Batalhão da PM: agora sai?
Aciabe, OAB-Betim, AME e SindComércio querem prioridade do governo estadual para estruturar a segurança pública na cidade. Uma verba de cerca de R$ 7 milhões para a construção do batalhão em Betim será incluída no orçamento da Polícia Militar (PM) para o ano de 2013. A garantia foi dada pelo chefe do Estado Maior da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Divino Pereira Brito, aos dirigentes de quatro entidades empresariais betinenses durante audiência na Cidade Administrativa, sede do governo mineiro. “Sabemos que a inclusão da verba não garante o início da obra, mas é o primeiro passo para que a PM de nossa cidade tenha uma sede e deixe de ocupar imóveis improvisados”, afirma o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Betim (Aciabe), Tomaz Brum.
A construção do batalhão é cobrança antiga da população e uma necessidade reconhecida pelo próprio comando da PM. “O coronel diz que Betim já precisaria de dois batalhões de um efetivo mínimo de mil homens. Mas, temos pouco mais de 500” depois da evasão de mais de 300 nos últimos dois anos”, pontua o presidente do Sindicato Patronal do Comércio (SindComércio), Helvécio Siqueira Braga, que também participou da reunião. Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Betim) e da Associação das Mulheres Empreendedoras de Betim (AME) foram os demais presentes.
O pequeno número de policiais nas ruas da cidade é outro questionamento feito pelas entidades ao comando da PM no Estado. “O batalhão será uma referência para a população, pois ajuda a dar uma sensação de segurança, mas precisamos mesmo é de mais PMs”, cobra o presidente do SindComércio. Segundo ele, o chefe do Estado Maior se comprometeu também a ampliar o efetivo da PM em Betim, fazendo-o chegar a pelo menos 850 policiais no próximo ano.
A recente convenção coletiva do comércio, que permite que as lojas no centro de Betim fiquem abertas após as 13h de sábado, é mais uma indicação de como a presença mais efetiva da PM na município é urgente. “É uma mudança de cultura; as ruas terão mais movimento, as lojas estarão abertas até a noite. E como fica a segurança?”, questiona Helvécio. “Fomos ao comando para mostrar nossa preocupação e cumprir o nosso dever enquanto entidades que se interessam pelo bem coletivo”, acrescenta Brum.
“Shopping a céu aberto” no centro de Betim
Um consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-MG) deve começar, ainda em agosto, uma série de visitas a comerciantes, visando à adesão ao Projeto de Desenvolvimento do Comércio do Centro de Betim, elaborado a partir de um diagnóstico que aponta necessidade de mudanças no mercado local com a chegada de dois grandes shoppings. Segundo a gerente do projeto, Denise Duarte, o objetivo é reunir pelo menos 30 empresários do arco de atuação do Sebrae, que é voltado para as empresas de pequeno e médio portes. “Os comerciantes precisam entender que os novos empreendimentos vão impactar o comércio do centro. Eles devem avaliar a forma de gestão, os produtos que oferecem e o visual das lojas. Os clientes podem migrar para os novos shoppings”, adverte.
De acordo com uma das diretoras da Aciabe, Simone Asunção, há pouco mais de um ano, o Sebrae reuniu várias entidades e sugeriu a formatação e um projeto de modernização do comércio na região Central de Betim. “Os comerciantes do centro têm uma história de tradição na cidade e merecem acompanhar essa nova fase do município, não só por causa dos novos centros de compra, mas, também, por conta das obras de revitalização realizadas pela prefeitura”, avalia. Segundo ela, a Aciabe acredita que a contribuição do Sebrae é uma grande oportunidade para os empresários se fortalecerem diante das novas perspectivas oferecidas pelo mercado.
Terreno e projeto
Uma área de quase 134 mil metros quadrados, próximo à avenida Marco Túlio Isaac, foi doada pela Prefeitura de Betim, no ano passado, para abrigar o batalhão da PM na cidade. O município também fez parceria com uma empresa que elaborou o projeto executivo da obra, prevendo uma construção de 5.000 metros quadrados. Um dos blocos será para a gestão operacional e o atendimento ao público, além de rota para a entrada e a saída de viaturas. Outro pavimento será do complexo militar, com a guarda de armamentos, e o terceiro incluirá área de lazer e pista de corrida, para os treinamentos físicos.
Para o presidente da OAB-Betim, Gilberto Sá, caso construa o batalhão da PM, o governo estadual começará a quitar uma grande dívida com a cidade. “O Estado é omisso com Betim. Se não tem batalhão, a PM não tem estrutura para fazer os procedimentos em relação aos crimes. A Polícia Civil não possui estrutura, e o Judiciário está num prédio emprestado. Essa situação precária serve como desculpa para os órgãos não cumprirem seu papel. Se a sociedade civil não pressiona, a gente sabe que as coisas não andam. Por isso, as entidades foram lá para cobrar”, afirma Sá.