Ele por elas

 

QUATRO CADELAS DE RUA DE BETIM tiveram os destinos cruzados pela boa ação de um comerciante da região central do município. Há aproximadamente quatro anos, o proprietário do restaurante Peixe & Cia., Evandro Benjamin da Cruz, dá ração, água e até banho nas bichinhas, além de levá-las ao veterinário e medicá-las quando necessário. Seguindo na contramão dos inúmeros casos de violência contra animais que são frequentemente noticiados, a atitude de Benjamin proporciona aquele “quentinho” no coração de quem, assim como ele, é solidário à causa.

A história começou com um canteiro de obras instalado em um terreno perto do restaurante e com a presença de dois cães acompanhando os seguranças que permaneciam no local 24 horas. Um tempo depois, dois filhotes foram deixados em uma praça próxima. “Esperei para ver se alguém ia adotá-los, mas, como ninguém os pegou, levei os cachorrinhos para o lote. A obra acabou sendo abandonada, e os quatro ficaram lá”, conta Evandro.

Daí, então, o número de cachorros aumentou quase cinco vezes e chegou a 18. É que duas fêmeas ficaram prenhes e tiveram, ao todo, 14 filhotinhos. Mas, após muita divulgação, todos foram adotados e tiveram um final feliz. Às que ficaram, restou a gratidão. “Sempre que eu chego, elas vêm atrás de mim fazendo festa. São todas muito carinhosas”, diz o dono do restaurante, ressaltando que as quatro foram castradas.

Segundo ele, o apego das cadelas já gerou até um mal-entendido, levando uma cliente a pensar que elas viviam dentro do estabelecimento. “Isso não é verdade, nem poderia ser. O que acontece é que, às vezes, quando elas me veem, me seguem e acabam vindo até aqui, mas logo voltam para o lugar delas”, garante.

A solidariedade de Benjamin foi se multiplicando, e, hoje, todos os funcionários abraçam a ideia e também se dedicam aos cuidados diários com os animais do terreno vizinho. “O bom de tudo isso é ver que tem muita gente boa”, conclui o dono do Peixe & Cia.

 

 

Segundo Benjamin, a solidariedade se multiplicou entre os funcionários, e, hoje, todos abraçam a ideia e também se dedicam aos cuidados diários com os animais do terreno vizinho.

 

CUIDADOS PARA QUEM CUIDA

A veterinária Kênia Mara Cardoso reitera a afirmação do comerciante de Betim. De acordo com ela, há muitas pessoas dispostas a ajudar com recursos simples, mas que fazem grande diferença. Exemplo disso são as casinhas solidárias colocadas nas calçadas para abrigar os animais da chuva, do sol e do frio.

A boa vontade, no entanto, não deve ser isenta de alguns cuidados, conforme advertido por Kênia. A veterinária ressalta que a água deixada para os bichos deve ser trocada ao menos duas vezes ao dia para permanecer fresca e evitar a procriação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, da zika e da chikungunya. Para a alimentação, a ração é melhor do que a comida, principalmente em dias quentes. “Se o alimento ficar exposto por muitas horas, pode acabar se deteriorando e vir a ter bactérias patogênicas, causando uma intoxicação no animal. O alimento seco tem uma validade maior no ambiente”, diz.

Outra dica é observar a reação dos cães de rua antes de tentar uma aproximação. O ideal é que ela seja feita aos poucos, com atenção: cachorros que colocam a cauda entre as pernas e murcham as orelhas exigem mais cautela. “Um animal com medo às vezes ataca mais do que um animal bravo, porque faz isso para se defender. Ele tende a ficar acuado, sobretudo se já passou por maus-tratos”, afirma Kênia.

Além da fome e da sede, cães e gatos que não têm onde viver costumam apresentar outros problemas. Sinais mais evidentes dessa condição são magreza e ferimentos.

“Nesses casos, sempre que possível, as pessoas devem procurar a ajuda de um profissional. E que elas também tentem a adoção e a castração para evitar que os animais fiquem se reproduzindo nas ruas. Hoje, muitas clínicas e organizações não governamentais estão abertas a esse tipo de propósito e fazem o procedimento a preço de custo”, orienta a veterinária.

 

PET FRIENDLY

Para quem considera os animais de estimação parte da família, incluí-los nos passeios tem ficado mais fácil. Em Betim, os dois shoppings já são pet friendly desde o ano passado e permitem a presença de cachorros e gatos pelos corredores.

No Monte Carmo Shopping, a novidade entrou em vigor em outubro último e é válida para espécies de pequeno porte, com, no máximo, 45 cm de altura. Também é exigido o uso de coleiras e guias. No Partage Shopping Betim, a entrada dos pets passou a ser permitida em dezembro e vale para animais de pequeno e de médio portes, com limite de 35 kg e que meçam até 70 cm assentados.

Em Belo Horizonte, os bichinhos também já têm a presença permitida em vários malls: BH Shopping, Boulevard Shopping, Diamond Mall, Pátio Savassi, Ponteio Lar Shopping, Minas Shopping, Shopping Cidade e Shopping Del Rey.