Em defesa dos animais
DEPUTADO NORALDINO JÚNIOR
Noraldino Lúcio Dias Júnior, de 41 anos, nasceu e iniciou a carreira política em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, como vereador, de 2009 a 2012, pelo Partido Social Cristão (PSC). Com mais de 4.000 votos, ele foi reeleito para a gestão 2013-2017, mas interrompeu o mandato municipal ao vencer as eleições para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em 2014, com 51,8 mil votos. Formado em turismo pela Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac), o deputado estadual foi empresário antes de ser político.
Ele é casado com Patrícia Carvalho desde 2011 e vive em Belo Horizonte há pouco mais de dois anos. “Mas minha casa continua sendo em Juiz de Fora, para onde volto toda semana. Minha família está lá”, diz o parlamentar, que fala sobre a criação da Comissão Extraordinária de Proteção dos Animais da ALMG e sobre o contato com os eleitores por meio das redes sociais.
Como foi o início de sua trajetória política? Havia outros políticos na família?
Não há políticos na família. Ingressei na política, pois queria muito poder fazer mais pelas pessoas. Sempre quis desenvolver um trabalho diferente, mostrando que é possível fazer política estando perto da população, ouvindo seus anseios, dando voz a ela.
Que ações o senhor destaca no primeiro mandato como vereador em Juiz de Fora?
Destaco um trabalho muito comprometido com a fiscalização da saúde pública municipal. Ao longo de meus mandatos, fiscalizei os hospitais e as unidades de saúde da cidade e denunciei a falta de médicos, de medicamentos e de insumos hospitalares. A maioria dessas ações foi realizada exatamente com o apoio dos cidadãos, pois grande parte das denúncias que o gabinete recebia vinha do povo, por meio das redes sociais. Sou um dos autores da Lei 12.761/2013, que acabou com o pagamento do 14º e do 15º salários dos vereadores do município. Também solicitei a criação de comissões importantes para a Câmara, como a Antidrogas, a de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, a de Proteção Animal e a de Telefonia. Com o trabalho desta última, por exemplo, três distritos de Juiz de Fora foram incluídos, na época, no programa Minas Comunica para receberem sinal de telefonia móvel. Foi ainda em meu primeiro mandato que iniciei um trabalho de atenção à causa animal, ouvindo as ONGs, os ativistas e os protetores independentes. Assim, pude conhecer mais de perto suas necessidades, ver como essas pessoas trabalham mesmo com a falta de apoio do poder público. Nessa época, não existia uma política de apoio à causa na cidade. Aos poucos, depois de muito diálogo com o Executivo municipal, as ONGs e a população, o cenário começou a mudar. Conseguimos aprovar leis como a que proibiu a apresentação de animais em circos (antes mesmo da lei aprovada no Estado) e a que extingue gradativamente o trânsito de carroças na cidade e também conseguimos criar o Núcleo de Atendimento às Ocorrências de Maus-Tratos aos Animais, vinculado à Polícia Civil. Espero que não só Juiz de Fora, mas nosso Estado todo avance e invista cada vez mais em ações de controle ético populacional dos animais e também na conscientização da população. Como deputado, tenho trabalhado muito para conseguir mais conquistas para a causa animal em Minas Gerais.
Recentemente, o senhor assumiu também a presidência do Partido Social Cristão (PSC) em Minas Gerais. O senhor imaginava chegar até aqui?
As coisas foram acontecendo aos poucos, tudo no devido tempo, e eu fui adquirindo mais experiência com cada conquista. Realmente, não tinha como imaginar tudo isso.
Acredito que seja fazer a população querer participar ativamente. Com tantos escândalos, as pessoas acabam ficando descrentes e deixam até mesmo de lutar por seus direitos. Acho bem desafiador ter a participação da população em meu mandato e busco isso todos os dias, pois acredito que é o que faz a diferença.
A abertura de discussões pelas redes sociais – incluindo aí as críticas e a rápida divulgação de acontecimentos – mudou a maneira de se “fazer” política, em sua opinião, tendo em vista que o senhor é bastante presente na web?
Com certeza. A resposta que temos pelas redes sociais é muito rápida. E essa interação, pelo menos para mim, é essencial. Muitos projetos já começaram por causa desse diálogo com a população, que manda diariamente muitas sugestões e até denúncias.
Como o senhor começou a se enveredar pela causa animal?
A causa animal, para mim, vai além de questões políticas. Desde sempre tenho um carinho especial pelos animais e, desde criança, convivo com muitos. Aprendi a respeitá-los e percebi cedo que eles têm sentimentos, sentem medo e dor, sofrem. Quando ingressei na política, sabia que poderia fazer mais pela causa e decidi lutar por ela e dar voz a eles. Esse meu trabalho no meio político começou quando era vereador, em Juiz de Fora, e, graças a Deus e a tantos amigos muito especiais e dedicados à causa, estou conseguindo dar continuidade às ações desde o início de meu mandato como deputado.
Quais foram as principais conquistas nessa área desde seu ingresso na vida política?
Mostrar a importância de discutir essa questão e a necessidade de haver investimentos pela causa são uma conquista. E conseguir implantar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais uma Comissão Extraordinária de Proteção Animal é uma de nossas realizações mais importantes, pois através disso tivemos condição de investigar casos de maus-tratos e aprovar leis como a 22.231/2016, que tipifica maus-tratos e estabelece multas para quem cometer crueldade contra animais no Estado. Propus texto substitutivo para um projeto que culminou na aprovação da Lei 21.970/2016, a qual estabelece medidas de proteção, identificação e controle da população de cães e gatos em Minas Gerais, define normas para a comercialização, a guarda e a prevenção de zoonoses, além de proibir o sacrifício de cães e gatos para fins de controle populacional no Estado. Consegui destinar emendas parlamentares para que uma ONG adquirisse veículos e pudesse trabalhar no controle ético populacional de cães e gatos em Minas. Hoje, a entidade Ajuda tem dois “castramóveis”, que rodam o Estado realizando a esterilização de animais de rua. Por meio de minhas emendas, a ONG conseguiu adquirir os veículos, os equipamentos, os medicamentos e os insumos necessários para as ações, bem como contratar mão de obra especializada. Além disso, é realizado um trabalho de conscientização com a população por onde o “castramóvel” passa, mostrando, por exemplo, a importância da guarda responsável, a fim de se evitar o abandono. Essa, sem sombra de dúvida, é uma grande conquista. Além disso, trabalhei ao lado de colegas protetores para resgatar inúmeros animais após o rompimento da barragem de rejeitos que atingiu distritos de Mariana (região Central). Atuei cobrando um local apropriado para a recuperação dos bichinhos e, em seguida, um lugar para onde pudessem ser levados enquanto não fossem adotados. Hoje, alguns animais foram recuperados por suas famílias; outros, adotados; os demais permanecem vivendo em um espaço apropriado, recebendo a atenção necessária, enquanto não são adotados. Essa foi outra conquista. E muitas outras ainda virão por aí, com certeza.
Quais são os próximos passos em prol da defesa dos animais no Estado?
Há muito tempo venho tentando sensibilizar os gestores sobre a importância de se investir em políticas públicas voltadas para o bem-estar dos animais. Hoje, como deputado estadual, venho conseguindo êxitos importantes para nosso Estado. Mas muito ainda precisa ser feito para que possamos alcançar outra realidade em Minas, punindo quem cometer maus-tratos, cuidando dos animais abandonados – com ações que possam evitar a prática do abandono –, investindo no controle ético populacional de cães e gatos e, tão importante quanto tudo isso, trabalhando a conscientização da população. Temos muito trabalho pela frente.