Ícone do funk
MC GUIMÊ
Como o funk surgiu na sua vida?
Eu gostava muito de rap. O funk entrou na minha vida quando tinha mais ou menos 16 anos, por causa dos improvisos e das rimas que eu fazia com os amigos. Subi ao palco pela primeira vez quando promovi um evento para apresentar um artista. Com isso, mandei umas rimas com a batida de funk e todos curtiram e começaram a me incentivar.
O que é o funk ostentação?
Funk ostentação foi um nome dado pela própria mídia. Nós falamos sobre as aquisições que tivemos através da música, que estávamos ganhando dinheiro e fazendo várias festas. As letras têm influência dos rappers gringos, que já vinham fazendo esse tipo de letra com a batida do rap, e colocamos no funk. Foi um grito de liberdade, um passaporte para a sociedade poder valorizar algo que era tão discriminado no passado.
Você gosta de andar com joias, relógios de ouro, carros importados e vive em um apartamento de luxo. Com tanta ostentação, você tem medo de ser alvo de bandidos?
Medo, medo, não tenho, tomamos todas as precauções, como segurança, saber os locais onde iremos. Acho que temos que ter o que desejamos e o medo não pode ser o que vai tirar o direito de ter as coisas.
Existe rivalidade entre o funk paulista e o funk de outras regiões do país?
Hoje não mais. Pode ser que no passado tenha existido, mas o funk virou um movimento muito forte. Foi a união que fez com que ele tomasse a proporção que atingiu.
Seu corpo é repleto de tatuagens. Quantas você tem e o que elas significam para você?
Não sei mais ao certo quantas tatuagens tenho. Mas mais ou menos 55% do meu corpo está tatuado, pois uma juntou com a outra. Cada uma tem um significado de um momento, família, mensagens que quero passar ou, simplesmente, é um desenho que eu tinha vontade de fazer. Elas formam o visual que sempre quis ter. É um estilo.
Com apenas 21 anos, você é considerado um dos ícones do funk ostentação no país e ganha cerca de R$ 600 mil por mês com seus shows. A fama meteórica, em algum momento, subiu a sua cabeça?
De forma alguma. Confesso que tudo aconteceu muito rápido, sim. Mas meus amigos são os mesmos de infância. Procuro manter minhas raízes sempre. Corto o cabelo no mesmo lugar de quando era pequeno, frequento muitos lugares que frequentava antes da fama. Claro que algumas coisas mudam pela segurança e pelo assédio, mas gosto muito de estar e fazer as mesmas coisas que fazia antes, normalmente.
Acredita que ainda existe discriminação no Brasil como relação ao funk? Ele ainda é associado às drogas e à libertinagem?
A discriminação diminuiu muito, pois hoje estamos na TV, nos jornais e na mídia em geral. Mas, como em todos os gêneros musicais, existe quem gosta e quem não gosta. Acho que todo e qualquer segmento tem que ser respeitado, apesar de não curtirmos, mas cada um com sua opinião.
É favorável à legalização das drogas?
Não levanto bandeira de legalização. Cada um tem que saber se o que faz é o que lhe faz bem.
Quando você canta, gosta muito de improvisar rimas. Isso é um dom?
Acho que sim. Pois faço isso desde sempre. Não é todo mundo que consegue, mas curto muito fazer.
O funk abre as portas para a periferia?
Não só o funk, mas também o pagode, os jogadores de futebol. A maioria vem da periferia.
Como é sua relação com as fãs? Já se relacionou com alguma?
Tudo o que tenho devo aos meus fãs. Sem eles, eu não seria nada. Acho que pode rolar, sim, pois as fãs são mulheres como outras. Então, se conhecer e rolar, por que não, né?
Qual sua expectativa sobre o show em Betim, no Caipirão do Lapinha?
Espero que seja uma boa vibe, que o público curta muito, pois é com o maior carinho que faço meus shows. Espero surpreender a galera, e que todos gostem muito.