Novembro Azul

Prevenção

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Criado em 13 de Novembro de 2014 Saúde e Vida
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Campanha nacional incentiva a prevenção do câncer de próstata, segunda doença que mais mata os homens no país 

Pollyanna Lima

DEPOIS DO SUCESSO do Outubro Rosa, campanha nacional para a prevenção do câncer de mama, o país está voltado agora para o Novembro Azul, que incen­tiva a prevenção do câncer de próstata, segundo tipo de câncer que mais atinge os homens brasileiros, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma. Em Betim, a campanha teve início em 2013, com divulgação nos principais meios de comunicação e a realização de palestras em indústrias ministradas por profissio­nais da clínica Organização Regional de Combate em Câncer (Orcca).

A próstata é uma glândula localizada abaixo da bexiga e que envolve a uretra, canal que liga a bexiga ao orifício externo do pênis. Ela produz cerca de 70% do sê­men e representa um papel fundamental na fertilidade masculina. De acordo com o médico oncologista clínico Charles An­dreé Joseph de Pádua, esse câncer é a ne­oplasia maligna mais comum entre os ho­mens. “Ele é o que mais mata a população masculina, no entanto, esse tipo de cân­cer pode trazer muitas complicações aos pacientes. Desta forma, em homens com risco elevado, é fundamental fazer exames periodicamente para rastrear a enfermi­dade, que ocorre mais comumente após os 55 anos, aumentando a incidência com o avançar da idade”, explica o especialista.

Segundo levantamento de 2009 do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), em parceria com Sistema de Mortalidade Datasus, o único fator de risco bem estabelecido para o de­senvolvimento do câncer de próstata é a idade. Aproximadamente 62% dos casos diagnosticados no mundo ocorrem em homens com 65 anos ou mais. Com o au­mento mundial da expectativa de vida, é esperado que o número de casos novos de câncer da próstata aumente cerca de 60% até 2015.

“O rastreamento significa a procura do câncer sem que esse ainda tenha apre­sentado sintomas. Ele é feito por meio do toque retal, exame de sangue (PSA – substância produzida pelas células da próstata), exame ultrassonográfico da próstata e, quando indicado, a biópsia”, explica Pádua, ao ressaltar que nenhum desses procedimentos causa dor, exceto a biópsia, que poderá proporcionar algum desconforto.

A rotina da realização desses exames é fundamental, já que, quanto antes o ho­mem descubra a doença, mais provável será sua cura. “Em casos avançados, não é possível livrar-se da doença, porém, existem muitos tratamentos que poderão ajudar a prolongar a sobrevida e a propor­cionar bem-estar aos pacientes. Nessas situações, a cura completa torna-se im­possível pelo fato de as células malignas já acometerem outros órgãos”, detalha o médico. 

O pintor automotivo Djalma dos Santos, 57, conta que nunca tinha feito exames, mas resolveu procurar um mé­dico quando começou a sentir algumas dores no corpo. “Estava passando muito mal e, então, resolvi ir ao médico. Hoje, faço tratamento e vou ao médico tomar injeção uma vez por mês. A doença não atrapalha muita coisa na minha vida, mas, devido às idas e vindas à clínica, tive de parar de trabalhar por um tempo. Agora, tenho consciência de que nós, homens, precisamos ter mais cuidado com a nossa saúde. Por isso, a campanha Novembro Azul é de grande valia para a população masculina. Quanto antes se descobrir a doença, maior a chance de recuperação e cura completa”, salienta Santos.

ALERTA

De acordo com Charles de Pádua, nem sempre o câncer de próstata produz sin­tomas, por isso, os exames não devem ser descartados. “Na maioria dos casos, a do­ença não causa sintomas, principalmente, nas fases iniciais, porém, os pacientes po­dem evoluir com jato urinário fino, dor na micção, noctúria (ato de levantar muitas vezes à noite para urinar), sangramento na urina e no esperma, emagrecimento e dor óssea”, esclarece.

O aposentado José Maria dos Santos, 57, descobriu a doença em 2013 e conta que a diagnóstico foi um choque para ele e toda a família. “Eu estava sentin­do muitas dores no peito e nas costas, fiz aproximadamente sete exames e não descobriam nada. Então, refiz o exame de sangue e detectaram que eu poderia estar com câncer. Foi muito difícil, minha família chorou muito. E olha que sempre fui cuidadoso com minha saúde, imagine se eu não me cuidasse? Apesar de todo o susto, tenho fé em Deus. Enquanto tiver tratamento, vou correr atrás da minha qualidade de vida”, garante ele.

“Em fevereiro deste ano, eu passei por uma cirurgia e, depois disso, as coisas começaram a melhorar. O câncer já tinha começado a atingir meus ossos, mas, com os tratamentos, 80% já foi revertido. De­vido a esses avanços, minha família ficou mais confiante e me apoiando ainda mais para prosseguir o tratamento. Minhas do­res acabaram quando fiz a radioterapia, hoje, estou na minha terceira sessão de quimioterapia. O tratamento tira o meu sono, durmo apenas duas horas por noite, também não posso carregar peso, devido à metástase nos ossos, mas, fora isso, tenho procurado manter uma vida normal”, salienta Santos.

Para ele, aderir à campanha Novem­bro Azul é de grande importância para a população masculina, pois os homens ainda têm muito preconceito. “Eu mesmo conheço muitos que dizem que é bobei­ra fazer exames periódicos e, principal­mente, o exame do toque. Acredito que essa campanha tem conseguido mudar a mentalidade masculina, mostrando que é preciso se cuidar mais. A vida é muito boa para desperdiçá-la com machismos”, conclui.

Charles de Pádua explica ainda que a cirurgia nem sempre é realizada, mas é o primeiro tratamento indicado para pa­cientes jovens que apresentam doenças em fases iniciais. “Em pacientes em que não é possível a retirada do câncer, pode­-se indicar o tratamento radioterápico associado ou não a medicamentos que re­duzem os níveis de testosterona. É impor­tante salientar que, durante a campanha, nem todos os homens serão submetidos ao rastreamento inicial para o câncer de próstata. Uma coleta de informações so­bre o histórico familiar associada a fatores de risco para a doença nortearão os médi­cos a prosseguir com o exame físico e os exames complementares necessários para o diagnóstico”, finaliza o médico. 




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