Rádio digital: vai acontecer?
POR: Tomás Brum*
Com o cronograma da digitalização do sinal da TV em pleno andamento e em dia, o foco agora volta-se para as rádios. Embora diversos testes já tenham sido feitos, o Brasil ainda não encontrou o padrão ideal para promover a digitalização das emissoras de rádio. Atualmente, existem dois considerados principais: o DRM (europeu) e o HD Rádio (norte-americano). Infelizmente, os testes realizados até o momento apontaram para um resultado insatisfatório em ambos os padrões, sobretudo quanto à área de cobertura. Isso porque não se conseguiu alcançar a mesma área que as emissões analógicas (atual). Para o Ministério das Comunicações, essa é uma questão inaceitável, já que, em vez de ampliar o acesso do rádio à tecnologia, quaisquer dos padrões promoveriam a sua exclusão. Tal análise, porém, parece um pouco superficial, uma vez que, com a digitalização, abre-se a possibilidade de ampliar, em dezenas de vezes, a capacidade de instalação de novas emissoras. Isso ocorre porque o compartilhamento de canais passaria é ser possível, o que ofereceria novas emissoras de rádio às cidades que hoje têm poucas ou até mesmo não possuem emissoras. Hoje, o que limita as instalações de novas emissoras, sobretudo, nos grandes centros, é a escassez de canais. É preciso obedecer a uma “distância” entre uma emissora e outra para que a transmissão de um canal não influencie negativamente no outro. Portanto, no padrão atual (analógico) não é possível o uso de canais vizinhos (adjacentes) a uma emissora já em funcionamento*. Já com a digitalização, é possível que diversas emissoras compartilhem o mesmo canal, pois quem fará a “separação” delas será o equipamento receptor (o seu “radinho”). Ele identificará uma “etiqueta” eletrônica na transmissão e o entregará àquela programação que você selecionou, descartando as demais. Essa mudança ainda deve demorar alguns anos, o que torna impossível, hoje, a previsão de quando o rádio analógico saíra do ar. Não há planos a curto e médio prazos para isso, mesmo porque, aí, entramos na “seara política”, onde os radiodifusores (proprietários de rádio) possuem bastante poder. Acredito que, antes da definição do padrão e das demais regras para a digitalização, a radiodifusão perderá espaço e importância considerável. Com isso, a discussão de um novo padrão perderá o sentido. Com a popularização e a melhoria da internet móvel, não demorará muito para que as pessoas passem a “ouvir” com eficiência as transmissões de “rádio” via internet, até mesmo em casos em que se esteja em um veículo em movimento. Isso quebra de vez a barreira geográfica que ainda perdura nas transmissões de rádios tradicionais e a falta de mobilidade das transmissões via internet.
**Entenda um pouco mais sobre os canais do rádio em: http://www.teleco.com.br/radio.asp.
*Engenheiro eletricista com especialização em telecomunicações.
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