Pelo direito dos advogados

Entrevista - Cirilo Moreira Júnior

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Criado em 15 de Dezembro de 2014 Conversa Refinada

Foto: Hilário José

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Procurador municipal da Prefeitura de Betim e um dos fundadores da Associação dos Procuradores e Advogados do Município de Betim (Apamb), Cirilo Moreira Júnior, 38, luta com veemência para garantir os interesses de sua categoria e atua como um fiscalizador da administração pública

Leonardo Dias

REVISTA MAIS – Fale-nos sobre o início da sua carreira como advogado.

CIRILO MOREIRA - Eu estudei na PUC, em Betim, e me formei em 2000. Meu primei­ro emprego como advogado foi no escri­tório de advocacia trabalhista da doutora Sirlêne Damasceno. Trabalhei com ela du­rante seis anos, até passar no concurso da Prefeitura de Betim, em 2006, onde desde então exerço o cargo de procurador.

Como a Associação dos Procuradores e Advogados do Município de Betim (Apamb) surgiu nessa trajetória profis­sional e como foi o início desse trabalho?

Após dois anos como procurador muni­cipal, eu e meus colegas vimos a real neces­sidade da criação de uma associação que representasse e lutasse pelos interesses da nossa categoria, e fui um dos fundadores da Associação dos Procuradores e Advo­gados Públicos do Município de Betim, em 2008. Além de defender os interesses da nossa categoria, a associação funciona como entidade fiscalizadora da administra­ção pública, ainda que de modo impessoal.

Quais as principais dificuldades encontra­das hoje pela Apamb e pelo procurador?

A maior dificuldade atualmente é que­brar alguns paradigmas que existem no serviço público, que se tornaram obsole­tos. Os bons profissionais de outrora e seus fundamentos, hoje, não mais se enqua­dram na realidade. Essa é a maior dificul­dade que eu e meus colegas encontramos no exercício da nossa função. São barreiras colocadas pela administração que, além de não acompanhar a evolução do direito, não fazem mais parte do contexto social e globalizado da sociedade contemporânea.

De onde vem sua paixão pela área jurídica?

Desde sempre eu tive vontade de fazer o curso de direito. Lembro-me de ter feito teste vocacional uma vez e ele confirmou essa vontade. Hoje, sinto-me realizado pro­fissionalmente. Até mesmo as situações de injustiça que presenciei na minha vida ins­tintivamente me tocavam, e eu sentia a ne­cessidade de buscar o que era justo. Acho que foi um processo natural, e nunca tive dúvidas de que o que eu realmente queria era seguir a carreira jurídica.

Como o senhor avalia o estudo do direito e a prática da advocacia no país hoje?

Acredito que, pelos excessos da legis­lação brasileira e as constantes mudanças sociais, tanto o estudo como a prática jurídica são um enorme desafio profis­sional. O advogado de hoje deve se de­dicar com o maior zelo possível, sempre buscando se atualizar e se aprimorar, para prestar um serviço cada vez melhor. Esse é o mínimo que alguém que deseja seguir nesta área deve buscar para si enquanto profissional.

Quem são seus exemplos que o inspiram na sua área profissional?

Por ter militado nas áreas privada e pú­blica, tenho dois exemplos a serem citados e que marcaram minha trajetória. Na advo­cacia privada, meu maior exemplo é a dou­tora Sirlêne, com quem tive o privilégio de trabalhar por seis anos e quem me ensinou a advogar. Ela sempre será meu exemplo de profissional competente, humano e ho­nesto. Na advocacia pública, tenho enor­me admiração pelo professor doutor Luiz Fernando Valladão, procurador municipal de Belo Horizonte, por sua competência profissional e por ser um real defensor das prerrogativas e direitos dos advogados.

Passou por alguma situação difícil no tempo em que atua no mundo jurídico?

Sim. A pior delas foi ter me afastado das minhas funções como procurador municipal por pressão política. Porém, foi um avanço na minha vida pessoal, já que pedi licença sem vencimentos e fui morar na Austrália, durante oito meses. Foi uma experiência inesquecível.

Algum caso engraçado ou constrangedor?

Sempre existe um ou outro caso, mas o mais engraçado foi uma vez em que fui convocado pelo procurador geral para discutir um processo em seu gabinete. Eu era recém-concursado, e ele me pediu que eu fosse buscar uma pasta para con­tinuarmos a discussão. Eu me levantei e, em vez de sair da sala, entrei no banheiro do gabinete. Realmente, foi bem cons­trangedor sair daquele banheiro. A sorte foi que ele estava vermelho de tanto rir do meu engano.

Como é o Cirilo na vida pessoal?

Atualmente, minha vida está mais vol­tada para o trabalho. Nos momentos de lazer, gosto de estar com meus amigos, ler e ir ao cinema.

Gosta de esportes? Pratica alguma ativi­dade física?

Faço musculação com personal trai­ning três vezes na semana. Participo tam­bém de um grupo de corrida, duas vezes por semana.

Qual a importância da família na sua vida?

Tenho uma família pequena. Perdi meu pai com 18 anos de idade. Mas sempre tive o apoio da minha família em tudo. A família é o porto seguro, sempre orientan­do e moldando nossa personalidade.

É uma pessoa religiosa?

Sim, sou católico e devoto do Menino Jesus de Praga (famosa estátua de Jesus quando menino, que está localizada na Igreja Nossa Senhora Vitoriosa, em Praga, na República Tcheca).

Quais são seus planos para o futuro?

Ainda pretendo viajar mais e conhecer novos lugares. O mundo é muito grande, gosto de conhecer pessoas e culturas di­ferentes. Por ter morado fora por um tem­po, fiz amigos de diversos países e quero poder visitar cada um deles. O prazer de conhecer novas culturas me fascina.

Algum projeto de vida que ainda preten­de realizar?

São muitos os projetos de vida, mas, especificamente à frente da associação, o meu próximo projeto é a criação da Lei Orgânica da Procuradoria Geral, o que dará maior autonomia e independência aos procuradores de carreira, na defesa dos interesses dos cidadãos de Betim e da administração pública. Hoje, este é meu maior objetivo. 




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