Verdade! Um diamante com várias faces

POR Lucas Fortunato Carneiro

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Criado em 11 de Julho de 2013 Comportamento
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Dessa forma, o diálogo força cada pessoa a ser methórios, como define o filósofo judeu Filão de Alexandria (25 a.C.), isto é, aquele que se localiza na fronteira, mas está bem posicionado em seu território, que consegue enxergar para além dos confins do horizonte e possui um ouvido para escutar as razões do outro.
 
Ensina a antiga sabedoria oriental: “a verdade é semelhante ao diamante: é uma só, mas tem várias faces”. Debaixo do céu tudo pode ser verdade, desde que os argumentos sejam convincentes. Eis o dilema que vivemos hoje: como considerar algo verdadeiro? Quais são os parâmetros para elegermos uma verdade que vai nortear nossa conduta e nossa práxis no cotidiano?
 
Buscando responder a essas questões fundamentais, o diálogo surge como algo surpreendente e inovador. Digo inovador porque presencio a cada dia a falta dele nas relações, sejam elas quais forem. Devemos entrecruzar o “diá” dos discursos com o “logos” da racionalidade. Como praticar esse entrecruzamento hoje? Será que manifestações públicas, como a que assistimos em São Paulo, na qual a população pede a redução do preço do transporte público ou se coloca contra a inauguração de arenas de futebol com gastos exorbitantes, podem dialogar? Acredito que para muitos isso é impossível, pois é contraditório ver o povo sofrendo tanto e o governo gastando exageradamente em eventos que, talvez, para muitos, não faça sentido e, muito menos, tragam benefício algum.
 
O filósofo Pascal (1623-1662) cunhou o termo chercher-trouver, que, traduzindo, significa “procurar-encontrar”. Atualmente, com os contrastes entre idosos e jovens, adultos e crianças, pobres e ricos, mulheres e homens, o movimento de “procurar-encontrar” apresenta-se como um desafio muito grande. Assim, podemos utilizar nossa compreensão sobre a verdade. Todos buscam encontrar sua verdade, da mesma forma como um diamante, que possui várias faces. A verdade também possui inúmeras faces, que, dependendo do seu uso, podem causar desastres. O diálogo nesta busca é caminho de respeito pelo outro e pela convicção daquilo que defendemos.
 
Dessa forma, o diálogo força cada pessoa a ser methórios, como define o filósofo judeu Filão de Alexandria (25 a.C.), isto é, aquele que se localiza na fronteira, mas está bem posicionado em seu território, que consegue enxergar para além dos confins do horizonte e possui um ouvido para escutar as razões do outro.
 
Devemos promover momentos de diálogo, principalmente, conosco mesmos. Primeiro, devo conhecer o que tenho no meu interior para, depois, partir para o encontro verdadeiro com meu próximo.
 
Portanto, caro leitor: “conhece-te a ti mesmo”, não como teoria ou meditação. Deve ser práxis relacional, deve ser caminho, entrega constante na infinita arte de “ouvir”.
 
*Educador, graduado em filosofia pela PUC Minas, graduando em teologia e pós-graduando em psicopedagogia pela Fumec - [email protected]http://lucasfortunato.blogspot.com.br/



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