Pelo direito dos advogados
Entrevista - Cirilo Moreira Júnior
Foto: Hilário José
Procurador municipal da Prefeitura de Betim e um dos fundadores da Associação dos Procuradores e Advogados do Município de Betim (Apamb), Cirilo Moreira Júnior, 38, luta com veemência para garantir os interesses de sua categoria e atua como um fiscalizador da administração pública
Leonardo Dias
REVISTA MAIS – Fale-nos sobre o início da sua carreira como advogado.
CIRILO MOREIRA - Eu estudei na PUC, em Betim, e me formei em 2000. Meu primeiro emprego como advogado foi no escritório de advocacia trabalhista da doutora Sirlêne Damasceno. Trabalhei com ela durante seis anos, até passar no concurso da Prefeitura de Betim, em 2006, onde desde então exerço o cargo de procurador.
Como a Associação dos Procuradores e Advogados do Município de Betim (Apamb) surgiu nessa trajetória profissional e como foi o início desse trabalho?
Após dois anos como procurador municipal, eu e meus colegas vimos a real necessidade da criação de uma associação que representasse e lutasse pelos interesses da nossa categoria, e fui um dos fundadores da Associação dos Procuradores e Advogados Públicos do Município de Betim, em 2008. Além de defender os interesses da nossa categoria, a associação funciona como entidade fiscalizadora da administração pública, ainda que de modo impessoal.
Quais as principais dificuldades encontradas hoje pela Apamb e pelo procurador?
A maior dificuldade atualmente é quebrar alguns paradigmas que existem no serviço público, que se tornaram obsoletos. Os bons profissionais de outrora e seus fundamentos, hoje, não mais se enquadram na realidade. Essa é a maior dificuldade que eu e meus colegas encontramos no exercício da nossa função. São barreiras colocadas pela administração que, além de não acompanhar a evolução do direito, não fazem mais parte do contexto social e globalizado da sociedade contemporânea.
De onde vem sua paixão pela área jurídica?
Desde sempre eu tive vontade de fazer o curso de direito. Lembro-me de ter feito teste vocacional uma vez e ele confirmou essa vontade. Hoje, sinto-me realizado profissionalmente. Até mesmo as situações de injustiça que presenciei na minha vida instintivamente me tocavam, e eu sentia a necessidade de buscar o que era justo. Acho que foi um processo natural, e nunca tive dúvidas de que o que eu realmente queria era seguir a carreira jurídica.
Como o senhor avalia o estudo do direito e a prática da advocacia no país hoje?
Acredito que, pelos excessos da legislação brasileira e as constantes mudanças sociais, tanto o estudo como a prática jurídica são um enorme desafio profissional. O advogado de hoje deve se dedicar com o maior zelo possível, sempre buscando se atualizar e se aprimorar, para prestar um serviço cada vez melhor. Esse é o mínimo que alguém que deseja seguir nesta área deve buscar para si enquanto profissional.
Quem são seus exemplos que o inspiram na sua área profissional?
Por ter militado nas áreas privada e pública, tenho dois exemplos a serem citados e que marcaram minha trajetória. Na advocacia privada, meu maior exemplo é a doutora Sirlêne, com quem tive o privilégio de trabalhar por seis anos e quem me ensinou a advogar. Ela sempre será meu exemplo de profissional competente, humano e honesto. Na advocacia pública, tenho enorme admiração pelo professor doutor Luiz Fernando Valladão, procurador municipal de Belo Horizonte, por sua competência profissional e por ser um real defensor das prerrogativas e direitos dos advogados.
Passou por alguma situação difícil no tempo em que atua no mundo jurídico?
Sim. A pior delas foi ter me afastado das minhas funções como procurador municipal por pressão política. Porém, foi um avanço na minha vida pessoal, já que pedi licença sem vencimentos e fui morar na Austrália, durante oito meses. Foi uma experiência inesquecível.
Algum caso engraçado ou constrangedor?
Sempre existe um ou outro caso, mas o mais engraçado foi uma vez em que fui convocado pelo procurador geral para discutir um processo em seu gabinete. Eu era recém-concursado, e ele me pediu que eu fosse buscar uma pasta para continuarmos a discussão. Eu me levantei e, em vez de sair da sala, entrei no banheiro do gabinete. Realmente, foi bem constrangedor sair daquele banheiro. A sorte foi que ele estava vermelho de tanto rir do meu engano.
Como é o Cirilo na vida pessoal?
Atualmente, minha vida está mais voltada para o trabalho. Nos momentos de lazer, gosto de estar com meus amigos, ler e ir ao cinema.
Gosta de esportes? Pratica alguma atividade física?
Faço musculação com personal training três vezes na semana. Participo também de um grupo de corrida, duas vezes por semana.
Qual a importância da família na sua vida?
Tenho uma família pequena. Perdi meu pai com 18 anos de idade. Mas sempre tive o apoio da minha família em tudo. A família é o porto seguro, sempre orientando e moldando nossa personalidade.
É uma pessoa religiosa?
Sim, sou católico e devoto do Menino Jesus de Praga (famosa estátua de Jesus quando menino, que está localizada na Igreja Nossa Senhora Vitoriosa, em Praga, na República Tcheca).
Quais são seus planos para o futuro?
Ainda pretendo viajar mais e conhecer novos lugares. O mundo é muito grande, gosto de conhecer pessoas e culturas diferentes. Por ter morado fora por um tempo, fiz amigos de diversos países e quero poder visitar cada um deles. O prazer de conhecer novas culturas me fascina.
Algum projeto de vida que ainda pretende realizar?
São muitos os projetos de vida, mas, especificamente à frente da associação, o meu próximo projeto é a criação da Lei Orgânica da Procuradoria Geral, o que dará maior autonomia e independência aos procuradores de carreira, na defesa dos interesses dos cidadãos de Betim e da administração pública. Hoje, este é meu maior objetivo.