DIETA DO HCG
POR LUCAS MENDES PENCHEL
A LUTA CONTRA A BALANÇA VIROU EPIDEMIA e não faz somente parte das classes abastadas. A obesidade assombra todas as classes, provando que não é só o excesso de alimentos que tem causado esse problema tão sério, mas, sim, a forma de alimentação, isto é, a qualidade da alimentação. São mais de 1 bilhão de pessoas com sobrepeso no mundo. Só no Brasil, essa taxa ultrapassa os 56% da população adulta.
Diversos medicamentos foram e continuam sendo criados, mas o certo é que, até hoje, nenhum deles conseguiu a fórmula milagrosa do emagrecimento. Sim, a medicina perdeu a batalha contra a obesidade e ainda espera que seja lançada uma nova droga potente, que consiga resolver o problema. O grande detalhe é: não é a droga que vai solucionar a questão, mas o tratamento dos múltiplos fatores – sejam eles alterações hormonais, do sono, do comportamento ou do metabolismo – que podem causar diretamente o ganho de peso.
Antes de julgarmos qualquer técnica, precisamos ir direto até sua fonte para entender um pouco mais sobre suas experiências e intenções. Mais do que ler um livro recente, devemos buscar referências em publicações anteriores.
Em 2013, tive a oportunidade de conhecer o doutor Daniel Belluscio (criador do HCG oral e fundador do The Oral hCG Research Center) em um dos seus cursos pelo mundo. Até então, eu era contra o tratamento, talvez por não saber nada sobre o protocolo, mas, como menciono em conversa informal com amigos, antes de falarmos mal, vamos estudar, aprender e compreender.
HCG é o acrônimo (sigla) em inglês para Gonadotrofina Coriônica Humana, uma substância produzida pela placenta durante a gravidez (gestação) em grandes quantidades. Ela foi descoberta em 1927, por Ascheim e Zondek, na urina das mulheres grávidas.
A dieta do HCG não é nova, tendo sido proposta pelo médico britânico Albert Simeons, especialista em obesidade e em regulação do peso, que exercia sua profissão em Roma, entre os anos de 1950 e 1970. Seu programa utilizando o HCG tem ajudado inúmeras pessoas de todo o mundo a controlar o efeito sanfona após a perda de peso.
A teoria do doutor Simeons diz que o HCG aciona uma liberação de depósitos de gordura anormal na área do hipotálamo (parte vital do nosso cérebro que controla todas as funções autônomas do corpo) e, quando administrado em doses relativamente pequenas em comparação à quantidade produzida durante a gravidez, associado a uma dieta baixa em calorias, ocorrem a perda de peso e muitos outros benefícios de saúde, incluindo uma melhora nos níveis do colesterol, da pressão arterial e da quantidade de açúcar no sangue (segundo relato de pessoas que seguiram a dieta corretamente).
Embora o hormônio seja encontrado em maior quantidade nas mulheres, essa dieta também funciona em homens. Entretanto, como qualquer medicação, há variação individual na eficácia; ainda que o HCG seja eficaz para algumas pessoas, não há promessa de que ele possa funcionar para todos da mesma maneira, além de possuir contraindicações, assim como qualquer outro tratamento.
Muitos acabam descrevendo a dieta do HCG como “dieta sem alimentar”, “dieta de baixíssimas calorias”, “dieta de passar fome”, mas ela é projetada para mobilizar a gordura armazenada, ou seja, o corpo irá obter energia vindo desse excesso de gordura disponível. Essa dieta requer uma alimentação bem restritiva, protocolo que pode ser alterado dependendo do metabolismo basal, do estilo de vida, da idade, do peso e da estatura do indivíduo. Precisamos ser racionais e elaborar um plano alimentar muitas vezes bem superior ao proposto pelo protocolo, que é de 500 kcal\dia.
Mas, sem dúvida, a dieta HCG só será eficaz para a perda de peso se houver a dieta em acompanhamento com o hormônio. Logo, se você deixar de seguir a dieta, você vai deixar de perder peso.
Quanto ao término da dieta do HCG, as pessoas que a fizeram relataram que não só perderam peso físico, mas também tiveram melhora de apetite e mudança do comportamento alimentar.
Este texto não serve de incentivo para a realização do tratamento. O principal objetivo aqui é apresentar aos leitores essa dieta, informando-os de seus benefícios e malefícios. Seja on label (Sibutramina, Orlistate), seja ou off label (antidepressivos, ansiolíticos, sensibilizadores da insulina), aos olhos de profissionais da saúde que utilizam esse protocolo, atualmente, o HCG é o produto que tem demonstrado melhores resultados tanto na perda, quanto na manutenção de peso após a terapia.
Lembre-se de que, independentemente do uso ou não de medicamentos, ou de fitoterápicos, é de extrema e fundamental importância realizar atividade física, modificar o estilo de vida e seguir um protocolo ideal de alimentação.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) posicionam-se contra o uso por afirmarem não haver evidências científicas que comprovem seu benefício no emagrecimento.
Finalizo com a Declaração de Helsinque, um conjunto de princípios éticos que regem a pesquisa com seres humanos: “O médico deve ter a liberdade, no tratamento de um paciente, de usar uma nova providência diagnóstica ou terapêutica se, em seu julgamento, isso oferecer esperança de salvar vida, restabelecer saúde ou aliviar sofrimento”.
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Organização Mundial de Saúde – Junho/1964 –Tokyo/2004
*Médico esportivo e nutrólogo com especialização em nutriendocrinologia
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