Um inimigo atrás da tela do computador

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Criado em 15 de Junho de 2012 Crimes Cibernéticos
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Na era da comunicação virtual, estamos mais conectados ao mundo, e o mundo está mais facilmente conectado a nós. Cerca de 80 milhões de brasileiros, hoje, possuem acesso à internet. É preciso, contudo, ter cuidado com a vulnerabilidade com que nossos dados são expostos; a internet está sendo cada vez mais usada para se cometerem crimes.

De acordo com a Delegacia Especia- lizada de Investigações de Crimes Cibernéticos de Minas Gerais (Deicc), foram registrados, nos últimos dois anos, no Estado, 819 ocorrências de crimes virtuais. A Deicc afirma não existir um perfil alvo de vítima e considera que todo crime que utiliza a internet para ser praticado é virtual. Os mais comuns são os crimes contra a honra (calúnia, difamação, injúria) e o estelionato.

Segundo informações divulgadas pelo Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança (Cert), o Brasil registrou quase 400 mil ataques a computadores apenas em 2011. Cerca de metade deles ocorreu por meio de páginas falsas criadas para roubar dinheiro dos usuários. A outra metade das notificações corresponde quase completamente ao vírus “cavalos de Troia”, que conseguem capturar dados de contas bancárias quando elas são acessadas.

A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) divulgou que as fraudes bancárias que atingiram clientes custaram R$ 685 milhões aos bancos só no primeiro semestre de 2011, 36% a mais do que no mesmo período em 2010.

Alvo da criminalidade, a comerciante Ana Maria Costa, 43, conta que, há dois anos, teve sua conta bancária invadida após acessar o site de seu banco em uma lan house. “As movimentações feitas pelos

criminosos me renderam um prejuízo de R$ 5.000. Infelizmente, a falta de informação me fez acreditar que seria impossível recuperar o dinheiro ou encontrar os criminosos. O banco me alertou para minha visita à lan house”, conta. Do episódio ficou um alerta para o perigo do uso de dados pessoais na internet, principalmente em locais públicos.

 

Para a professora de sociologia Andréa Maria da Silva Araújo, a sensação de impunidade aumenta os crimes virtuais. Isso porque as pessoas ainda veem o mundo virtual como não real, ou seja, como fantasia. A socióloga informa que a prática mais comum de crimes entre os jovens reúne ações de discriminação chamadas cyberbullying. “As pessoas acham que estar atrás de uma tela de computador torna a realidade fictícia, quando, na verdade, não é. A legislação já permite a investigação dos rastros cibernéticos para encontrar o criminoso. Sou professora do ensino médio e vejo como o cyberbullying é comum. Trata-se do uso da tecnologia da informação para, de forma covarde, ameaçar, humilhar e intimidar uma pessoa. O local mais popular entre as mídias sociais são o Orkut, o Facebook, o Twitter e o MSN. Esse problema tem sido discutido em nível mundial, não somente pelas autoridades, mas também pelas famílias dos jovens e dentro das escolas”, destaca.

O inspetor Robson Tadeu Pereira, da Delegacia Especializada de Investigações de Crimes Cibernéticos, também acredita que o aumento dessa modalidade de crime está, em muitos casos, relacionado ao fato de os criminosos acreditarem que estão protegidos pela tela do computador. “Existe uma falsa sensação de anonimato na rede, e as pessoas apostam na impuni- dade, sem saberem que é possível rastrear os crimes. O aumento dessa modalidade também se deve ao fácil acesso. Hoje, as pessoas se expõem muito, e isso facilita os crimes na internet. Ele dá instruções de como o usuário deve proceder caso seja vítima de algum crime “Sendo vítima, você deve agrupar o maior número de comprovações possíveis do fato e se encaminhar à delegacia. Se você sofreu cyberbulling, por exemplo, por e-mail ou alguma rede social, você deve imprimir a página com cabeça- lho completo dos dados do possível autor e trazer para a delegacia. A partir daí, você vai ser ouvido em cartório, e as providências para que se deem a investigação e a in- dicação de autoria serão tomadas”, explica.

O inspertor ainda diz que a maior prevenção é estar sempre atento. “A internet é um ótimo veículo, e não podemos nos privar dele. O que devemos fazer é ficar sempre atento, nos expormos ao mínimo. No caso das famílias que possuem filhos que acessam a internet, também é preciso ficar de olho. Não pode haver a privacidade do jovem. Os pais devem analisar os acessos”.

AVANÇOS LEGISLATIVOS

No calor do caso da atriz Carolina Dieckman, que teve seu computador rackeado e fotos nuas divulgadas na internet no mês de maio, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de lei 2.793/11, de autoria do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que tipifica crimes cibernéticos. A proposta estabelece que aquele que devassar o computador alheio, conectado ou não à rede, ou ainda adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização do titular poderá ser condenado à prisão de três meses a um ano e multa.

O projeto considera invasão também a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, informações sigilosas assim definidas em lei ou o controle remoto não autorizado do eletrônico invadido. Nesse caso, a pena será a de reclusão de seis meses a dois anos e multa, aumentando um terço da metade se o crime for cometido contra o presidente da República, governadores e prefeitos, presidente do Supremo Tribunal Federal, presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara de Vereadores, ou ainda de dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. Segundo o texto, a pena se torna mais rígida.

Dicas:

Instale antivírus no seu computador e deixe-o sempre atualizado;

Nunca forneça dados pessoais ou senhas a desconhecidos;

Não aceite pessoas em redes sociais se o conteúdo da página o deixar desconfortável;

Não responda a comentários ou conteúdos ofensivos;

Nunca aceite conhecer os amigos virtuais pessoalmente;

Desative a opção que salva senhas no seu computador;

Evite usar dados pessoais em computadores de lan houses;

Fique sempre atento.




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