Existe cirurgia para celulite?
POR Dra. Adriana Lemos (CRM–32011)*
Por mais estranho que possa parecer, há, sim, uma técnica cirúrgica para tratar os níveis mais avançados da celulite, como o grau IV. A técnica é simples e pode ser realizada no próprio consultório médico, com anestesia local. Ela se restringe aos casos mais avançados de celulite, quando aparecem aqueles “buracos” na pele, principalmente, nas nádegas, nos culotes e na parte posterior das coxas.
Essas depressões da pele são formadas por septos fibrosos subcutâneos, que puxam a superfície da pele para baixo, dando o aspecto de casca de laranja. A técnica, chamada de subcisão, consiste exatamente na eliminação desses septos e no preenchimento do espaço deprimido. Também pode ser usada para o tratamento de rugas mais profundas e cicatrizes. O princípio básico é realizar o procedimento com uma agulha de ponta cortante, que é introduzida sob a pele, provocando o seu descolamento e sangramento no local. Esse sangramento forma um hematoma que se reorganiza, dando constituição a um novo tecido colágeno, que preenche o espaço, elevando as rugas, cicatrizes e os “buraquinhos” da celulite. É o chamado preenchimento autólogo, isto é, quando se utiliza tecido do próprio corpo como fonte do material para preencher aquele local.
SUBCISÃO
No caso da cirurgia para o tratamento da celulite, a agulha “bisturizada” é usada para cortar ou “arrebentar” os septos fibrosos que se formaram abaixo da pele, causadores dos “buracos” da celulite em estágio avançado, interrompendo a tração exercida pelos septos sob a pele, que é liberada e se eleva, corrigindo as depressões características da celulite. Além disso, a agulha também atinge pequenos vasos sanguíneos, o que leva a formação de um hematoma, que dará origem a um novo tecido conjuntivo e ocupará o espaço antes deprimido. A subcisão, por tratar-se de um procedimento cirúrgico, só pode ser realizada por médicos treinados para a correta execução dessa técnica, geralmente, da área dermatológica.
PÓS-OPERATÓRIO
Apesar de o paciente poder retornar às suas atividades normais no mesmo dia, o período do pós-operatório é longo, cerca de 30 dias, pois se formam grandes hematomas (manchas roxas) que, posteriormente, serão reabsorvidos pelo organismo. São necessários alguns cuidados, como não tomar sol para não ficar com “manchas” nas áreas tratadas.
DICAS CONTRA A CELULITE
Os outros graus mais simples da celulite devem ser combatidos com as técnicas não cirúrgicas, como a radiofrequência com infravermelho, associada à drenagem linfática a vácuo, vibratória ou manual, carboxiterapia, ultrassom cavitacional ou de correntes estereodinâmicas, e até mesmo a aplicação do sculptra (ácido poliláctico), nos casos em que a flacidez de pele associada mostrar-se mais avançada. É importante lembrar que a celulite tem uma tendência evolutiva na mulher e, para manter-se sempre nos graus 1 e 2, que são os menos perceptíveis, a atividade física regular, a boa ingestão de água e a alimentação saudável e equilibrada são poderosas escolhas no dia a dia. Alguns cremes dermocosméticos e nutricosméticos específicos para o tecido adiposo subcutâneo também podem somar-se positivamente aos resultados do tratamento.
Agora, que você já conhece as principais armas contra os diferentes graus da celulite, inicie hoje mesmo o seu combate, pois o verão já se aproxima!
*Membro da Academia Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia e diretora administrativa da Clínica Yaga Laser & Cosmiatria – [email protected].