente, não se fala sobre o assunto, e nenhum novo relato de assombração foi registrado. Deu tão certo que o chefe de vigilância da Ufop, Vicente Bispo, tornou-se membro da associação e, hoje, é nosso vice-presidente”, pontua Leandro sem conceder detalhes sobre os procedimentos utilizados. “A situação foi controlada”, completa Bispo.
MISTÉRIOS
De todas as histórias investigadas pela Acam, a do Caboclo D’água é a mais conhecida, tendo sido, inclusive, pauta para documentários de emissoras estrangeiras, como o canal Cuatro, de uma TV espanhola, que enviou para Mariana e imediações, em 2012, a equipe do programa “Cuarto Milenio”. Na ocasião, o jornalista Pablo Villarrubia afirmou ao blog “Arquivos do Insólito” que, em uma reportagem
feita anteriormente na Rússia, a equipe encontrou registros, de cerca de 2.000 anos atrás, que são muito semelhantes aos retratos-falados publicados no jornal “O Espeto”.
Conceituado por Leandro Soares como “animal perigoso”, o Caboclo D’água é conhecido por surgir às margens e dentro dos rios, e por aterrorizar pescadores, barqueiros e banhistas. De acordo com o portal InfoEscola, contos da população ribeirinha dizem que a criatura possui um temperamento forte e, quando nervosa, seu ruído pode ser ouvido a longas distâncias. Além disso, quando vai atacar os
pecadores, o ser agarra o fundo das canoas para que possam virar ou encalhar.
Notícia de destaque nos últimos anos em veículos de comunicação de maior alcance no país, o Caboclo D’água já teria sido visto por dezenas de pessoas na região de Mariana, na história mineira recente. Entretanto, se depender da Acam, todo o temor provocado pelo bicho vai ter fim. Para isso, os estudiosos vão precisar da ajuda de voluntários, que, além de muita coragem, terão que ter disposição.
“Em breve, realizaremos uma caçada ao animal, utilizando isca humana. Já temos três voluntários aprovados, mas precisamos de mais dois. Eles terão que deixar de tomar banho por uma semana para ficar com o odor atrativo para o monstro, além de permanecer 24 horas em uma gaiola na superfície do rio. Se o caboclo aparecer, esses voluntários ganharão R$ 1.000 de recompensa”.
DESAFIO AO CETICISMO
Alguns casos contados por Leandro representam um verdadeiro desafio a pessoas descrentes. Um deles é o da Noiva de Furquim, distrito de Mariana. “Sabemos que um acidente com um ônibus aconteceu próximo a esse distrito, em 1967. Onze pessoas morreram, entre elas uma noiva, enterrada sem sua aliança. Desde então, ela fica pedindo carona a quem passa pelo local, e o mais impressionante é que as pessoas param, ela entra no carro e, em seguida, desaparece, mas quem não para também a vê, pois ela surge de repente dentro do veículo. Certa vez, um ônibus de uma conhecida empresa fazia a linha BH-Ponte Nova, quando ela apareceu no ponto e o motorista parou. Logo depois, o trocador percorreu o veículo para cobrar as passagens e não a encontrou. Informados de que a ‘passageira’ havia sumido, alguns motoristas novatos chegaram a retornar, imaginando que ela havia pulado a janela, mas nada encontraram pelo caminho. O assunto gerou tanta repercussão que um enfermeiro da cidade vizinha Acaiaca, que duvidava da história, chegou a ir com os amigos à entrada de Furquim e desafiou a noiva dizendo que queria vê-la. O problema é que realmente ele a viu e, por isso, entrou em estado catatônico, tendo sido levado ao Hospital de Mariana, onde ficou internado. Depois de recuperado, nunca mais passou pelo local”, narra Soares.
“Há a história da Mãe do Ouro, que também chama atenção pela grande quantidade de depoimentos de pessoas que juram ter visto uma bola de fogo percorrer um trajeto enorme, em baixíssima altura, sem tocar a terra ou queimar o capim. De tanto olharem, alguns chegaram a queimar a retina”, conta o pesquisador. Outro integrante da Acam, Ezequiel Pereira, jura ter visto essa bola de fogo há alguns anos. “Trabalhávamos numa fábrica de tecidos e largávamos o serviço às 5h. Num determinado dia, resolvemos sair do trabalho e fazer um passeio ao Pico do Itacolomi. Foi quando vimos essa bola. À medida que chegávamos perto, ela diminuía, até desaparecer”, recorda-se.
E Leandro continua: “Tem também os casos das minas de ouro, sempre envoltas em mistérios, em que pessoas afirmaram sofrer chicotadas quando tentaram entrar em algumas. Esses corajosos acabaram hospitalizados, com marcas pelo corpo de origem desconhecida. E existe ainda o relato de um estranho batuque, no distrito de Bandeirantes, também em Mariana, que ficou conhecido quando um morador ligou para a Polícia Militar para reclamar do barulho que vinha do alto de um morro. Só que, ao chegar lá, a PM não viu nada, ouviu apenas o som. Hoje, a população, já acostumada aos ruídos dos tambores, chama o fato de Forró das Almas”, conta o pesquisador.
Tantos são os relatos que outro componente da Acam, Rogério das Dôres, passou a se interessar pelo assunto e começou a estudar ufologia, ciência que investiga fenômenos relacionados aos objetos voadores não identificados (Ovnis). Segundo Rogério, um terço da população é dimensional (de outros planetas) e os outros dois terços são planetários (da Terra). “Eu acredito que o homem e a mulher sejam descendentes de raças de ET”, diz.
PARECE, MAS NEM SEMPRE É
Como ter certeza de que certos fatos disseminados são algo realmente sobrenatural? Conforme diz Soares, existe uma metodologia para avaliar cada situação. “Analisamos, por exemplo, o número de aparições e os respectivos locais, além da incidência e das semelhanças dos testemunhos. Rastreamos também antecedentes do caso e estudamos a fundo o assunto”.
E se, como crava o dito popular, “as aparências enganam”, já houve, na história da associação, muitos aflitos que juraram ter problemas com o “lado de lá”, mas, na verdade, faziam parte de situações curiosas – e engraçadas. “Chegou à Acam um caso em que estalos e outros ruídos aparentemente inexplicáveis eram ouvidos, todas as noites, em uma fazenda. Contudo, esse barulho era provocado pela dilatação da madeira no período de verão. Outro relato curioso foi o dos espirros que se ouviam, todas as madrugadas, em uma propriedade. O professor Milton instalou câmeras no local e filmou nada mais do que um gambá resfriado. Isso sem contar a história da latinha de cerveja que rolava sozinha e fez com que um sitiante abandonasse sua fazenda. Apesar de muito estranho, tudo não passou de uma barata, que, ao entrar na lata e absorver o conteúdo, ficava zonza e, ao querer desesperadamente sair, movimentava o objeto”.