Missão possível: altruísmo em prática
Empresário Anderson Borges assume a presidência da Organização Regional de Combate ao Câncer e o compromisso de inaugurar em Betim grandes reforços no atendimento oncológico
Carioca da gema radicado em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, desde os 10 anos, o empresário do setor automotivo Anderson Borges, de 57, assumiu recentemente um novo e importante desafio no município em que firmou raízes. Desde março, ele é o presidente da Organização Regional de Combate ao Câncer (Orcca), uma instituição sem fins lucrativos de apoio a pacientes em tratamento contra o câncer e de assistência aos respectivos familiares.
Oficialmente em atividade desde 2009 – a ideia surgiu ainda na década de 90 –, a Orcca, hoje, soma centenas de atendimentos mensais. Somente em julho, foram 410, ao todo, em assistência social, nutrição, psicologia, auxílio jurídico, odontologia, fisioterapia e farmácia. No mesmo mês, a organização ofertou cerca de 1.500 benefícios, como materiais para curativos, medicamentos, refeições e fraldas geriátricas, de acordo com balanço divulgado pela instituição.
Agora, a Orcca se prepara para tirar do papel dois dos projetos mais aguardados: as construções de um hospital-dia oncológico e do primeiro Hospital de Tratamento do Câncer de Betim. Nesta edição da Mais, o novo presidente da organização fala sobre os planos dele na gestão da instituição e relembra parte de uma história que teve início há 13 anos.
Quando e como surgiu sua relação com a Orcca?
Em 2006, fui convidado pelo doutor Victor Hugo de Lisboa Rodrigues [um dos fundadores da instituição] para participar de um projeto de acolhimento de pessoas que precisavam da assistência que nenhum governo pensou em dar. Naquele momento, me perguntei: “qual o propósito disso?”. Refleti e percebi que aquele projeto era muito humano e decidi abraçar a causa como voluntário. Vieram os doutores Charles de Pádua, Bruno Aragão, e muitos outros médicos para agregar ao projeto, e confesso que houve muitas dificuldades para dar início a tudo. Não podemos nos esquecer de mencionar o José Barboza [vice-presidente da Orcca], presidente da CDL [Câmara de Dirigentes Lojistas] de Betim, e o Alex Muller, que fez o planejamento estratégico da Orcca e, com seus projetos dinâmicos, possibilitou que ela, hoje, alcançasse a sustentabilidade. Sempre acreditando no projeto, fui participativo desde 2006, e decidimos criar estratégias para arrecadar fundos, uma forma de a sociedade participar diretamente. Então, surgiram o bingo, a feijoada e o baile da Orcca.
E o que o motivou a assumir a presidência da organização?
No começo, o convite foi uma surpresa decidida pelos diretores. Senti-me lisonjeado, mas nunca imaginei ter esse título, pois não sou médico. Então, lembrei quando minha mãe dizia “filho, estude medicina”, mas eu entendi “oficina”. Nada é em vão. Os doutores me colocaram em uma posição em que a parte técnica é deles, mas o restante é nosso! Quero agradecer a eles pela confiança e espero nunca decepcioná-los. Juntos, podemos ir mais longe.
Como tem sido a experiência de conciliar suas atividades de empresário com as da presidência da Orcca?
É um desafio. Preciso me organizar para deixar os dois funcionando com dinamismo, mas meu trabalho com a instituição é prazeroso, não é um peso. Saber que estou contribuindo para a vida de alguém me faz bem.
Como presidente, quais são seus projetos para a entidade em curto e médio prazos?
Construir o hospital-dia oncológico, que nos propusemos a desenvolver, dando continuidade ao acolhimento. Depois, construir o Hospital do Câncer de Betim, que vai contribuir muito com a sociedade, pois queremos trazer uma infraestrutura altamente eficaz na área da oncologia.
Com base na sua experiência dos últimos cinco meses, o que o senhor considera mais desafiador na gestão de uma instituição filantrópica como a Orcca, que é voltada para a assistência à saúde?
As cobranças são grandes, e os desafios, maiores ainda. O maior deles é manter a organização, captando recursos para conseguir alavancar os projetos, que, devido à grandiosidade, não conseguimos fazer tão rapidamente. A fim de seguir com transparência e seriedade, temos um consultor que nos auxilia na gestão, e, assim, tentamos sempre trabalhar com metas.
A Orcca tem um projeto de construção do Hospital de Tratamento do Câncer de Betim. Quais são as novidades em relação a essa iniciativa?
Primeiramente, vamos construir o hospital-dia. Sobre o Hospital de Tratamento do Câncer, o projeto está pronto, temos mais de 200 empresários engajados para nos ajudar no custeio. O valor é baixo em relação a tudo que precisamos para a construção, mas estamos firmes e focados nessa missão. Vamos realizar esse sonho!
Que mensagem o senhor deixa para que as pessoas se solidarizem e apoiem a organização?
Minha mensagem é: não perca a esperança! Você não está sozinho. Se você ainda não conhece a Orcca, será um prazer apresentá-la. Além do trabalho com pacientes, damos assistência às famílias. Sobre ajudar a instituição: tudo que já foi feito pelo senhor Charles de Pádua, que é nosso eterno presidente, vamos continuar fazendo, para que as coisas aconteçam. A Orcca é uma instituição séria, e poder receber sua ajuda será um prazer. Não apenas financeiramente, mas com seu apoio e seu carinho, doando tempo e atenção a quem precisa.
Obrigado!