O Papo é Outro
POR Geraldo Eugênio de Assis*
Tudo começou há mais de 25 anos, época em que lancei meu primeiro periódico, um fanzine com o nome de “Realidade da Humanidade”. Nele, eu abordava temas diversos e polêmicos. Contrário à alimentação animal e ao preconceito, entre outros temas, descrevia criticas sobre um sistema hipócrita e falido de gestão pública. Rebeldia de adolescente que durou mais de cinco anos. Algumas ma- térias chegaram a ser destaque em jornais de São Paulo e Bahia. Nessa época, não existia correio eletrônico e muito menos internet. Enviava, via correio, as centenas de cartas para amigos anônimos conquistados através das músicas pesadas e, às vezes estridentes, do punk rock. Estilo musical que me rendeu uma banda com o nome de Morte Social e a participação numa coletânea gravada pela Cogumelo Records. Fruto de com- partilhamento de "ideias libertárias que mudariam o mundo", toda essa experiência despertou em mim o interesse pela escrita.
Assim, dedicava parte de meu horário de almoço a escrever as páginas desse que foi meu primeiro manuscrito. Não me intimido, e muito menos me envergonho, de afirmar que a pro- dução era totalmente independente. Os poucos horários vagos que me restavam em meu agitado serviço de office boy eram destinados a escrever e xerocar as mais de 50 edições desse conhecido instrumento de comunicação. Eram em torno de 200 exemplares que, mensalmente, circulavam pelos quatro cantos do Brasil.
A empresa EPC Engenharia exis- te até hoje. Na época, localizada na rua da Bahia, no centro da cidade. Dali partiam as impressões, a cola, os grampos e os envelopes "doados" pela empresa para o meu trabalho vo- luntário de expressar minhas opiniões e sentimentos sobre os acontecimen- tos da época. E aproveito aqui para agradecer essa empresa que me aco- lheu em meu primeiro emprego de carteira assinada. Antes disso, passei de servente de pedreiro a vendedor de abacate.
Vários anos se passaram e muito punk rock rolou até que um dia o destino me levou a ser motorista de caminhão-cegonha. Nessa atividade, fiquei por sete anos. A prática da lei- tura, eu nunca deixei de ter. Três ou quatro livros de uma única vez. Mas, com o trabalho pesado atrás de um volante de caminhão, comecei minha carreira, que achei que iria durar pelo resto da vida.
Nesse meio-tempo, comecei a ser um ativista sindical. Aliás, ativista foi uma coisa que nunca deixei de ser, seja através do Greenpeace, da AMDA ou das ações malucas de correr atrás de vendedores de pássaros com facão na beira da rodovia. E, nessa interatividade, conheci pessoas que, apesar de compartilharem pensamentos dferentes de minha linha ideológica, tinham algo em comum: trabalhavam de caminhão e sofriam as mesmas ma- zelas que eu.
Nesse tempo, foi criada uma associação e, logo após, um sindicato para a categoria. Escrevi algumas vezes para o “Jornal do Cegonheiro”, impresso em São Bernardo do Campo, mas distribuído aqui.
Anos à frente e já com muita bagagem acumulada, surge o Sindicato dos Cegonheiros de Minas Gerais. Nessa época, o atual presidente da entidade, Carlos Roesel, a quem tenho muito o que agradecer pelas oportunidades, sugeriu a ideia do primeiro jornal mineiro direcionado aos cegonheiros de Minas, com o nome de “Siga Bem”.
O começo de tudo foi difícil como é para qualquer um. Mas, nesse jornal, começou o que para mim resultou em grande aprendizado. A revista Entre- -Vias surge então em 2002. Fruto de uma necessidade de melhor qualidade na informação e de mostrar a força que tem nosso setor de transportes. Acompanhou o crescimento do Sindi- cato dos Cegonheiros o renascimento do Sindtanque, a criação do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de Minas Gerais (Setcob- MG), o pioneirismo da Associação de Proteção entre os Amigos Transportes de Cargas do Estado de Minas Gerais (Ascarg) e de outras diversas entidades das quais estive à frente ou em sua formação.
Sempre defendendo os transporta- dores de cargas, seja os empresários do setor ou os motoristas que se distanciam de suas famílias em benefício do transporte de mercadorias, nunca fui de me afastar de desafios e de me ausentar dos riscos. Uma característica essencial para quem um dia se propôs a enfrentar, ou ainda enfrenta, os perigosos trechos de nossas rodovias.
Dez anos da revista que representa o porta-voz dos estradeiros não seriam um limite, mas, sim, um novo desafio. Nesse mesmo ano, o presidente do centro automotivo Niesa, mais conhecido como Borginho, sugere-me como a pessoa capaz de começar em Betim um novo projeto: o de uma revista imparcial que servirá para divulgar as atividades desta grande cidade e dos municípios vizinhos. Assim, nasceu a revista Mais, apoiada por diversas entidades que tenho a honra de ter como parceiras. Aciabe, CDL, Sindicato dos Cegonheiros, Niesa, AME e Sindicato Patronal do Comércio são algumas delas. Enriquecem nosso conteúdo editorial e demonstram a necessidade de um veículo voltado não somente a cultura, lazer, moda e turismo, entre outros temas. Um veículo de comunicação que nasce com dez anos de experiência, feito por uma equipe de profissionais que deixa a vaidade de lado e trabalha para levar a melhor informação a seus leitores.
Assim nasceu a revista Mais, que dedico aos leitores destas cidades por onde ela irá circular levando informação, cultura e entretenimento.