Pausa para feminices
CONSTANZA FERNANDES
0
Criado em 15 de Maio de 2014
Gente
Vivendo em Betim há mais de 30 anos, Constanza Fernandes comemora o sucesso do Futilish, blog de moda que está entre os mais acessados do Brasil
Luna Normand
TODA MULHER QUE SE PREZE gosta de falar de moda, maquiagem, tendências e acessórios. Mas, na internet, compartilhar dicas sobre esses assuntos deixou de ser apenas um hobby e se transformou em uma nova e rentável profissão: blogueira de moda.
Para isso, não é preciso curso superior em moda ou qualquer outro tipo de formação específica. Basta ter um site para disseminar informações positivas e negativas a respeito de diversos produtos e serviços. É o que faz o Futilish, página virtual que reúne dicas de roupas, beleza, decoração e outras feminices. Quem acompanha a blogosfera certamente já ouviu falar dele, mas o que muitos talvez não saibam é que quem comanda esse blog, que só no último mês teve quase três milhões de acessos, é a betinense Constanza Fernandes.
Administradora por formação, a agora blogueira de moda nasceu em Santiago, no Chile, mas se mudou para Betim com a família com apenas 2 anos. E foi na cidade que nasceu o Futilish – que completa cinco anos em julho e é, atualmente, um dos blogs mais acessados do país. “Antes, eu nunca tinha levado isso a sério. Nem sabia que dava dinheiro”, revela.
Constanza conta que começou a escrever na internet sobre futilidades após um curso de consultoria de imagem. “Na época, eu fazia parte da rede social Flickr e, como tinha acabado de fazer o curso, criticava muito as roupas dos famosos, mas tudo brincando. As minhas seguidoras da rede social, então, pediram para eu fazer um blog. Meu irmão (Francisco, designer) criou o layout e eu tive a ideia do nome. Não foi nada programado. No início, tinha 70 acessos por dia e eu achava o máximo”, lembra.
Mal sabia ela que, anos depois e com o crescimento da internet, suas dicas seriam seguidas, diariamente, por mais de 80 mil pessoas. A inspiração para os posts, que falam de assuntos do universo feminino como decoração, produtos de beleza e de moda, vem do seu próprio dia a dia. “Falo de tudo. Se viajo, falo da viagem. Se vou a um restaurante bacana, escrevo sobre isso. Ensino as leitoras a comprar roupas em lojas fast fashion e também dou muitas dicas de produtos de maquiagem”, diz.
NEGÓCIO
Em menos de um ano, o sucesso da internet ganhou proporções maiores e Constanza passou a ser reconhecida nas ruas por causa do Futilish. “Na primeira vez em que isso aconteceu, eu estava em São Paulo. Levei um susto. Foi então que vi a dimensão que o blog tinha tomado. Não me via blogueira, mas depois disso a ficha caiu”, confessa a betinense, que diz sempre ser reconhecida na cidade. “Acontece muito em restaurantes ou no shopping. Meu pai e minha mãe acham um máximo”, revela.
Toda essa repercussão gerou o convite para integrar o F* Hits, plataforma que reúne páginas virtuais com forte influência em várias regiões do país. A proposta é agenciar comercialmente as blogueiras, inserindo-as em eventos e semanas de moda por todo o mundo. “É o sonho de qualquer blogueira”, afirma Constanza, que só no último mês participou do São Paulo Fashion, em São Paulo, feminicese do Minas Trend, em Belo Horizonte, além de eventos internacionais como a Semana de Moda de Londres, no início do ano.
Fotos: Divulgação
Muito além do glamour de transitar entre passarelas e modelos, a administradora fez o blog virar um negócio. Hoje, ela diz que vive dos anúncios da página virtual. “Ganho mais do que ganhava quando trabalhava com administração”, garante, sem revelar números.
Para quem pensa que vida de blogueira é fácil, a betinense garante que dá, sim, muito trabalho. “Tenho que escrever todos os dias, senão os acessos caem. E eu vivo disso. Por isso mesmo, fico o tempo todo conectada. Dependendo do post, demoro até cinco horas para elaborar. Tem ainda os eventos de lançamento de coleções e showrooms para visitar. Não tenho mais rotina. Nem dormir direito eu consigo”, diz.
RELAÇÃO COM BETIM
Vivendo no município há mais de 30 anos, Constanza lembra-se com carinho de como era a cidade nos anos 1980 e 1990. “Estudei no Promove e gostava muito de ir à praça (Milton Campos) encontrar a turma toda. Ia no sábado à noite e no domingo de tarde para o Bar da Paia. Fui à primeira Feira da Paz, no ginásio poliesportivo, nos comícios com o Skank, Hanoi Hanoi, Capital Inicial, e sempre participava do JEB (Jogos Estudantis de Betim) e da festa da igreja (Nossa Senhora do Carmo)”, conta.
Contanza, que até pouco tempo trabalhava em uma empresa em Contagem e ainda mora com os pais em Betim, diz que pretende se mudar. “Venho a cidade apenas para dormir. Por isso, vou me mudar para Belo Horizonte. Lá estão meus amigos e, profissionalmente, também é mais viável”, afirma. Apesar de não gostar muito de falar sobre a vida pessoal, a reportagem conseguiu que famosa blogueira confessasse que atualmente está namorando um belo-horizontino.
Sobre a moda local, a blogueira diz que é preciso que consumidores e comerciantes ampliem o olhar. “Acho que o comércio em Betim ainda tem uma visão de ‘lojinha de interior’. Está crescendo com os novos shoppings e as âncoras que estão vindo para a cidade, mas, mesmo assim, é pouco”, afirma.
Perguntada sobre quem seria um ícone de estilo na cidade, ela prefere não opinar, mas dá dicas essenciais para se produzir com elegância. “Evite unha decorada, bota pata de bode, pochete, bota branca, alça de sutiã de silicone, calça com cós muito baixo, barriga de fora quando o corpo não está em dia. O essencial sempre será o atemporal e clássico”, garante.
Colher
Carrego-a desde os 15 anos. Era da minha avó, passou para a minha mãe e, depois, para mim. Eu a uso para curvar os cílios. É um costume chileno. Tenho até um vídeo no Youtube ensinando a fazer. Ela já faz parte da minha nécessaire.
Perfume
Digo que o meu cheiro é o Infusion D’Iris, da Prada. Já uso ele há muito tempo, deve ser o meu quinto vidro. É o meu preferido. Tenho vários outros perfumes, mas esse eu uso sempre.
Pulseira berloques/pandora
Viajo muito, então, trago de cada cidade um berloque. Tem do Japão, França, Aruba, Nova York, Irlanda, Londres. Tem ainda meu cachorro, minha família e um olho para boa sorte.
Snow balls
Faço coleção. Compro sempre nas viagens que faço. São 16 ao todo.
Camisa xadrez
Foi o último presente que minha vó materna, que morreu em 1999, me deu. Ela dizia que eu era a neta preferida dela, por isso, guardo essa camisa com muito carinho.
Fotos: Muller Miranda