Empoderamento feminino por meio da dança
Conheça o twerk, ritmo que foca os movimentos dos quadris com o objetivo principal de trabalhar a autoconfiança das mulheres
Estúdio Afrodite, em BH, oferece o twerk, ritmo de dança que esbanja sensualidade e tem atraído a atenção das mulheres na capital mineira
Uma dança que promove o empoderamento do corpo feminino, a autoestima e a união entre as mulheres. Esse é o twerk, estilo que explora os movimentos dos quadris e traz benefícios físicos e emocionais. É o que garante a bailarina e professora de twerk Paola Brito, de 22 anos, proprietária do Afrodite Studio de Dança, em Belo Horizonte. “O twerk, assim como todas as danças, oferece ao corpo vários benefícios, como a melhora da coordenação motora e do condicionamento físico, força, agilidade e bem-estar”, afirma.
O ritmo veio da dança africana e, com o tempo, foi agregado a outros cujos movimentos são concentrados nos quadris e esbanjam sensualidade. Artistas como Beyoncé, Anitta, Rihanna, Miley Cirus e Nicki Minaj já abusaram do estilo em apresentações e clipes musicais.
Em Belo Horizonte, o único local que oferece aulas de twerk atualmente é o estúdio Afrodite, localizado no edifício Maletta, na área central da capital mineira. Segundo Paola, a procura pela modalidade tem sido alta, e, por enquanto, 98% do público é formado por mulheres. “Homens são bem-vindos, desde que sejam indicados por alunas já matriculadas”, diz a bailarina. De acordo com ela, todos têm direito a uma aula experimental, que é cortesia da casa.
Autoconfiança
Paola Brito afirma que o propósito principal do twerk é gerar autoconfiança nas mulheres e promover a ideia de que todas são lindas e de que seus corpos são perfeitos – contraponto a um padrão de beleza normalmente imposto pela mídia e que não valoriza a diversidade.
O objetivo é reforçado no início de todas as aulas por meio de uma “oração de amor próprio” criada por Paola: “Dizemos em coro: ‘Eu me amo, eu sou maravilhosa, eu sou muito gostosa. Que amanhã seja melhor que hoje’. Assim, cada uma, com suas particularidades, limitações, formas e, acima de tudo, vivências, respeita a outra em busca de dias melhores”, salienta.
O twerk, conforme ressalta a bailarina, reforça a ideia da união feminina. “Conquistamos uma união entre nós. Desde sempre nos é imposto que devemos ser inimigas, invejosas, e isso não é o que somos”, completa.
Vivência na dança
O contato de Paola com o universo da dança começou há dez anos. Ela iniciou no balé clássico, aos 12 anos, e, aos 14, começou a estudar no projeto Valores de Minas, no qual teve contato com vários estilos: contemporâneo, dança de salão, afro e street dance. Em seguida, ganhou uma bolsa de balé e jazz no Núcleo Artístico Floresta. Ela também fez parte do grupo Sarandeiros e chegou a dar aulas de dança gratuitas na praça.
A adesão ao twerk ocorreu após a bailarina assistir a um vídeo nas redes sociais. Como não encontrou aulas em BH, autodidata, ela aprendeu a técnica após muita pesquisa. “Era algo diferente, inovador e muito sensual. Decidi estudar por conta própria cada movimento durante meses e, assim que me senti preparada, divulguei o Afrodite”, conta.
O espaço foi aberto no fim do ano passado. A primeira aluna foi a corretora de seguros Marília Medeiros dos Santos Outuky, de 27 anos. A jovem descobriu o twerk vendo artistas como Anitta e Beyoncé e se apaixonou pela beleza do estilo. Ela cita benefícios como flexibilidade, emagrecimento e melhora na técnica propiciados pela dança. Mas Marília destaca as vantagens emocionais: “A gente entra e só sente energia boa, positividade. É uma distração que tenho na semana”.
A professora de dança de salão Erica Priscila de Araújo, de 33 anos, que também faz aulas de twerk, passou a aceitar melhor o próprio corpo com as mudanças provocadas pela maternidade após a prática da modalidade. “Quando fiz a primeira aula, vi que era muito mais que rebolar (risos). A novidade me trouxe amizades verdadeiras e uma autoestima que tinha perdido depois que fui mãe. Sinto que meu corpo tem fortalecido e que minha disposição melhorou também, mas o melhor de tudo é que hoje me sinto mais bonita e capaz de qualquer coisa”, revela. Ela conta que conheceu o estilo pelas redes sociais e, há cinco meses, pratica o ritmo duas vezes por semana. E parece que entrou para ficar: “Sinto falta das meninas quando não vou. Criamos amizades verdadeiras, e Paola é maravilhosa, nos encanta e nos apoia de uma forma que nunca vi igual. Criamos elos que não serão quebrados”, salienta.