Educação: Sonho e Realidade
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Criado em 24 de Julho de 2012
Comportamento
O objetivo educativo é formar o indivíduo para a cidadania e para o convívio social. Mas, afinal, somos cidadãos educados? O que significa ser um cidadão educado? A reflexão sobre a educação e a qualidade da mesma é assunto de suma importância, pois envolve nosso futuro social e político.
Para os antigos gregos, a formação do cidadão buscava integrar o jovem à polis (cidade), fazendo dele um membro efetivo e responsável. Esse processo educativo era extenso e implicava o controle das paixões e de ações intrínsecas ao ser humano, como a avidez, a sede de poder econômico e político, a violação de leis, a soberba, o orgulho. Assim, a formação tinha como objetivo atingir com integralidade as dimensões do jovem, suas formações física, psíquica, civil e moral.
E como anda a educação hoje? Creio que uma análise simples do comportamento dos jovens de hoje deixa às claras a resposta. Educa-se para a competição, para o poder e para o consumo. Destinamos o tempo valioso do processo educativo para formar produtores-consumidores, cada dia mais agressivos, politizados e menos civilizados.
A educação integral começa sua ação no primeiro núcleo de convivência: a família. Jean Jacques Rousseau (1712-1778) disse: “A educação do homem começa no momento do seu nascimento; antes de falar, antes de entender, já se instrui”. Nesse núcleo, o jovem tem contato com o social, o que é fundamental para a formação de seu caráter. “O homem é um ser social”, já dizia Aristóteles (384 a.C-322 a.C). Sendo assim, a educação deve sempre buscar sua base na socialização de todas as dimensões do cidadão.
Kant (1724-1804) escreveu: “Duas coisas me deixam maravilhado: o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim”. Com certeza, o céu continua lindo mesmo com a poluição, mas e a lei moral que existe no interior do ser humano?Creio que clama por orientação. Moral não se confunde com moralismo. Coloca em evidência as virtudes naturais que cada ser carrega consigo e que o sistema educacional tem que fazer brotar para dar frutos. “A educação desenvolve as faculdades, mas não as cria”, dizia Voltaire (1694-1778).
Se o objetivo educativo é formar o indivíduo para a prática da cidadania e para o convívio social, será mesmo que a lei moral, e não moralista, brilha nas consciências dos humanos? Ao se observar o atual cenário, não se tem conforto algum. Assistimos à corrupção e aos corruptos se desdobrando em explicações cada vez menos convincentes, à violência e aos violentos se organizando para uma guerra civil, enfim, ao conceito educacional e a seu produto final se contradizerem. Aristóteles (384 a.C-322 a.C) sustentava que as virtudes nascem da permanente repetição de boas ações, que acabam por se tornar hábitos, como a honestidade, a fortaleza, a simplicidade, a solidariedade, a sabedoria, a honradez. Esperar que as pessoas, por si só, voltem a um estado espontâneo de consciência é ilusão. Deve-se remodelar o processo educativo. E, justamente pela educação de qualidade e com investimentos prioritários, pode-se encontrar uma luz no fim do túnel. A educação das novas gerações é uma tarefa confiada às famílias, isto é, a todos nós; à escola e às universidades, isto é, a toda a sociedade.
O investimento real na educação cidadã é a garantia de um presente mais consciente e de um futuro saudável e justo para as gerações seguintes. Portanto, “o homem não é nada além daquilo que a educação faz dele”, conforme disse Kant (1724-1804). Assim sendo, precisamos colaborar para educar e formar os cidadãos de hoje e os do futuro, pessoas responsáveis e atentas que vão sustentar os projetos de uma sociedade equilibrada e mais justa.