Rapidez, eficiência e disciplina
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Criado em 24 de Julho de 2012
Esportes
A transposição de obstáculos usando a técnica do parkour se populariza cada vez mais; Betim é a primeira cidade do país a reconhecer a atividade como um esporte.
Superar os seus próprios limites. Essa é a filosofia dos praticantes de parkour (“percurso”, em português). Eles ignoram os muros, escalam prédios e fazem manobras que parecem impossíveis. Há uma divergência quanto de que modalidade a técnica pertence, mas Betim saiu na frente e, em 2009, foi a primeira cidade brasileira a reconhecer o parkour como uma prática esportiva.
A atividade foi criada no fim dos anos de 1980, na França, por David Belle e Sébastien Foucan. O objetivo é transpor bstáculos, como pontes, muros e carros, de maneira rápida, sem nenhum equipamento, usando apenas a habilidade do corpo. No fim da década de 90, os precursores começaram a divergir sobre seus ideais até se separarem por completo. Enquanto, para Belle, os movimentos devem ser simples e objetivos, para Foucan, o parkour é uma atividade livre, aberta a outras influências. O termo free running, então, foi criado por este e difundido como uma vertente do parkour mais acrobática e que per mite competições.
Em Betim, a primeira equipe começou a se formar no início de 2006, por um grupo de amigos que, por um ano, treinou e estudou a técnica. Em 23 de setembro de 2007, a equipe Parkour Taqui Dínamo (PKTD) foi fundada. A sigla PKTD tem o seguinte significado: PK é a abreviação usada para Parkour; T faz referência a “taqui”, um termo em grego que significa “rapidez”; D é a abreviação de “dínamo”, também em grego, que quer dizer “força”. Os praticantes são chamados de traceurs.
A equipe conta com a participação de traceurs de cidades vizinhas, como Belo Horizonte, Contagem e São Joaquim de Bicas. Há 83 registrados na associação, e 120, em média, treinam com a equipe, entre eles, homens e mulheres de 12 a 40 anos. Os representantes do esporte na prefeitura e fundadores da equipe são os jovens Jaime Rocha e Henrique Synfyx. Segundo eles, no ano passado, Betim sediou o 1º Encontro PKTD Família, que reuniu cerca de 300 praticantes. “O encontro foi um sucesso. Superou a expectativa de eventos nacionais, que recebem, em média, cem traceurs. Chamamos de encontro, pois o parkour não é uma competição. Apenas o free running, uma vertente da modalidade, é competitivo”, afirmam.
Os jovens explicam que, para tornar a atividade mais segura para os alunos, eles elaboraram uma estratégia de análise. “Quando você inicia os movimentos em algum lugar, primeiramente é preciso saber que você tem que deixar o espaço igual ou melhor do que você estava fisicamente. Em segundo lugar, temos que analisar três critérios: o visual e o tátil, para perceber se é seguro praticar a atividade ali, e iniciar o movimento para verificar a questão da segurança. Se não houver essa percepção, é melhor parar ”, ensinam.
Apesar de dar aulas, Henrique Synfyx explica que não se considera professor. “Não me graduei e nunca fiz curso de parkour. Larguei a faculdade de engenharia de produção para me formar em educação física, que se aproxima um pouco do meu trabalho. O que faço é passar minha experiência e trocar outras com os praticantes. Já viajei pelo Brasil todo para encontros, e eles foram fundamentais. A comunidade do parkour é muito unida. Se você posta na internet que vai a outro Estado participar de eventos, você só paga a passagem. A hospedagem fica por conta da população local que é vinculada à atividade”, conta.
Para Jaime, a modalidade chega a ser uma filosofia de vida. “O parkour é tudo que eu faço. Não importa se o obstáculo é um tronco de árvore de um metro ou uma prova de matemática. Se ele estiver em meu caminho, eu tenho que saber como superá-lo. O que faço me ajuda a criar estratégias e a me disciplinar também. Além do mais, o esporte lembra um pouco as artes marciais, mas, em vez da luta, prevê a fuga, que também pode ser uma aliada do combate”, revela.
O secretário de Esportes de Betim, Nei Lúcio, aponta a necessidade de a cidade investir sempre em esportes. “As modalidades esportivas são fundamentais para o desenvolvimento de qualquer ser humano e, observando a demanda do parkour na cidade, apostamos na ideia. Temos muitos grupos no município, inclusive o da Secretaria de Esportes, que já participou de vários eventos fora de Minas e realizou um grande encontro de parkour em Betim”, conta.
Free running
Em setembro, Betim sediará a primeira competição de free running organizada por brasileiros. O evento terá caráter internacional, e a participação de espanhóis e argentinos já está confirmada. As inscrições serão feitas mediante o envio de um vídeo de 40 segundos, sem cortes, mostrando as manobras mais rápidas, consecutivas e criativas que o traceur pode fazer. Os organizadores do evento vão selecionar os melhores para participar da competição.
Aulas de parkour
Interessados em praticar o esporte devem procurar o programa Viva o Esporte para Todos, com sede na rua Redelvim Andrade, 300, no bairro Angola.
Mais informações:
(31) 3531-2471 • 3593-9616
Documentos necessários para a inscrição:
Carteira de identidade ou certidão de nascimento
Uma foto 3×4
Comprovante de residência
Assinatura do responsável se o interessado for menor de 18 anos
Atestado médico para maiores de 18 anos e para pessoas com deficiência
Além do parkour, outras atividades estão disponíveis: iniciação esportiva, futsal, voleibol, basquete, handebol, ginástica artística, ginástica estética, taekwondo, jiu-jítsu, atletismo, rapel e atividades físicas adaptadas para pessoas com deficiência.