Para amantes do combo esporte e natureza
Praticado em trilhas, estradas ou matas, o trekking é uma das modalidades esportivas que mais crescem no mundo, permitindo a seus adeptos a descoberta de sensações como superioridade, força e autoconhecimento
Sara Lira
O período de férias está chegando, e, nos dias de folga, uma ótima atividade para quem ama o combo esporte e natureza é o trekking. Realizado em meio a trilhas, estradas ou matas, o esporte pode ser feito de variadas maneiras. Algumas delas são a caminhada monitorada, passeios com acompanhamento para a contemplação de cachoeiras, mirantes e paisagens; as travessias pequenas; as viagens com pernoites em que se carrega a infraestrutura necessária; e as competições.
De acordo com a diretora da Federação Mineira de Trekking e Enduro a Pé e representante da Minas Trekking Eventos, responsável pela organização do Circuito Mineiro de Trekking, Thatiana Mathias de Oliveira, a atividade é uma das que mais crescem no mundo. E os motivos são diversos. “O prazer da caminhada é o de desfrutar paisagens inéditas, que não estão ao alcance de qualquer um, é a sensação do privilégio de ir a lugares aonde poucos chegam, de ver coisas que muitos não viram, ou seja, é um misto de superioridade, força, autoconfiança e autoconhecimento”, destaca.
Trabalhando no meio há 19 anos, ela explica que o esporte traz muitos benefícios para seus adeptos, como fazer contato direto com a natureza, extrapolar os limites do próprio corpo e enfrentar desafios que só os esportes de aventura proporcionam. Além da prática informal, há também as competições, chamadas de “corridas de orientação” ou “trekking de regularidade”. Trata-se de provas realizadas em grupos de três a sete pessoas, em que cada integrante tem uma função. O navegador é a pessoa que, usando uma bússola, interpreta a planilha e conduz os outros pelas referências expostas pela organização. O contador de passos é o responsável pela estimativa de distâncias, fornecidas em metros, normalmente entre uma referência e outra. Toda equipe deve ter também o calculista, que faz os cálculos antes e durante a prova para a chegada da equipe aos pontos de referência.
Os campeonatos são divididos em três categorias: a da elite, de nível avançado e com percursos de cerca de 10 km; a dos graduados, de nível moderado com um trajeto de cerca de 8 km; e a dos trekkers, para iniciantes, com distâncias de até 6 km. “Durante as provas, surgem dificuldades e situações de conflito, que servem de aprendizado para as próximas etapas. Mas, depoisa prova, todos se divertem lembrando-se disso. O importante é não perder o espírito esportivo para que não haja desentendimentos”, pontua Thatiana.
Ela ainda explica que também existem as provas individuais, cujo objetivo é incentivar o participante a superar os próprios limites e a maximizar sua capacidade na tomada das decisões adequadas em um ambiente diferenciado de seu dia a dia.
Destinos
Por ser um berço de montanhas, cachoeiras e parques naturais, Minas é o Estado ideal para a prática do trekking. Cidades como Ouro Preto, Mariana, Santa Bárbara, Ouro Branco, Tiradentes, Diamantina, Rio Acima e locais como a Serra do Espinhaço são muito procurados pelos amantes do esporte. Já fora daqui, Tathiana recomenda a travessia Petrópolis/Teresópolis, no Rio de Janeiro.
A modalidade é indicada para quase todas as pessoas: basta ter disposição, um mínimo de condicionamento físico e amar a natureza. Todavia, alguns cuidados devem ser observados: a roupa precisa ser leve, confortável e de tecidos que não prejudiquem a transpiração corporal, mas que, ao mesmo tempo, protejam a pessoa do frio e do sol. Os calçados também devem oferecer conforto. Há inclusive botas específicas, que tampam os tornozelos. Bonés ou chapéus são importantes. “A dica é praticar as primeiras vezes com roupas e calçados que o iniciante já possui a fim de que ele se conheça melhor no novo ambiente. Depois, se a motivação persistir, aí, sim, a pessoa pode investir no vestuário e em equipamentos adequados”, orienta.
Paixão pelo trekking
Praticante do esporte há 25 anos, Francisco Cardoso, conhecido como Chico Trekking, de 42, começou a se apaixonar pela atividade ainda na infância. Na época, ele caminhava em torno de 8 km para ir à escola, já que morava na região rural de Alagoa, cidade do interior de Minas, encravada na Serra da Mantiqueira e rodeada de montanhas. Ao mesmo tempo, ele mantinha o hábito de subir alguns picos na região para contemplar a natureza. Já jovem, conheceu colegas que faziam caminhadas por prazer. Foi quando adquiriu prática e experiência em acampamentos. “O principal benefício é o repouso mental proporcionado pelo contato com a natureza. Costumo dizer que, quando caminhamos, “não pensamos em nada”, e isso é ótimo, pois nos alivia das tensões normais do dia a dia. Além disso, o trekking aperfeiçoa nossas condições físicas. Acrescentem-se a isso as novas amizades e os conhecimentos em geografia adquiridos in loco”, elenca o esportista, que, hoje, vive em Belo Horizonte. Desde 2012, ele mantém um blog, no qual conta sua rotina na prática esportiva e dá algumas dicas sobre a atividade. Inicialmente, o site foi criado para guardar as memórias das caminhadas que ele fazia, mas, como as informações foram bem-recebidas por muitas pessoas, ele decidiu ampliar o foco.
Juntos na cidade e nas trilhas
A educadora física Flávia Andrade Amaral, 39, e o personal trainer Nilson Nogueira Amaral Rezende, 34, são casados e fazem o trekking juntos. Ele teve até uma equipe de competição, e os dois já participaram de algumas provas em equipe tendo vencido algumas delas, como o Iron Adventure, na categoria Novatos, em 2011 e em 2012. Porém, atualmente, praticam o esporte por hobby, além da corrida de montanha. Eles também organizam passeios e caminhadas. Flávia, neste ano, venceu disputas de trail run, que é corrida em trilhas – outra modalidade esportiva também praticada na natureza.Os benefícios, segundo o casal, são inúmeros. “Você sai da rotina e vê paisagens que não encontra na cidade”, afirma Flávia. “Além de desestressar, é excelente para o corpo, pois é uma atividade aeróbica, que também trabalha a musculatura dos membros inferiores”, complementa Nilson.