Juventude bem representada
MARCO TÚLIO LARA
0
Criado em 11 de Junho de 2014
Gente
Fotos: Muller Miranda
Referência em Betim quando o assunto é políticas públicas voltadas para os jovens, o advogado e superintendente da prefeitura, Marco Túlio Lara, 29, revela curiosidades da sua vida e aborda temas polêmicos
Luna Normand
SABE AQUELA PESSOA SEM TEMPO RUIM, que sempre está disposta a ajudar e a aprender coisas novas? Assim é o advogado Marco Túlio de Freitas Rezende Lara, 29, nome à frente da Superintendência Municipal de Juventude, pasta criada, no início do ano passado, pela Prefeitura de Betim, com o intuito de efetivar e pautar ações do governo municipal direcionadas ao público jovem.
Morador de Betim desde que nasceu, ele conhece muito bem a realidade da juventude da cidade. E foi por vivenciar todos os problemas e as dificuldades da sua geração que ele resolveu ingressar na política. “Via muita coisa errada e isso sempre me incomodou muito. É muito cômodo para o jovem só reclamar. A mudança tem de partir de nós. Essa insatisfação e a vontade de ajudar as pessoas é que me motivaram a trabalhar pelos jovens betinenses.”
A experiência em buscar soluções e melhorias para a população veio da participação em movimentos estudantis, na adolescência e início da juventude. Formado em direito pela PUC Betim, Marco Túlio já atuou em grêmios estudantis e foi diretor do DCE (Diretório Central de Estudantes) da PUC Betim. “Atualmente, sou conselheiro da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Jovem, diretor jurídico da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) Jovem e vice-presidente metropolitano do PSDB Jovem. Sempre busco participar de todos os movimentos que envolvem política e juventude”, salienta.
Hoje, à frente da Superintendência da Juventude, ele e sua equipe desenvolvem uma série de políticas sociais com o objetivo de proporcionar aos jovens acesso à informação, cultura e lazer. “Betim é uma cidade muito diferente das outras. As pessoas não valorizam as coisas daqui, preferem ir para fora para se divertir. Isso é cultural, vem de anos. É preciso mudar esse pensamento e começar a participar mais das atividades daqui”, diz.
De família de classe média, Marco Túlio comanda uma pasta que trabalha, em sua maioria, para o público da periferia. “A partir do momento em que assumimos um cargo público, temos de esquecer o ‘eu’ e pensar no todo. Não me vejo como um jovem da classe média que está à frente desta pasta, mas, sim, como uma pessoa que tem condições de olhar esse ‘todo’ de uma maneira sensível, cuidadosa e responsável”, afirma.
Um exemplo bem-sucedido do trabalho realizado pelo advogado foi a primeira edição do Circuito Juventude de Cultura, em 2013, evento que, além de possibilitar a fusão da cultura e do esporte local, integrou jovens das mais variadas tribos. Segundo ele, na ocasião, ele pôde perceber que, diferentemente dos anos anteriores, as políticas públicas direcionadas ao público jovem não vão mais ocorrer apenas em ano de eleição. “Pelo fato de o projeto ter percorrido as 10 regionais da cidade e integrar diversas modalidades, o jovem se sentiu acolhido, viu que tem alguém que olhe por ele. Neste ano, queremos promover o Circuito novamente. O evento é uma
tentativa de criar oportunidades para o jovem, mas de nada adianta fazer tudo isso se ele não abraçar esse e outros projetos que são desenvolvidos no município”, salienta.
POLÊMICA
Já que o assunto é juventude, o superintendente se posiciona acerca de temas polêmicos que fazem parte da vida do jovem, como as drogas. Para ele, o assunto é complexo, pois envolve usuários, traficantes, governos, sociedade e parte para outros questionamentos relacionados à saúde e à segurança pública. “O governo federal tem de chamar para si a responsabilidade e promover amplos debates e discussões envolvendo todos os setores diretamente ligados às drogas, para que sejam analisados e confrontados dados concretos, como estimativa de usuários, impacto no Judiciário, na saúde, no sistema prisional”, explica.
Sobre a legalização da maconha, ele diz que ela pode, sim, ser considerada, neste momento, mas apenas no que diz respeito ao seu uso medicinal. “Há estudos que comprovam que o seu uso, em determinadas doenças, produz resultados extremamente satisfatórios no sentido de alívio de dor e aumento da qualidade de vida. Recentemente, o Uruguai tratou o tema da seguinte forma: consumidores são registrados e podem comprar até 40 gramas nas farmácias, de modo que o Estado exerça um controle efetivo. Esse é um modelo a ser observado a longo prazo”, enfatiza.
Outro fato preocupante é em relação à violência na cidade, onde os índices envolvendo os jovens são muito altos. Por isso mesmo, Marco Túlio revela que enviou ofícios às polícias Militar e Civil acerca dos crimes envolvendo jovens em Betim. “Queremos saber o tipo de crime, o local e a idade dos envolvidos. Com essas informações, buscaremos entender a motivação dos delitos, a fim de direcionar e aperfeiçoar a atuação da prefeitura, por meio da Superintendência de Juventude. Mas, infelizmente, até o momento não obtivemos respostas”, lamenta.
HERANÇA
O gosto pela política, ele afirma que herdou do pai, o aposentado Maurício Lara, 60. “Meu pai lia muito jornal e aprendi a gostar de ler com ele. Lembro que, no meu aniversário de 10 anos, ganhei de presente a assinatura de um jornal. Enquanto meus amigos falavam de futebol e desenho, eu conversava sobre política”, recorda o superintendente, que ainda conserva o costume. “Sou viciado em notícias”, revela.
A família e a religião são as grandes bases na vida de Marco Túlio. Por isso mesmo, ele diz que não abre mão de sempre frequentar a igreja e agradecer a Deus por sua vida. “Toda semana vou à missa. Hoje, mais agradeço do que peço, porque Deus tem sido muito bom comigo e com as pessoas que amo”, conta.
Com a timidez típica de um bom mineiro, ele não fala muito sobre o futuro e diz preferir viver um dia de cada vez. “Mas meu grande sonho é constituir uma família e ser muito feliz com ela”, confessa. Nos momentos de lazer, ele gosta de ouvir uma boa música, mas se diz eclético quando questionado sobre o estilo musical que prefere. No som do carro dele, por exemplo, há de tudo um pouco, mas confessa que o ritmo que mais aprecia é o sertanejo. “Gosto de tudo. Não há nenhum ambiente em que eu me sinta mal, a não ser perto da torcida do Atlético Mineiro”, brinca.
Cruzeirense “roxo”, o time celeste é uma das coisas que, hoje, o faz dar uma pausa na agenda atribulada. E entre vitórias e derrotas, ele se recorda de uma das maiores loucuras que já fez pela Raposa. “Em 1998, eu treinava tênis de mesa, inclusive, disputava campeonatos. Por isso, tinha uma raquete profissional, importada. Na época, o Cruzeiro ia disputar a final do Campeonato Brasileiro com o Corinthians e, como eu não trabalhava e não tinha dinheiro, vendi minha raquete para comprar o ingresso”, lembra.
Apesar de o futebol ser um grande prazer, ele questiona a realização da Copa do Mundo no Brasil. Enxerguei nela a oportunidade de ver obras e melhorias há anos esperadas pelos brasileiros de fato saírem do papel, em especial, obras de mobilidade, como o metrô. Acontece que o povo foi enganado. Todo o dinheiro gasto daria para construir não apenas estádios, mas todas as outras obras prometidas. Observando todo esse descaso com o dinheiro público e a reação da população, acho que a Copa contribuiu para que o jovem aumentasse seu senso crítico, passando a se interessar mais pela política, acompanhar os gastos públicos e a atuação dos políticos. Espero que não seja momentâneo esse interesse e que o jovem perceba que sua fiscalização constante resultará em melhorias para o país”, reflete.