Banda Ozome
Na pegada do mangue metal
Formada há quase 10 anos, a banda de rock Ozome vem conquistando os palcos do país e do exterior. Os músicos betinenses são conhecidos por tocar canções autorais que misturam a sonoridade do mangue beat com o peso do heavy metal
Atualmente, a banda Ozome é formada por Thiago de Melo Amaral (contrabaixo), Lucas Bolognani (guitarrista), Gustavo Buzelin (vocal), Álvaro Freitas (bateria), e Marcos Diniz (técnico de áudio – não está na foto)
Em meados de 2004, o músico Gustavo Buzelin teve a ideia de criar uma banda de rock. O objetivo era formar um grupo musical que tocasse um ritmo contagiante e que, ao mesmo tempo, tivesse uma sonoridade própria. Depois da busca por seus integrantes, nasceu a Ozome, uma das principais bandas de Betim que, em pouco menos de 10 anos de carreira, já é repleta de histórias, viagens e conquistas.
Segundo o baterista Álvaro Freitas, no início, a situação não foi tão fácil. “Havia muita dificuldade em compor a banda. Quando o grupo não estava totalmente formado, os músicos eram contratados. Isso gerava certo desconforto, não só pelo compromisso do dinheiro, mas pela busca da própria identidade da banda”, disse Álvaro.
Apesar disso, em 2005, a banda abriu shows de grandes artistas do cenário musical nacional como O Rappa, Raimundos, Ira e Capital Inicial. Dois anos depois, lançaram seu primeiro álbum, “Etereofagia”, disco que foi produzido, gravado e masterizado por Péron Rarez, profissional renomado em Minas Gerais.
Com seu primeiro álbum lançado, eles passaram a se apresentar em várias cidades do Estado e do país. Em 2008, a maratona foi grande para os músicos. Eles fizeram uma série de shows em Recife (PE) e Maceió (AL). Depois, foi a vez de Florianópolis (SC) receber os betinenses. No mesmo ano, eles participaram do 21º Inverno Cultural da Universidade Federal de São João del-Rei e no ano seguinte foram os grandes vencedores, com a música “Etereofagia”, do IV Festival de Música ao Pé da Serra em Passagem de Mariana. Além disso, a banda conquistou, em Betim, o primeiro lugar no quesito performance, na edição 2011 do Betim Fest Music.
No ano passado, a Ozome trabalhou muito. Gravou um grande disco no estúdio Jota Quest, com coprodução de Péron Rarez, participou de vários festivais independentes e em dezembro recebeu um dos seus prêmios mais importantes: o primeiro lugar no Festival Intercultural da América do Sul. O evento foi realizado no Rio de Janeiro e teve a participação de 300 bandas.
“Nós até esperávamos uma boa colocação. Não vou dizer que foi uma grande surpresa sermos os vencedores, porque demos o nosso sangue, mas foi, sim, gratificante”, recorda o guitarrista Lucas Bolognani. Ele lembra ainda que o grupo estava apreensivo na hora da divulgação do resultado, mas que o prêmio mostrou a identidade da banda. “Alguns artistas tocaram músicas já conhecidas, enquanto nós apresentamos somente canções autorais. Convencemos o júri pelo nosso trabalho, nossa cara. Foi um reconhecimento do nosso trabalho”, complementa.
Influência
Alguns ritmos musicais influenciaram diretamente a sonoridade da banda. “O movimento mangue beat, que surgiu em Recife nos anos 90 e foi encabeçado por Chico Science e Fred 04, é um deles. Ele sempre foi muito presente em nossas vidas. Eu, por exemplo, morei em Maceió na década de 90, quando o movimento surgiu”, conta o contrabaixista Thiago de Melo Amaral.
Já as experiências pessoais dos integrantes da banda também foram preponderantes para que eles chegassem a um estilo próprio. “Eu tive oportunidade de estudar música e me formei bacharel em contrabaixo acústico. Isso reflete diretamente na hora de compor e interpretar do grupo. Gustavo também estudou música e se identificava muito com essa sonoridade vinda de Pernambuco. Já o Álvaro, como músico e pesquisador musical, teve contato com a essência mangue beat, o maracatu, ao participar de grupos de música étnica (folclórica). Lucas nasceu um cara de muito bom gosto musical e pegada precisa. Tocou e toca nas melhores bandas de rock pesado, jazz e música instrumental de Betim. Ele trouxe a bagagem que faltava para essa nossa ‘viagem sonora’. Acredito que um termo claro para definir o som da banda foi criado por um amigo próximo. Ele disse que a Ozome toca ‘mangue metal’, uma mistura de mangue beat e heavy metal”, destaca Thiago.
Sucesso no exterior
O primeiro CD da banda foi um instrumento para que os músicos pudessem participar, por dois anos consecutivos (2008 e 2009), do Festival Ferrara Buskers, na Itália, maior evento de artistas de rua da Europa. “Foi uma experiência gratificante. Apesar de acontecer nas ruas, tudo era muito organizado. Cada banda ou grupo tinha seu local determinado e as pessoas conferiam em mapas onde seriam as apresentações. Havia ali uma mistura de culturas, uma diversidade imensa. Isso foi muito bom para nós podermos conhecer e ter contato com outros artistas e eles, conosco”, salienta Álvaro.
Projetos para o futuro
“Em 2013, nossa meta é produzir mais que em 2012, um ano próspero e de muito trabalho para a banda. Precisamos captar recursos financeiros para custear as viagens e nossos projetos. Já temos confirmadas uma viagem para a Argentina e algumas surpresas. Estaremos empenhados na divulgação do disco novo, por meio dos festivais do circuito independente, de mídias em geral, e na gravação do nosso primeiro videoclipe”, conta Thiago.
Os integrantes desabafam que, mesmo com uma agenda cheia, em sua cidade natal, Betim, a receptividade ainda é pouca. “Fazemos mais show fora de Minas do que no Estado. Em Betim, nós nos apresentamos muito pouco. Queríamos que fossem mais vezes, afinal, somos daqui”, lamenta