Lista do bem
Polícia Civil cria Lista de Adotantes para unir animais resgatados pela corporação e tutores comprometidos em oferecer o cuidado e o carinho que os bichos merecem
Iêva Tatiana
A luta pela defesa dos animais vítimas de maus-tratos ganhou um reforço importante em Minas Gerais. A Polícia Civil do Estado lançou a chamada Lista de Adotantes, com o objetivo de criar um banco de dados de pessoas interessadas em adotar cães, gatos, cavalos e outras espécies resgatadas em operações do Departamento Estadual de Investigação de Crimes contra o Meio Ambiente (Dema).
Funciona assim: quem quiser ser um adotante deve procurar o departamento – por telefone ou pessoalmente – e informar dados pessoais e características do animal pelo qual tem interesse (como porte, sexo e idade).
Após os resgates, os animais são encaminhados pela corporação a universidades parceiras, para que sejam atendidos por veterinários, e ao Centro de Controle de Zoonoses de Belo Horizonte, onde são coletadas amostras de sangue para verificar se eles possuem alguma doença. Somente depois desses procedimentos, os bichos são disponibilizados para adoção. Os policiais, então, cruzam as informações e acionam os candidatos cadastrados.
“Quando identificamos uma pessoa na Lista de Adotantes com interesse em um animal, ela é chamada à delegacia para uma entrevista, para entendermos se realmente tem condições de adotá-lo e se ele vai ter um lar onde receberá carinho, atenção, alimento e tratamento”, explica a chefe da Divisão Especializada Operacional do Dema, delegada-geral Carolina Bechelany, responsável pela Delegacia Especializada de Investigação de Crimes contra a Fauna.
Se o adotante for aprovado, o animal será retirado do local em que está sendo cuidado ou abrigado temporariamente e entregue à nova família na própria delegacia, após a assinatura de um termo de responsabilidade.
Mudança crucial
Pouco mais de um mês depois do lançamento da iniciativa, duas cadelas sem raça definida foram resgatadas pela Polícia Civil no bairro Nova Vista, na região Leste da capital, graças a uma denúncia de maus-tratos. De acordo com a corporação, elas estavam em situação de completo abandono, em um ambiente sujo, em meio a fezes e lixo. Os cães foram recolhidos e levados para uma das instituições de ensino que trabalham junto à polícia para avaliação. Já o suspeito de maltratá-las assinou um termo circunstanciado de ocorrência, responsabilizando-se a comparecer ao Juizado Especial.
De acordo com Carolina, situações como essa foram a motivação da criação da Lista de Adotantes. Sem ter onde abrigar os animais apreendidos nas operações, os policiais acabavam tendo que mantê-los com os malfeitores, que precisavam apenas assinar um documento assumindo o compromisso de se adequarem às medidas impostas pela corporação.
“No entanto, deixar o animal em poder daquele que cometeu o crime de maus-tratos era algo que a gente não queria aceitar. Então, começamos a buscar parcerias e a encontrar soluções”, relembra a delegada-geral.
De acordo com ela, os resgates só acontecem quando é constatada a prática criminosa contra os animais, que pode ocorrer de duas maneiras: a ativa – que é mais facilmente identificada –, quando eles são agredidos, maltratados e até mortos; e a passiva, definida como a prática de atos omissivos, como deixar de alimentar e de oferecer outros cuidados necessários, sabendo que isso será prejudicial e sem se importar com os resultados.
“A Polícia Civil, definitivamente, percebendo a importância da causa, tomou uma providência legal, que foi a criação do Dema. Então, sem dúvida nenhuma, esse é um movimento que visa auxiliar e proteger os animais e o meio ambiente como um todo, tendo muito mais autonomia e estrutura para combater o crime”, conclui Carolina Bechelany.
Desde que a iniciativa foi lançada, mais de 20 animais foram resgatados durante operações policiais, e todos os sobreviventes já receberam um novo lar, de acordo com a polícia.