Um lenço, um gesto solidário
FLÁVIA FREITAS
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Criado em 15 de Maio de 2014
Bom Exemplo
A jornalista Flávia Freitas prepara-se todas as quintasfeiras para conquistar novos doadores de medula óssea
Betinense incentiva, via redes sociais, a doação de medula óssea
Pollyanna Lima
LENÇO NA CABEÇA E SORRISO NO ROSTO. É assim que a jornalista Flávia Freitas, 31, prepara-se todas as quintas-feiras para conquistar novos doadores de medula óssea. Ela é a idealizadora da “Quinta do Bem”, uma campanha que incentiva a doação de medula por meio de fotos divulgadas nas mídias sociais. O objetivo é despertar e sensibilizar as pessoas para a importância desse gesto de solidariedade que é capaz de salvar vidas.
O projeto surgiu após o diagnóstico de dois casos de leucemia na família de Flávia. “Meu irmão, Anderson, faleceu, em 2000, com 18 anos, e minha prima, Ana Paula, em 2012, com 31”, conta a jornalista. “Durante o tratamento da minha prima, houve a necessidade de encontrar um doador fora da família, pois nenhum parente era compatível com ela. Para mobilizar e incentivar o cadastro de doadores, criamos a campanha. Todas as quintas-feiras, as mulheres usam um lenço na cabeça e os homens, uma fita vermelha no braço. Para divulgar a ação, pedimos às pessoas que postem as fotos de apoio nas redes sociais. Escolhi usar o lenço porque é um utensílio muito simbólico para as mulheres que fazem tratamento (também era uma forma de a Ana Paula se sentir amada e acolhida). Para os homens não ficarem de fora, tive a ideia de eles amarrarem uma fita no braço”, completa Flávia.
A procuradora Silvana Machado e administradora de empresas Antônia Adelia Freitas, que é mãe de Flávia, são apoiadoras da campanha “Quinta do Bem”
A “Quinta do Bem” já ganhou tantos adeptos que, em sua página do Facebook, Flávia tem recebido fotos de pessoas de várias regiões do Brasil e de outros países. “A campanha virtual extrapolou as redes e eu, familiares e amigos, de forma voluntária, também realizamos, por duas vezes, em 2011 e em 2013, campanhas físicas, que aconteceram em parceria com o Hemominas Betim. Nesses dois eventos, conseguimos cadastrar 550 pessoas. Pelas redes sociais, já perdi a conta de quantas se cadastraram em razão de terem se sensibilizado. Percebo que essa ação vem conquistando multiplicadores em várias cidades brasileiras e no exterior, transformando pessoas em agentes ativos e participativos da campanha de mobilização. Isso é muito bom, pois sabemos que, quanto mais doadores, mais pacientes terão a chance de encontrar uma medula compatível e se curar”, explica. O sucesso foi tanto que Flávia foi indicada a participar, na categoria cidadania, do “Prêmio Bom Exemplo”, uma iniciativa coordenada pela TV Globo Minas e pela Fundação Dom Cabral. Ela ficou entre os cinco finalistas do concurso.
A procuradora municipal Silvana Machado, 55, é uma das apoiadoras. Além de se cadastrar no Hemominas, tornando-se família e, principalmente, a minha filha Flávia, forças para transformar essa dor em um gesto de solidariedade”, conclui. potencial doadora, ela procura divulgar o projeto e incentivar novas pessoas a participar. “Tomei conhecimento do projeto a partir de uma campanha de incentivo ocorrida na Prefeitura de Betim, quando a Ana Paula, prima da Flávia, procurava material compatível com o dela. Já conhecia a história familiar da Flávia e o sofrimento da família com a doença do Anderson, irmão dela. Cadastrei-me como doadora desde que a Flávia e a própria Ana Paula, com apoio do Hemominas, promoveram a campanha. Hoje, participo do projeto divulgando a ação nas redes sociais”, conta a promotora.
A administradora de empresas Antônia Adelia Freitas, 54, é mãe de Flávia e também apoiadora da “Quinta do Bem”. “Participo de campanhas de cadastro para doação de medula óssea desde 2004. Desde essa época, unimos esforços, junto ao Hemominas, à Prefeitura de Betim, à PUC Betim, a minha família e à família do Maylon (portador de leucemia), com o objetivo de achar um doador para o Maylon, para uma criança de nome Pedro, além de buscar desmistificar, difundir e disseminar a coleta e o cadastro para doação
de medula. Nessa época, por meio da campanha, conseguimos cadastrar cerca de 5 mil pessoas em Betim e região. E, desde que minha filha idealizou a campanha, participo e apoio, pois sei que atitudes como essa são capazes de salvar muitas vidas. “Apesar da perda irreparável de meu filho e da minha sobrinha, Deus misericordioso concedeu a nossa família e, principalmente, a minha filha Flávia, forças para transformar essa dor em um gesto de solidariedade”, conclui.
Fotos: Muller Miranda
SEJA VOCÊ TAMBÉM UM DOADOR:
Procure um Hemocentro, em Belo Horizonte, ou no caso de Betim, o Hemominas (localizado atrás do Hospital Regional) e faça o cadastro de possível doador de medula óssea. Será feita apenas uma coleta de sangue (como se você estivesse realizando uma coleta para exame de sangue). Quando encontrarem algum paciente com a mesma compatibilidade que a sua, será feito contato para iniciar os procedimentos para a doação.
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