Nova força do taekwondo

TAEKWONDO

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Criado em 15 de Julho de 2014 Esportes

Fotos: Muller Miranda

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Apesar de pouca idade, a atleta betinense Brunna Idak, além de ser bicampeã brasileira, é considerada uma das favoritas na busca por uma vaga nas Olimpíadas 2016 

Renata Nunes

DEZENOVE TÍTULOS, SENDO DOIS DELES os primeiros lugares no Campeonato Mineiro de Taekwondo e na Copa das Federações, essa última, realizada neste ano em Natal, no Rio Grande do Norte. São tantas conquistas, e em tão pouco tempo, que talvez você nem imagine que estamos falando de uma atleta de apenas 17 anos. Pois são a técnica e a rapidez nos golpes e nos chutes certeiros adquiridos em mais de uma década de treinos em tae kwon do que renderam a Brunna Idak Coutinho também o título de bicampeã brasileira da modalidade, no ano passado.

Para chegar a esse patamar, mesmo tão nova, a talentosa atleta betinense iniciou no esporte cedo. Aos 6 anos, ela começou a praticá-lo em um projeto da Prefeitura de Betim, no bairro Jar­dim Petrópolis. “Sempre gostei de atividades mais radicais”, re­vela ela, ao ressaltar que características como autodefesa, supe­ração e alto impacto foram preponderantes para ela se aproximar ainda mais do tae kwon do.

A luta marcial, no início, deixava a mãe receosa. “Sempre mor­ria de medo de ela se machucar. Falava para ela trocar de espor­te, mas Bruna não queria. Mesmo assim, eu a apoiava, porque percebia que ela gostava do que fazia”, revela a mãe de Brunna, Idak Rosa. A atleta lembra que, desde o início, ficou fascinada pelo esporte. “Minha mãe me incentivava a fazer balé, mas eu sempre gostei de brincar na rua, era hiperativa, não conseguia fi­car quieta. Quando entrei no taekwondo, achei o máximo poder brincar, correr e dar chutes”, conta.

A atleta conta que com 6 anos de idade não se envolvia em lutas diretas no taekwondo. “Fazíamos várias atividades con­ciliadas com o esporte e meu professor tinha o cuidado para ninguém se machucar. Era muito prazeroso.” Ser disciplinada foi uma das exigências do esporte que Brunna aplicou em sua vida. “O professor sempre conversava conosco também sobre ques­tões particulares. Ele até nos pedia os boletins escolares, porque, se não tirássemos boas notas, não podíamos mudar de faixa. Era uma espécie de castigo”, explica.

Os resultados da disciplina e da aptidão logo vieram. Em 2009, aos 12 anos, Brunna teve a oportunidade de integrar uma equipe profissional. “O projeto esportivo acabou e meu mestre me convi­dou a fazer parte da equipe do Sesi Betim”, diz. Dois anos depois, mesmo ainda utilizando a faixa colorida, com chutes somente no tórax e sem muita força, ela ganhou o primeiro campeonato na­cional: o Brazil Open, realizado, na época, em Curitiba, no Paraná. Já em 2013, Brunna atingiu a faixa preta, nível desejável para um competidor. Desde então, a betinense não para de somar conquis­tas no currículo esportivo: foi campeã brasileira, em 2012 e 2013, vice-campeã da Copa do Brasil e quinto lugar no Pan-americano, no México, no ano passado. “Sem dúvidas, o Pan-americano reali­zado no México foi o campeonato mais árduo de que já participei . Competições internacionais são sempre mais difíceis, pois senti­mos a responsabilidade de representar o Brasil diante de vários países, com atletas altamente qualificados”, conta.

BASTIDORES

A mãe de Brunna revela que a atleta é caseira e concentrada, o que a ajuda bastante a conquistar seus títulos. "Ela não é de sair muito, de frequentar baladas. Apesar de ser adolescente, foca mais nos estudos e nos treinos”, salienta a mãe. Essa dedicação também refletiu em suas últimas vitórias. Neste ano, ela alcançou dois primeiros lugares: na Copa das Federações e no Campeona­to Mineiro.

A categoria juvenil foi deixada para trás e, agora, Brunna faz parte da categoria sub-21. “Geralmente, os atletas têm muita difi­culdade nessa transição. Mas a Bruna já começou se destacando e teve facilidade para se adaptar à mudança”, revela o treinador, Lecio Junio Martins Mizael.

A emoção de competir e de ter se tornado uma das melhores atletas do país faze Brunna refletir sobre sua trajetória de garra. “Competir e estar entre as melhores do Brasil é muito gratifi­cante. Ganhar é a consequência de todo o preparo, dos treinos diários, do incentivo e da compreensão da minha família e dos meus amigos. É uma sensação de dever cumprido. Quando ga­nho, penso em toda minha história para chegar até aqui, é uma sensação única”, emociona-se.

EVOLUÇÃO PESSOAL

E as conquistas não vieram somente nos tatames. A menina, antes tímida e inibida, transformou-se em uma mulher comuni­cativa e com desenvoltura. “Ela sempre foi mais recatada e, até hoje, o esporte a ajuda a se desinibir”, revela a mãe. “O esporte ajudou-me também a ser mais responsável. São fundamentos que vou levar para a vida toda”, destaca Brunna.

Atualmente, a atleta faz parte de um projeto olímpico da equi­pe Sesi Betim, está entre as principais taekwondistas do Brasil e é cotada para participar das Olimpíadas de 2016 ou 2020. Contu­do, para continuar atingindo bons resultados, ela ainda precisa de incentivo financeiro. “Uma das maiores dificuldades do es­portista hoje no Brasil é a falta de patrocínio. Não tenho um fixo e estou à procura, pois as despesas em competições em outros Estados, por exemplo, são muitas”, reforça.

Mas, se depender do incentivo do treinador e da família, Brunna já é uma atleta olímpica. “Ela sempre teve um diferencial, que é o apoio da família. Começou muito cedo e foi acompanha­da de perto pelos pais, o que facilitou o início e as vitórias. Ela é muito focada, determinada e sempre comprometida”, finaliza o mestre Lecio Junio. 




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