Cautela no tratamento antiaging

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Criado em 15 de Junho de 2012 Saúde e Vida
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“Fonte da juventude” pode ser perigosa.

A promessa de retardar os efeitos da idade que o tratamento antiaging tem feito para muitos adeptos das “cápsulas mágicas” pode oferecer risco à saúde, segundo alerta da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia mais conhecido como “um país de jovens”. Os números assustam alguns brasileiros, que estão buscando, cada vez mais, as terapias de antienvelhecimento, também conhecidas como antiaging, com o objetivo de retardar as consequências estéticas e biológicas que o passar do tempo nos traz. De acordo com o Censo Demográfico de 2010 (IBGE), atualmente, os idosos respondem por cerca de 11,3% da população, o que equivale a aproximadamente 21 milhões de indivíduos. A previsão é que, em 2025, o Brasil tenha mais de 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos e que, em 2040, a população geriátrica ultrapasse em números absolutos a infantil.

O objetivo da terapia, de acordo com o grupo Longevidade Saudável, é retardar sinais de envelhecimento, bem como dar mais disposição e saúde à pessoa, oferecendo ao corpo a reposição de vitaminas, hormônios e sais minerais. Ainda segundo o grupo, o tratamento antiaging é praticado por mais de 1.500 médicos e conta com mais de 500 mil pacientes, que, de forma consentida e espontânea, optaram por esse modelo de saúde para suas vidas. Cerca de 30% dos usuários dessa medicina são os próprios médicos que a aplicam, juntamente com seus familiares. De acordo com o ginecologista precursor do tratamento antienvelhecimento no Brasil e do grupo Longevidade Saudável, Ítalo Rachid, em entrevista ao programa “Sem Censura”, da TV Cultura, o tratamento não traz malefícios à saúde. “É um programa particular que deve ser realizado de acordo com a necessidade de cada paciente. O tratamento é individual e não possui relação direta com a idade. A reposição de hormônio, ao contrário do que alguns ainda dizem, não causa câncer. Esse tipo de doença alcança muito mais as mulheres e os homens que produzem menos hormônios do que os mais novos, que possuem uma produção normal. Em 25 anos, eu não tive nenhum caso de câncer em pacientes que fazem tratamento antiaging”, afirma.

O empresário Cléber Júnior, 35, usa os produtos para o tratamento antiaging e tem sentido melhora no funcionamento do corpo. “Comecei a usar há aproximadamente dois anos, por indicação de um médico. Atualmente, tomo cerca de 30 cápsulas distribuídas ao longo do dia, associadas a exercícios físicos diários, como musculação e corrida. Essas cápsulas agem como anti- -inflamatórios naturais, na prevenção de doenças cardiovasculares e de câncer, na aceleração do metabolismo e na queima de gordura, no aumento de massa muscular, estimulam o bom humor, a sensação de bem-estar, além de diminuírem os níveis de colesterol. Nunca tive efeito colateral. Ao contrário, percebi uma melhora em todos os exames de colesterol, triglicérides, glicemia, entre outros”, explica Cléber, que diz gastar cerca de R$ 2.000 por mês com os produtos.

Um alerta feito pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), entretanto, pode mudar o consumo dos medicamentos indicados nessas terapias. Apesar de comuns os depoimentos positivos de pessoas que passam pelo tratamento antiaging, a SBGG mostra os perigos que ele pode oferecer, desde o aumento da toxidade no organismo até casos de câncer. Em campanha contra a prática do antiaging, a SBGG diz que a terapia não possui comprovação científica quanto à sua eficácia e se baseia na promessa aos pacientes de reverter ou minimizar os sintomas da idade avançada, principalmente os relacionados à estética e ao organismo saudável. A conclusão surgiu de uma extensa revisão de estudos científicos sobre o assunto realizada por um grupo de especialistas da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. A equipe consultou 164 referências bibliográficas, das quais 79 foram analisadas. A partir da revisão, membros da SBGG produziram um documento com 12 recomendações. A principal crítica diz respeito à reposição hormonal e à suplementação com antioxidantes, vitaminas e sais minerais, medidas propostas pela técnica. Essas substâncias entrariam em declínio no corpo a partir dos 30 anos.

Segundo a publicação da presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Silvia Pereira, a SBGG condena o uso de hormônios, vitaminas, antioxidantes e outras substâncias que (supostamente) poderiam prevenir, retardar ou reverter o processo de envelhecimento. “Diante da extensa literatura já publicada sobre o assunto e como ainda não existem evidências científicas de que o processo do envelhecimento é causado pela redução da produção hormonal, está contraindicada a prescrição de terapia de reposição de hormônios como terapêutica antienvelhecimento com os objetivos de prevenir, retardar, modular e/ou reverter o processo de envelhecimento; prevenir a perda funcional da velhice, de doenças crônicas e promover o envelhecimento e/ou longevidade saudável”, diz o texto publicado.

A SBGG indica, para a promoção da saúde do idoso e o estímulo ao envelhecimento saudável, as ações que já estão delineadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no programa Envelhecimento Ativo, as quais também têm uma base educativa ao promoverem estilos de vida saudáveis, participação social e preservação e adequação do meio ambiente.




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