Para não dizer que não falei das fadas...

POR Domingos de Souza Nogueira Neto*

0
Criado em 10 de Outubro de 2013 Cultura
A- A A+

Outubro, e os olhos se voltam para as crianças, ricas, pobres, mas todas nossa responsabilidade. E, se é verdade que nem todas encontram abrigo e acolhimento neste mundo, é também verdade que o reino das fadas fascina, encanta, aprisiona e liberta aqueles que atravessam os seus umbrais. É ali que nos deixamos ficar em sonhos, num não mais voltar a esta vida, desde cedo tão difícil.

Entre os grandes autores, além do irmãos Grimm, encontram-se o francês Charles Perrault, que deu vida à Chapeuzinho Vermelho, Bela Adormecida, Pequeno Polegar e Gato de Botas; Andersen, que nos presenteou com a história do Patinho Feio; Gabrielle-Suzanne Barbot, a Dama de Villeneuvee com a Bela e a Fera e Charles Dickens, com o Conto de Natal e a história de Oliver Twist. No Brasil, a maior conquista foi Monteiro Lobato, cuja a obra ainda hoje serve de base ao início literário de muitas crianças.

Mas ainda antes, as mitologias de diversos países remetiam o imaginário popular ao abrigo de deuses, semideuses, deidades, heróis, gigantes, dragões, elfos, ogros, ciclopes, bruxas, ninfas, gnomos, mágicos, etc.. Assim, impossível precisar a origem dos contos de fadas, que certamente foi anterior aos nossos conceitos de ciência e tradição escrita.

Modernamente os contos de fadas estão em toda a parte, nos mangás, nos desenhos animados, os animes japoneses, nos games, na literatura de Harry Potter, o Senhor dos Anéis, a Guerra dos Tronos, Percy Jackson, etc.. E crianças e adultos continuam fascinados por suas histórias.

Os contos de fadas (como muitas religiões) existem e fazem sucesso por várias razões, primeiro porque o ser humano consegue criar sobrerrealidades, através de seus processos  imaginativos. Quer dizer que a partir de elementos e demandas existentes na natureza, consegue, por extrapolação, criar realidades fictícias. A segunda razão, me parece, é que além de ser esta uma capacidade humana, é também uma necessidade humana. Os homens precisam por alguma razão criar um ambiente sobrenatural, imergirem-se nele, e existe um gozo evidente neste processo.

A mesma demanda de uma realidade estranha à natureza, que nos leva as histórias de fadas, ficções científicas, histórias de terror, games, mitologias, religiões primitivas, é, em outro viés, o que tornou o homem capaz de voar sem ter asas, correr sobre rodas ao invés de usar as pernas, mergulhar nos mares sem ter guelras, carregar toneladas com máquinas, quando foi antes um dos mais frágeis animais da natureza.

Nós somos assim. Imaginamos, sonhamos, deliramos até, e criamos ciências e tecnologias porque recusamos em nossos processos cognitivos e emocionais aquilo que está simplesmente posto. Quando, desde crianças, mergulhamos em contos e histórias sobre o fantástico e sobrenatural, construímos pessoas, fantásticas, sobrenaturais, que colorirão a realidade com as lentes de seus sonhos. E só assim o mundo pôde ser, mais que uma realidade vivida, uma realidade sonhada. Verdade, que nem todos os sonhos são bons, mas isto é uma outra história ...

Fotos: Reprodução internet

"Quando o primeiro bebê riu pela

primeira vez,o riso se despedaçou

em milhares de partes e todas elas

se espalharam, foram saltando.

E assim nasceram as fadas".

 

... "Cada vez que uma criança diz

´Eu não acredito em fadas´ em algum lugar uma

pequenina fada cai morta no chão."

(trechos da obra Peter Pan de James Matthew Barrie)

 




AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Mais. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Mais poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.