Quando amar se torna sofrer

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Criado em 20 de Novembro de 2012 Bom Exemplo
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Com medo do bandono e acostumadas à falta de amor nas relações pessoais, as Mulheres que Amam Demais Anônimas fazem de tudo para manter um relacionamento
 
Quando pensamos em amor, tendemos a imaginar algo sublime, dotado de prazer e aspirações. Entretanto, a prática amorosa, muitas vezes, desmente essa idealização de relacionamento e aparece com algumas dificuldades. Dessa forma, a experiência de amar pode ser de alegria para uns, mas de dor e sofrimento para outros. E esse é o tipo de amor cultivado pelas mulheres que procuram o grupo de autoajuda Mulheres que Amam Demais Anônimas (Mada), que tem como objetivo a recuperação da dependência de relacionamentos destrutivos. “Eu sou uma Mada em recuperação. Terminei meu relacionamento há nove meses. Fui vítima de uma pessoa louca, viciada, que me usava como escudo para cometer seus descontroles. Eu, apaixonada, não enxergava o mal que essa pessoa me fazia. Sofri muito no começo, pois não imaginava viver sem ela, mas, hoje, tenho a plena certeza de que a pessoa mais importante na minha vida sou eu mesma. Eu me esqueci, me apaguei, mas reagi a tempo de ressuscitar esse meu ‘eu’ que estava sufocado. É preciso coragem, força de vontade e pensamento positivo para modificar os próprios caminhos”. Esse é o depoimento de Joana, uma mulher que ainda participa do grupo. O nome é fictício, afinal, o Mada preserva a identidade de seus participantes. 
 
As representantes do grupo oficial do Brasil afirmam que as reuniões, que acontecem uma vez por semana, funcionam como uma troca de experiências e de superação. “Não se devem dar conselhos. Todas são bem-vindas a partilhar suas experiências
e o que as ajudou a se sentirem melhor. O tratamento se baseia em espelhos, não em conselhos”, explicam.
 

Perfil

A literatura do Mada enumera 14 características de uma possível mulher que ama demais. Confira algumas delas:

  •  Vem de um lar desajustado, em que suas necessidades emocionais não foram satisfeitas;
  •  É super atenciosa, principalmente com homens aparentemente carentes;
  •  Com medo de ser abandonada, faz qualquer coisa para impedir o fim do relacionamento;
  •  Está disposta a arcar com mais de 50% da responsabilidade, da culpa e das falhas em qualquer relacionamento;
  •  Sua autoestima está criticamente baixa. Acredita que deve conquistar o direito de ser feliz, e não simplesmente ser;
  •  Idealiza um relacionamento e não lida com a realidade da situação;
  •  Não tem atração por homens gentis, estáveis, seguros.
Não há mensalidades ou honorários a serem pagos para unir-se ao Mada. As contribuições são feitas de forma voluntária, e usa-se o dinheiro arrecadado para pagar o aluguel das salas, comprar livros referentes ao tema e manter os próprios módulos de literatura. Para participar, basta procurar a unidade mais próxima. De acordo com o grupo, “o Mada propõe à mulher recém- chegada que dê ao grupo e a si mesma uma chance, assistindo a seis reuniões consecutivas pelo menos, que serão  chamadas de "primeira vez", mesmo tendo dúvidas sobre se o grupo é o lugar apropriado para a sua recuperação. “Acredita-se que seis vezes são um bom tempo para que a recém-chegada possa decidir se existe identificação com a problemática do grupo e se quer trabalhar sua recuperação com o Mada”, dizem as representantes.

 

Durante as reuniões, são seguidos 12 passos, que acontecerão de acordo com a evolução da mulher que ama demais em sua recuperação. Além disso, as 12 tradições ajudam a manter a unidade do grupo. Apenas a própria mulher será capaz de avaliar se conseguiu se recuperar. “As características de quem deixou de amar demais são várias. A autoestima se torna alta. Ela passa a valorizar a própria serenidade acima de tudo. É protetora de si mesma, de sua saúde e de seu bem-estar. Quando um relacionamento é destrutivo, ela é capaz de abandoná-lo sem experimentar uma depressão mutiladora”, diz a literatura do grupo.

 

Perguntas frequentes sobre o grupo
 
Como receber ajuda?
Provavelmente, alguém falará sobre uma situação que se assemelha à sua. A partir de uma experiência pessoal, e sem dar conselhos ou fazer interpretações psicológicas, é oferecida ajuda. Mesmo que não encontre ninguém nas mesmas condições  que as suas, poderá se identificar com a forma com que muitas das mulheres sentem os efeitos que a dependência de pessoas produz em suas vidas.
 
Quem vai ao grupo precisa dizer alguma coisa? 
Não. Se preferir, pode somente escutar. A mulher é livre para escolher, mas a experiência indica que compartilhar com pessoas que entendem seu problema traz muito alívio. Guarda-se o que serve e descarta-se o resto.
 
Alguém saberá que estive aqui? 
Não. Recomenda-se respeitar o anonimato de cada participante. Usam-se apenas os nomes das mulheres. Não se fala das mulheres que participam das reuniões nem é repetido o que é ouvido delas. Protege-se também o anonimato daquelas pessoas das quais as mulheres são dependentes.
 
Trata-se de uma irmandade religiosa?
Não. Aceita-se a ideia de que há um poder superior, que nos ajuda a resolver os problemas e a encontrar a paz espiritual. A crença de cada mulher é uma questão pessoal e, portanto, respeitada como tal.
 
Quem dirige esse grupo? 
Todas as mulheres. Porém, para manter a ordem se conseguir um funcionamento uniforme, elegem-se as coordenadoras do grupo, que irão exercer suas funções. Todas trabalham como voluntárias para se manter o local organizado.
 
E agora, o que é que eu faço?
Para as Madas, tem sido útil assistir regularmente às reuniões de Mada, falar com alguém antes e depois das reuniões, entrar em contato com as demais companheiras, telefonar para elas entre uma reunião e outra, compartilhar os problemas com um grupo que as entende, respeita e não julga. É oferecido a você compreensão e solidariedade. Se, após seis reuniões, você decidir continuar participando dos encontros, o grupo Mada, de mútua ajuda, estará esperando por você, para podermos trabalhar todas juntas.
 
12 passos para a evolução
  1. Admitimos que éramos impotentes perante os relacionamentos e que tínhamos perdido o controle de nossas vidas
  2. Passamos a acreditar que um poder superior a nós mesmas poderia nos devolver a sanidade
  3. Decidimos entregar nossas vidas aos cuidados de Deus, na maneira como o concebíamos
  4. Fizemos um minucioso e destemido inventário moral de nós mesmas
  5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmas e perante outro ser humano a natureza exata de nossas falhas
  6. Dispusemo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse os defeitos do nosso caráter
  7. Humildemente, pedimos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições 
  8. Fizemos uma lista de todas as pessoas que prejudicamos e nos dispusemos a reparar os erros que cometemos com elas
  9. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem
  10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos erradas, nós o admitíamos prontamente
  11. Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato com Deus, na forma em que o concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade e forças para realizá-la 
  12. Graças a esses passos, experimentamos um despertar espiritual e procuramos transmitir essa mensagem a outras mulheres dependentes de pessoas. Procuramos praticar esses princípios em todas as nossas atividades. Nada, absolutamente nada acontece por equívoco no mundo de Deus. A não ser que eu aceite a vida totalmente do jeito que ela é, não poderei ser feliz. Preciso me concentrar menos no que é preciso mudar no mundo e mais no que eu preciso mudar em mim e nas minhas atitudes 
Endereços em Belo Horizonte
(em Betim, não existe mais)
 
Grupo Mada - BH 1
  •  Rua Aimorés, 1.123 - Funcionários - Belo Horizonte
  •  Clínica Espaço Aberto, próximo à igreja da Boa Viagem 
  • Reunião: segunda-feira, das 19h às 21h (aberto desde 15/5/2003)
  • E-mail: [email protected]
Grupo Mada - BH 2
  •  Rua Aimorés, 1.065, sala grande - Funcionários - Belo Horizonte 
  •  Centro Social Padre Paulo Rególio (próximo à igreja da Boa Viagem) 
  • Reunião: segunda-feira, das 14h30 às 16h30 (aberto desde 19/5/2003)
  • E-mail: [email protected]
Grupo Mada - BH 3
  •  Rua Aimorés, 1.065, sala grande - Funcionários - Belo Horizonte 
  •  Centro Social Padre Paulo Rególio (próximo à igreja da Boa Viagem) 
  • Reunião: quarta-feira, das 19h às 21h (aberto desde 4/2/2010)
  • E-mail: [email protected]

 

Origem
Baseado no livro "Mulheres que Amam Demais", de 1985, da autora Robin Norwood, o grupo Mulheres no Brasil, o primeiro grupo Mada, foi aberto em São Paulo, por uma mulher casada com um dependente químico, que se identificou com a proposta do livro. A primeira reunião ocorreu em 16 de abril de 1994. Em seguida, no Rio de Janeiro, em 6 de julho de 1999. O grupo Mada cresceu, e, atualmente, são realizadas mais de 45 reuniões semanais no Brasil, distribuídas em 14 Estados e no Distrito Federal, além de Carcavelos, em Portugal, e de Caracas, na Venezuela.
 
Para obter mais informações sobre o grupo, acesse o site http://www.grupomada.com.br

 




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