O céu não é o limite
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Criado em 16 de Maio de 2013
Esportes
Um dos esportes mais radicais do mundo, o paraquedismo ganha cada vez mais adeptos por unir adrenalina, sentimento de liberdade e segurança
Cristina Guimarães
O desejo de voar não é de hoje. Na mitologia grega, Dédalo – um dos homens mais criativos e habilidosos de Atenas, conhecido por suas invenções – projetou, com penas, asas para seu filho Ícaro voar. Na China, o paraquedismo começou há 2.000 anos. Os chineses realizavam saltos de torres com imensos guarda-sóis para abrilhantar festas imperiais.
Hoje, o paraquedismo é um dos esportes radicais mais praticados no mundo e exige do desportista um estudo contínuo sobre segurança. O presidente do clube mineiro de paraquedismo Paladinos do Espaço – clube mineiro que existe há quase 50 anos –, Dermeval Athayde Júnior, conta que o esporte é regulamentado pela Federação Aeronáutica Internacional (FAI), porque envolve aeronave e espaço aéreo. “É por meio desse órgão que os recordes em aeronáutica e astronáutica são registrados oficialmente”.
A aplicação das normas, junto com a técnica, o bom senso e o respeito ao esporte, é sempre aliada à segurança. Júnior pontua que, para os alunos, os riscos são mínimos, já que para a prática são utilizados equipamentos com todos os itens de segurança disponíveis, como dispositivos de acionamento automático, velames (principal e reserva) próprios, rádio de comunicação e, o mais importante, os adeptos fazem o que os instrutores ensinam. O risco está na atitude do paraquedista. A maioria dos acidentes ocorre no
pouso, com profissionais experientes que acabam ultrapassando os limites do esporte.
O instrutor de paraquedismo do Paladinos do Espaço Ricardo Siqueira e a funcionária pública Margareth Carvalho se preparando para mais um salto
Saltador há seis anos, o militar do Exército Brasileiro Adriano Neves Coelho afirma que o paraquedismo é muito seguro. “Sou praticante de outras modalidades de esportes radicais desde adolescente e, por incrível que pareça, o paraquedismo ganha em segurança por utilizar os equipamentos seguros e obrigatórios. Os instrutores têm um alto nível técnico e, em alguns saltos, são usados dois paraquedas, equipados com dispositivo de abertura automática, altímetro e capacete com rádio receptor, que serve para o instrutor de solo orientar o aluno na navegação. Nunca sofri nenhum acidente”, salienta.
Para iniciar a prática, é obrigatório um atestado médico provando a capacidade física para o salto. Após serem realizados os exames e a consulta médica, chega o momento de procurar um clube de paraquedismo, que deve ser filiado à Federação Mineira de Paraquedismo (Paramig). A partir daí, o interessado tem de passar por um curso.
O instrutor de paraquedismo do Paladinos do Espaço, Ricardo Coutinho de Siqueira, dá outras orientações importantes. “É imprescindível ter certeza de que o instrutor está habilitado pela Confederação Brasileira de Paraquedismo (CBPq), assegurar- se da qualidade dos equipamentos e se a dobragem do paraquedas reserva está no prazo de validade. Convém também obter informações sobre a aeronave e sobre o piloto envolvido nos lançamentos”, frisa.
A funcionária pública Margareth Alves Carvalho seguiu esse caminho. Conhecer a sensação de estar em queda livre a levou ao Paladinos. Ela fez o curso Accelerated Static Line (ASL) e partiu para o primeiro salto. Depois disso, diz que não quer parar mais. “A emoção de poder voar, mesmo que por pouco tempo, nos dá mais poder para administrar e superar as adversidades”.
Para aqueles que querem participar de competições, o investimento financeiro é bem alto, mas, se a pessoa quer apenas fazer uso do esporte como lazer, o custo para realizar cerca de seis saltos por mês é entre R$ 600 e R$ 1.000. Isso no caso de o paraquedista ter seu próprio equipamento.
De onde saltar?
A atividade é intensa em São Paulo, principalmente, em Boituva. Os Estados do Sul e do Rio de Janeiro também têm locais para a prática do esporte. Em Minas Gerais, há poucas opções: Divinópolis, Juiz de Fora e Barbacena. Os espaços em Conselheiro Lafaiete e na Serra do Cipó, atualmente, estão fechados para reformas. “A realidade do cenário nacional é restrita à disponibilidade de aeronave, equipamentos e instrutores. Em Minas, existe um movimento para tentar mudar isso, e o nosso clube busca, de todas as formas, recurso para investir nessas diretrizes”, conclui o presidente do Paladinos.
Fotos: Paladinos do Espaço/Divulgação
O clube de paraquedismo Paladinos do Espaço oferece cursos de formação de paraquedista, saltos duplos e realiza saltos de demonstração em datas festivas. Informações pelo telefone (31) 8822-0197 e pelo e-mail [email protected]