Para o alto e avante

Referência nacional como escola de pilotagem e atração turística de Pará de Minas, na região Central do Estado, o aeroclube da cidade destaca-se pela frota moderna de aeronaves e pelo alto nível dos instrutores; Aero Rock, evento anual de acrobacia aérea

Criado em 29 de Agosto de 2016 Esportes
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Iêva Tatiana

A paixão pela aviação e a tradição na formação de pilotos fazem com que a história do Aeroclube de Pará de Minas, na região Central de Minas Gerais, misture-se com a biografia do próprio município. Fundado em 25 de dezembro de 1945, o espaço é, hoje, referência nacional como escola de pilotagem e uma atração turística da cidade.

O legado deixado pelo primeiro presidente, José Alves Ferreira de Oliveira, e pelos sócios-fundadores Paulo Souza Marinho, Arnauld Marinho, Sylvio Praxedes e Ricardo Magela dos Santos é motivo de orgulho para quem já percorreu a famosa pista de 1.200 m de extensão. Funcionário aposentado do Banco Central do Brasil, o pará-minense Hudson Leite Praxedes, de 73 anos, começou a frequentar o aeroclube por volta dos 13, época em que o pai, Sylvio, permitiu que ele decolasse pela primeira vez. “Foi a gota d’água, e, no dia 10 de abril de 1960, então com 16 anos, fiz meu primeiro voo como aluno. Meu pai me deu dez horas de voo, matrícula e o exame médico”, recorda-se.

O melhor piloto de show aéreo do mundo, Skip Stewart, já decola executando uma manobra acrobática chamada “Knife Edge”, que, em português, significa “Voo de Faca”.
 

Determinado a ganhar os céus, o então adolescente trabalhou muito para conseguir pagar o restante das aulas necessárias para adquirir o brevê, documento que concede autorização para pilotagem. O início da trajetória na aviação foi marcante para o aposentado, que se lembra com carinho daquela época. “Hoje, ele (o aeroclube) representa uma vida – mais de 56 anos – de paixão e dedicação inquebrantável. Foram incontáveis dificuldades, incompreensões etc.”.

Da esquerda para a direita: Akin Silva Junior, Fernando de Almeida, José Eustáquio de Oliveira, Alisson Mendes Mendonça e Hudson Praxedes
 

O sentimento de Praxedes é compartilhado pelo comerciante e fotógrafo de aviação Victor Márcio de Souza, de 28 anos. As cerca de cinco décadas de distância entre as datas de nascimento dos dois pilotos são a prova de que o aeroclube não parou no tempo.

Também nascido em Pará de Minas, Souza começou a frequentar o local em 1997, ainda criança, e, em 2007, tornou-se aluno. Atualmente, ele é piloto privado (brevê inicial) e viaja pelo Brasil a bordo de um Super Petrel (avião leve capaz de pousar tanto na terra quanto na água) nos momentos de lazer. Fotógrafo oficial do aeroclube, ele também faz parte da atual diretoria. “É uma honra vestir a camisa do Aeroclube de Pará de Minas em todas as feiras e eventos de aviação, inclusive internacionalmente”, destaca.

Voo certeiro

O diretor financeiro do aeroclube, Marcos Antônio Duarte, 48, também não esconde o orgulho que sente pelo espaço, visitado por ele pela primeira vez em 1986, a convite do ex-presidente Antônio Ernesto Magalhães. “O Aeroclube de Pará de Minas é, hoje, uma das maiores escolas de pilotagem do Brasil, tanto em horas voadas quanto em números de alunos formados. Possui uma equipe de instrutores de alto nível e uma frota moderna de aeronaves”, ressalta Duarte.

O diretor financeiro do aeroclube, Marcos Antônio Duarte, 48, diz sentir muito orgulho pelo espaço, visitado por ele pela primeira vez em 1986, a convite do ex-presidente Antônio Ernesto Magalhães.

 

Mark Binder, o fundador e organizador do Aero Rock, maior evento de acrobacia aérea do país
 

Para alcançar o êxito contemporâneo, no entanto, o aeroclube enfrentou turbulências. O primeiro avião, um Paulistinha CAP-4, prefixo PT-RTQ, foi adquirido somente em 1956. Em 1960, formou-se o primeiro piloto comercial (segundo tipo de brevê), Aurélio Rocha, e, seis anos mais tarde, veio a primeira turma de “brevetados”. Entre os formandos estavam Hudson Praxedes e Ricardo Binder, o precursor de uma linhagem de mais de dez pilotos.

A partir daí, dezembro firmou-se como um mês marcante da história do aeroclube. Em 1972, no dia 30, surgiu a Sociedade Aerodesportiva de Pará de Minas, que cedeu lugar ao Aeroclube de Pará de Minas em 31 de dezembro de 1988, doando instalações, documentos, dependências, aeronaves e transferindo todos os alunos.

Com essa propulsão, o voo foi certeiro. “Ele (o aeroclube) se destaca-se, atualmente, como uma das principais entidades de formação de pilotos no mercado brasileiro. Com uma frota de 25 aeronaves (Cessna 152, Cessna 172SP, Cessna 172SP G1000, Piper Archer II, Piper Seneca) e cinco simuladores de voo, divulga o nome de Pará de Minas em todo o país”, pontua o presidente, Ivan Resende Leitão, 35, ex-aluno e “comandante” do aeroclube desde 2008.

Visitado por turistas, pará-minenses e estudantes em trabalhos escolares, o local é referência, também, na realização de grandes eventos, segundo conta Leitão. Anualmente, milhares de pessoas de todo o Brasil são atraídas para a festa de aniversário do espaço e para o Aero Rock, maior evento de acrobacia aérea do país.

O fundador e organizador dessa ideia carrega a paixão pelos aviões no sobrenome: Mark Binder, de 39 anos, ex-piloto da TAM (atual Latam) e filho de Ricardo. O sucesso da soma de rock and roll e aviação – pioneira no mundo, de acordo com ele – veio logo na primeira edição, em 2010, quando os 70 convidados se revelaram 400 no fim das contas. Hoje, aproximadamente 5.000 pessoas, vindas de todas as partes, sobretudo Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, embarcam nessa festa. “O Aero Rock acontece sempre em junho, quando o tempo permite mais eventos a céu aberto por quase não haver chuva. Há várias atrações, como aeromodelismo, paraquedismo, paramotores, falcoaria, pirofagia e show de alguma banda famosa. Já tivemos Marcelo D2, Jota Quest, Tianastácia, Wilson Sideral. A última foi Raimundos”, informa o organizador.

E, pelo que tudo indica, o céu é o limite para Binder. No ano que vem, o evento ganhará uma versão itinerante e aterrissará em outros Estados e países. Os detalhes ainda não podem ser revelados, mas nada impede que o público já comece a dar asas à imaginação.




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