Ele constrói sonhos

Entrevista - Wenceslau Moura

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Criado em 12 de Fevereiro de 2014 Conversa Refinada

Entrevista - Wenceslau Moura

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Um homem simples, de temperamento calmo e perfil reservado. Assim é Wenscelau Moura, 49, um dos pioneiros do setor imobiliário de alto padrão em Betim e fundador da Hewa Engenharia, construtora instalada no município há 18 anos. Focado no crescimento de sua empresa, ele gosta de viver emoções fortes correndo de kart, diverte-se com os amigos em jogos de truco, mas seu principal objetivo é se dedicar com mais afinco a sua mulher, aos filhos e à neta

Viviane Rocha

REVISTA MAIS – O senhor nasceu em Betim?

WENSCESLAU MOURA – Nasci em Sete Lagoas, mas considero Morada Nova de Minas, uma cidade localizada na região Central do Estado, minha terra natal. Foi lá que meu pai (o político Walter Moura, 82) nasceu, é onde ele trabalha, administra sua fazenda e atua como prefeito. Hoje, minha vida se divide entre lá e Betim. Já vivo aqui há 15 anos. Mudei-me para o município naquela fase em que a cidade teve um boom econômico e, principalmente, imobiliário. Acredito que vim para cá no momento certo.
 
Por quê?
Acreditei em Betim e sempre achei que a cidade tinha tudo para se desenvolver bem. Além de ser um município próximo a Belo Horizonte e com diversas empresas instaladas, não tinha imóveis com padrão de alta qualidade. Lembro que, na época, tinha muita gente que trabalhava aqui, mas morava na capital devido à falta de bons imóveis. Diante disso, eu me propus a entrar no ramo, oferecendo um produto com um melhor padrão de qualidade. E deu certo.
 
Além do interesse empresarial, o que mais motivou a sua vinda para cá?
Brinco que Betim é uma roça grande. Quando vim para cá, conheci desde pessoas tradicionais e/ou com uma boa condição financeira até as mais simples, com as quais me identifiquei bastante e fiz fortes amizades. Isso, além do meu negócio imobiliário, que começou a prosperar, me faz gostar muito da cidade.
 
O que mais lhe agrada aqui?
É o fato de que, em uma simples caminhada pelas ruas da cidade, podemos encontrar pessoas conhecidas e amigos. No centro de Betim, por exemplo, existem muitos relacionamentos interpessoais. Não falo sobre calor humano, pois não sou uma pessoa muito calorosa, que se liga emocionalmente facilmente, mas é sempre bom esbarrar com rostos conhecidos na nossa cidade. Por isso, digo que Betim é uma cidade com ares interioranos. Em Belo Horizonte não acontece isso. Lá é um local mais frio, onde não há, com tanta facilidade, essas relações de amizade.
 
Então, o senhor fez muitos amigos em Betim?
Alguns. Conheço bastante gente aqui, e alguns considero amigos mesmo.
 
Qual sua formação profissional?
Sou engenheiro civil, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Quando vim para cá, trabalhava basicamente com carvão vegetal e dividia meu trabalho com a construção civil. Depois, com o tempo, larguei esse ramo e me dediquei somente à construção civil.
 
A engenharia é uma tradição na sua família?
Não. Além de atuar na política, meu pai é advogado e trabalhou no setor bancário. Ele em nada influenciou a escolha da profissão dos filhos, tanto que cada um ingressou em uma área diferente. Tenho um irmão médico, um engenheiro de computação, um veterinário e uma irmã formada em música, que trabalha com artes. Dos quatro, sou o mais velho.
 
É casado?
Sim, pela segunda vez. Minha primeira esposa, com quem tive três filhos, é de Morada Nova de Minas, mas, depois que nos separamos, continuou morando aqui. Atualmente, estou com a Sália, com quem tenho um relacionamento há cinco anos e um filho de apenas 1 ano: o Murilo. Meus filhos mais velhos já trabalham comigo e, ao que tudo indica, vão seguir a profissão do pai. A mais velha, Glenda, 24, cursa engenharia civil pela UFMG. A Jéssica, 21, está se formando no mesmo curso pela PUC. Já meu filho adolescente, Vinícius, 16, está cursando o pré-vestibular e parece que pretende estudar engenharia também.
 
Dizem que o senhor é aficionado pelo trabalho. Isso é verdade?
Há cerca de oito anos, realmente eu podia ser considerado uma espécie de workaholic. Trabalhava, praticamente, todos os dias. Porém, depois de um tempo, passei a diminuir o ritmo. Hoje, acordo às 6h30, vou malhar e só depois vou para o escritório e percorro alguns empreendimentos da minha empresa: a construtora Hewa Engenharia. Mas, como tenho outros engenheiros fiscalizando as obras, fico mais no escritório, administrando a empresa. Também deixei de trabalhar nos fins de semana.
 
O senhor já venceu, por duas ocasiões, a corrida do Copa Kart, evento promovido anualmente pela Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Betim. O esporte é uma de suas paixões?
Sim, sempre gostei muito de automobilismo. Praticamente, todos os fins da semana, corro no Kartódromo Internacional de Betim ou em uma pista de Belo Horizonte. Mas, de vez em quando, também vou a São Paulo praticar no maior centro do automobilismo do Brasil.
 
Muitas vitórias no currículo?
Já ganhei alguns campeonatos em Betim e venci por duas ocasiões o Copa Kart. Também disputei o campeonato mineiro, mas, em 2002, desisti, porque quebrei a costela correndo.
 
Depois disso, nunca mais disputou o campeonato mineiro?
Não, o kart é um esporte muito caro. Para competir, precisamos ter uma dedicação maior e, hoje, escolhi cuidar mais da minha família. Na verdade, ando de kart mesmo, em média, de duas a três vezes por mês.
 
Como surgiu essa paixão?
Sempre apreciei muito veículos e, como em Betim existia um kartódromo, resolvi comprá-lo, em 1999. Reabri o espaço e passei a promover as corridas no local. Mas, em 2005, decidi vendê-lo. Hoje, corro apenas por hobby.
 
E como descobriu o kart?
Sinceramente, não me lembro. Quando comecei a trabalhar em Betim, em 1995, conheci o espaço do kartódromo. Sou fã do Ayrton Senna e, como ele uma vez disse em entrevista que o kart é o esporte que mais se aproximava da categoria profissional, que é a Fórmula 1, resolvi apostar nisso. Quando andei pela primeira vez, constatei que o que ele havia dito estava certo: o kart é um veículo rápido, que corre em uma pista pequena e com muitas curvas, por isso, a força que o piloto tem de usar é semelhante àquela utilizada na Fórmula 1. Gostei e comecei a praticar.
 
O senhor parece ter um temperamento calmo e, geralmente, pessoas assim gostam de atividades com muita adrenalina, como é o caso do kart. Quais outras modalidades esportivas gosta ou pratica?
Eu jogava futebol, mas parei porque me machucava muito. Também fiz rapel e já pensei em saltar de asa delta e paraquedas, porém, desisti porque considerei a pratica perigosa. Para mim, que sou proprietário de uma empresa e possuo 200 colaboradores dependendo desse empreendimento, é melhor pensar duas vezes antes de me arriscar em uma atividade mais radical. Esporte mais de risco mesmo só o kart.
 
Quem são os seus pilotos preferidos? O espanhol Fernando Alonso, que corre pela Ferrari, e o alemão Sebastian Vettel, da Red Bull. Mas acho que, se o Alonso tivesse um carro tão bom quanto o do Vettel, os dois estariam em condição de igualdade. Entre os brasileiros, não vejo ninguém com condições de ser campeão.
 
E quanto aos esportes tradicionais? Do que gosta?
Torço para o Atlético Mineiro. Já no vôlei, eu torcia pelo Betim, mas, como hoje ele se tornou o Sada Cruzeiro, parei de torcer. Vibrar pelo Cruzeiro não dá. De qualquer forma, penso que foi uma bobeira Betim ter perdido o time. Inclusive, a Hewa Engenharia foi patrocinadora da equipe bem no início. Sem ela, perdemos uma boa chance de o município se destacar no cenário esportivo nacional.
 
Deivisson Fernandes
 
O que gosta de fazer para se divertir?
Minha família e eu viajamos muito para Morada Nova de Minas. Como eu disse anteriormente, meu pai tem uma fazenda lá. Fica próxima a uma represa, que tem um clube administrado pela minha família. Mas também gosto de jogar truco, tomar cerveja com os amigos e promover churrascos. Também adoro dançar forró. O bom da vida é partilhar esses momentos com as pessoas de que mais gostamos. Considero-me uma pessoa feliz.
 
Já participou de campeonatos de truco?
Sim, alguns na minha cidade natal, e promovi dois campeonatos aqui na Hewa Engenharia. O pessoal de obra gosta muito de truco. O problema é que toda vez que participo ganho (risos).
 
É um especialista em truco então?
Nem tanto. Gosto mesmo é de participar.
 
Mas o senhor parece ser uma pessoa competitiva...
Sou muito. Entro é para ganhar.
 
Em qualquer aspecto?
Sim. Quando me proponho a fazer alguma coisa, dou o melhor de mim. Mas tem momentos que perco. Tenho consciência disso.
 
É um bom perdedor?
Acredito. No campeonato de kart da CDL, por exemplo, venci duas edições e fui vice-campeão em duas. No terceiro campeonato, a pontuação ficou errada. Primeiro, fiquei classificado em terceiro, mas, na recontagem dos votos, fui o segundo colocado. Quem venceu fez por merecer.
 
Sobre viagens, sonha conhecer algum lugar especial?
Adoro viajar pela Europa, já fui a diversos países por lá, como França, Itália e Inglaterra. Mas sonho conhecer a Grécia e o Egito. Ainda não fui porque esses países estão em crise.
 
Que tipo de música gosta de ouvir?
Basicamente, sertaneja. Mas já escutei muito Beatles e Supertramp na minha juventude. Também gosto de Guilherme Arantes, Roupa Nova. Atualmente, a música brasileira está muito fraca. Escuto sertanejo, mas também acho que já está ficando repetitivo. As músicas antigas são melhores.
 
É um homem romântico?
Acho que sou. O romantismo é bom para todo mundo.
 
Foi muito namorador na juventude?
Até que não. Mas, quando eu brigava com a namorada, fazia um pouco mais de bagunça. Namorei minha primeira esposa com 17 anos e me casei aos 23. Fiquei 19 anos com ela. Fiz pouca farra. Hoje, sou casado há cinco anos.
 
O que a família representa para você?
Ela é o nosso alicerce, quem sempre vai nos apoiar e vice-versa. Uma pessoa que tem uma família unida, independentemente dos problemas, consegue seguir em frente.
 
Qual o principal valor que aprendeu com os seus pais?
A honestidade e o trabalho. Procuro ensinar isso para os meus filhos.
 
E o principal defeito?
Sou individualista e um pouco calado, reservado.
 
Ser reservado não seria uma estratégia?
Tem momentos que é um defeito. Conheço muita gente, mas não sou de guardar nomes, por exemplo. Não sou de me envolver com os problemas dos outros. Por ser fechado, acabo me esquecendo de me relacionar mais com as pessoas. Acho que isso é individualismo mesmo.
 
Acredita que conseguiu realizar todos os seus sonhos?
Estou conseguindo realizar. Queria criar os meus filhos com um patamar financeiro acima do que tive, oferecendo a eles um apoio pessoal. Essa última parte ainda estou tentando cumprir. Acredito que sempre temos de alimentar sonhos, objetivos. É isso que move a vida.
 
Qual seu próximo objetivo?
Quero ajustar algumas coisas na minha vida, na minha família, e ajudar mais a sociedade. Ser um cidadão mais atuante. Não consegui dividir muita coisa ainda.
 
Sua missão está cumprida?
Acho que sim. Minha empresa tem um papel social com os funcionários, meus filhos estão bem encaminhados. Estou realizado.
 
A Hewa Engenharia é o seu maior orgulho?
Sim, foi uma empresa criada com muito trabalho e pouco capital. Betim foi uma cidade que me recebeu bem e que não tinha a visão imobiliária que considero que eu trouxe. Fui o pioneiro neste ramo e, sem dúvida, a Hewa é um orgulho.

 




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