Sobre o leite

Equilíbrio

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Criado em 17 de Julho de 2015 Equilíbrio
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POR QUE NÓS, HUMANOS, somos a única espécie adulta a tomar leite? Contrariando a hipótese bem-aceita e difundida da medicina convencional, um estudo sueco divulgado recentemente aponta que o alto consumo de leite não reduz a ocorrência de fraturas ósseas e pode até aumentar o risco de morte. A pesquisa, realizada por cientistas da Universidade de Uppsala, na Suécia, e publicada no The British Medical Journal, mostrou que, tanto em homens, quanto em mulheres, observados por anos, o índice de mortalidade foi maior entre aqueles que tomavam mais de três copos de leite por dia (uma média de 680 ml) do que entre os que consumiam até um copo. Além disso, não foi observada a redução do risco de fraturas em nenhum dos participantes, resultado que contraria a velha e ultrapassada história de que o leite é importante na prevenção da osteoporose.
Outro exemplo é uma avaliação realizada em 2005, com a metanálise de 58 estudos, mostrando que não há relação alguma entre o consumo de leite, os níveis de cálcio e a saúde óssea. Então, por que será que os países com maior consumo de leite, como Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Oeste Europeu, são os que possuem a maior incidência de fraturas e osteoporose? Ao contrário da China, do Japão e da Tailândia, onde os produtos lácteos não fazem parte da dieta, motivo que justifica uma das mais baixas taxas de fraturas e de osteoporose do mundo.
Como então podem surgir tantos problemas? Vamos aos fatos: atualmente, as vacas leiteiras vivem cerca de seis anos (idade inferior à das suas antepassadas), e a produção de leite de hoje, comparada com a de 50 anos atrás, aumentou mais de 200%. Significa dizer que, em números, uma vaca que produzia 20 litros agora produz 60. Tudo isso decorre dos inúmeros processos químicos a que o animal é submetido. Além disso, o leite sofre contaminações por perclorato (responsável pelo bloqueio do iodo) e possui pesticidas - que agem como disruptores endócrinos -, hormônios e metais altamente tóxicos.
Frequentemente, tenho percebido a quantidade de indivíduos com concentrações acima da normalidade de alumínio, mercúrio, chumbo e tálio no sangue, e, sem exceção, todos relatam a ingestão de leite de vaca e de produtos enlatados. Leite de vaca natural para um animal ruminante, que nasce andando, com 73% do cérebro formado e se alimenta exclusivamente de capim e ração, possui a quantidade de sódio de sua progenitora cinco vezes maior do que a do ser humano. Curioso lembrar que algumas pessoas não usam cloreto de sódio (sal) para temperar a salada, porém bebem leite todos os dias. E tem mais: a quantidade de fósforo também é oito vezes maior. É como digo sempre: tudo em excesso faz mal da mesma maneira que a falta. Por fim, o processo de pasteurização que o leite sofre é feito a uma temperatura superior a 180Cº graus, o que ocasiona a desnaturação de grande parte de suas proteínas.
Sempre menciono aos meus pacientes que nem tudo o que ingerimos nós absorvemos. Com o leite da vaca não é diferente. O cálcio presente nele não pode ser absorvido em quantidade superior a 32%. Assim, os 68% restantes são depositados na carótida, na coronária ou nos rins. As tão faladas lactose e galactose (produto da quebra da lactose), tipos de açúcares presentes nessa bebida saudável apenas para o bezerro, aumentam o estresse oxidativo em nosso organismo, ocasionando inflamação crônica, fenômeno que leva ao surgimento de doenças como câncer, exemplo relatado em estudo feito pela melhor universidade de medicina do mundo. Mulheres que tomavam dois ou mais copos de leite ao dia apresentaram um aumento de 66% da probabilidade de desenvolver câncer no ovário (Harvad School Of Public Health).
Não poderia deixar de mencionar mais um estudo da Neuroepidemiology que correlacionou pessoas que consomem o leite de vaca com a apresentação do dobro de chances de adquirirem esclerose múltipla, ELA, alergias, síndrome do intestino irritável e hipotireoidismo de Hashimoto. Será que foi por isso que a incidência dessas comorbidades dobrou nas últimas décadas? Terminei? Ainda não! Estudo feito por Pozzilli e publicado no Journal of Endocrinological Investigation, em 1999, verificou que, nos países onde havia o consumo de leite, a incidência de diabetes e de câncer de mama era amplamente maior do que em locais onde não se consumia o produto. Concluo este artigo com uma frase de um médico americano mundialmente conhecido, doutor Willet: “Produtos lácteos não deveriam ocupar lugar de destaque na nossa dieta, tampouco deveriam fazer parte de uma estratégia nacional na prevenção da osteoporose”.
 
*Médico esportivo e nutrólogo com especialização em nutriendocrinologia
Endereço: avenida Afonso Pena, 3.924, sala 306, bairro Mangabeiras
Contato: (31) 3234-7622 ou (31) 8408-4114

 




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